Deus não cessa de bater à nossa porta – Bento XVI

O homem é a única criatura livre de dizer “sim” ou “não” à eternidade, ou seja, a Deus. O ser humano pode apagar em si mesmo a esperança, eliminando Deus da sua própria vida. Como é que isto se pode verificar? Como pode acontecer que a criatura “feita por Deus”, intimamente orientada para Ele, a mais próxima do Eterno, possa privar-se desta riqueza? Deus conhece o coração do homem. Sabe que quem O rejeita não conheceu o seu verdadeiro rosto, e por isso não cessa de bater à nossa porta, como peregrino humilde em busca de hospitalidade. Eis por que motivo o Senhor concede um novo período à humanidade: a fim de que todos possam chegar a conhecê-lo! Este é também o sentido de um novo ano litúrgico que tem início: é uma dádiva de Deus, que deseja novamente revelar-se no mistério de Cristo, mediante a Palavra e os Sacramentos. Através da Igreja, deseja falar à humanidade e salvar os homens de hoje. E fá-lo, indo ao seu encontro para “procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). Nesta perspectiva, a celebração do Advento é a resposta da Igreja Esposa à iniciativa sempre nova de Deus Esposo, “que é, que era e que há-de vir” (Ap 1, 8). À humanidade que já não tem tempo para Ele, Deus oferece mais tempo, um novo espaço para que volte a entrar em si mesma, a fim de que se ponha novamente a caminho, para reencontrar o sentido da esperança.

[…]

O que é que faz progredir o mundo, a não ser a confiança que Deus tem no homem? É uma confiança que encontra o seu reflexo nos corações dos pequeninos e dos humildes quando, através das dificuldades e dos afãs, se comprometem todos os dias a fazer o melhor que podem, a realizar o pouco de bem que contudo aos olhos de Deus é muito: na família, no lugar de trabalho, na escola e nos vários âmbitos da sociedade. No coração do homem a esperança está inscrita de maneira indelével, porque Deus nosso Pai é vida, e é para a vida eterna e bem-aventurada que nós fomos criados.

Bento XVI,
Homilia na Celebração das Primeiras Vésperas do Advento
1º de dezembro de 2007

Te amo, ó meu Deus

sacre-coeur-pequena
Sacré-Coeur, Paris. Clique para ampliar

Te amo, ó meu Deus, e meu único desejo
é amar-Te até o último suspiro de minha vida.
Te amo, ó Deus infinitamente amável,
e prefiro morrer amando-Te
a viver um só instante sem te amar.
Te amo, Senhor, e a única graça que Te peço
é a de amar-Te eternamente.
Meu Deus, se a minha língua
não puder dizer a todo instante que Te amo,
quero que o meu coração o repita a Ti
tantas vezes quantas vezes eu respirar.
Te amo, ó meu Divino Salvador,
porque sei que foste crucificado por mim
e me tens aqui embaixo [quaggiù] crucificado conTigo.
Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Te
e sabendo que Te amo. Amen.

[São João Maria Vianney, apud Bento XVI nas Segundas Vésperas da Solenidade do Santíssimo Coração de Jesus]