Dai-nos a bênção, ó Virgem Mãe…

No dia da Imaculada, fui ao Morro da Conceição, aqui em Recife, onde existe uma festa muito antiga e muito conhecida. Lembro-me de que meus pais iam ao morro quando eu era pequeno e me levavam; deixei de ir quando entrei na adolescência (por não ter “mais paciência” para essas coisas) e, após reencontrar a Fé da minha infância, não tinha ainda voltado ao morro na festa da Imaculada. Fui lá este ano, pela primeira vez depois de uns dez anos… é bonito ver “a fé do povo”, uma fé simples, mas viva, manifestada nas procissões, nas pessoas que assistem à Santa Missa, nas imagens da Virgem compradas, nas promessas pagas (pessoas vestidas de azul e branco), nas músicas cantadas: “Dai-nos a bênção, ó Virgem Mãe! / Nossa Senhora da Conceição…”.

Primeiro, fui com meus pais aos pés da Virgem Santíssima. Renovar-Lhe o meu afeto e a minha consagração, colocar-me – mais uma vez – a Seu serviço e a Seu inteiro dispôr, como escravo inútil (que, mais que isso, não posso ousar ser). Depois, desci até o Sítio da Trindade, aos pés do Morro, de onde ia sair a procissão – lá os meus pais me deixaram, pois não tiveram coragem de acompanhar o povo. Fui eu, representando a família.

Encontrei um jovem sacerdote de batina e barrete – tinha que ser o pároco, de quem eu já tinha ouvido falar: o padre Josivan. “Padre, sua bênção. O senhor é o pároco?”. Sim, era ele. Um amigo sacerdote de outro estado – que estudou com o pe. Josivan no seminário – sempre me perguntava dele, e eu sempre respondia que, embora soubesse onde fica o morro, não conhecia o pároco. Ontem, mandei-lhe lembranças… mas a procissão já se preparava para sair. Acompanhada no trajeto pela polícia militar, pelo padre, por alguns grupos de movimentos da Igreja (terço dos homens, Legio Mariae, etc), seguia a Virgem SSma. em direção ao morro, e eu A ia seguindo, terço em punho, recitando-Lhe o Santíssimo Rosário.

Mais ou menos uma hora depois, chegamos ao alto do morro, onde a imagem da Virgem foi colocada no palco (preparado para a missa campal) e iniciou-se a Santa Missa, celebrada por Sua Excelência Reverendíssima Dom José Cardoso Sobrinho. Na homilia, a explicação dos textos bíblicos recém-proferidos: como Deus prenunciou a vitória da Virgem Maria lá no Gênesis, e como o Anjo chamou a Virgem Santíssima de “cheia de Graça” – dando assim testemunho da Sua Imaculada Conceição. Uma bela homilia (as aspas não são literais, porque cito de memória; mas, as idéias, são essas sim): “o Papa [Paulo VI] disse que o culto à Virgem Maria é essencial ao cristianismo. Portanto, quem rejeita a Virgem Maria está rejeitando o Cristianismo, porque rejeita uma parte que lhe é essencial”; “não precisamos ter escrúpulos ao rezar à Virgem Maria, pensando que talvez estejamos dando mais atenção a Ela do que a Jesus: não, meus irmãos, isso não existe”; “o católico que se esforça para viver a sua Fé é, automaticamente, um bom cidadão; o bem da sociedade, portanto, alcança-se quando se vive fielmente a Doutrina da Igreja”; “foi por Maria que Jesus veio até nós, e é por Maria que nós devemos ir a Deus”.

Enfim! Após a Santa Missa, voltei para casa, cansado, mas feliz. Como toda festa pública, existe o “lado profano” da festa do Morro – os bares abertos com músicas de baixíssimo nível, as pessoas que lá iam para “se divertir” e não para rezar, etc. -, mas alegrei-me ao descobrir que ainda é possível rezar à Nossa Senhora da Conceição, acompanhando o povo, participando das celebrações, ajoelhando-se aos pés da imagem da Imaculada. Que Ela nos abençoe a todos; que, por Seus méritos, digne-Se Ela conduzir-nos por este mundo com os olhos fitos na Eternidade, para que, caminhando entre as coisas que passam, não abracemos senão aquelas que não passam.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição,
Rogai por nós!

P.S.: ontem foi publicada no Veritatis Splendor a História do Dogma da Imaculada, por frei Pascual Rambla; para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a Imaculada Conceição da Virgem Maria.

P.S. 2: um grupo de romeiros que se dirigia – a pé – ao morro da Conceição para as festividades de ontem foi vítima de um acidente na madrugada da segunda-feira; sete deles morreram. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição possa receber no Céu aqueles que partiram da terra enquanto se dirigiam para a festa d’Ela. Requiescant in pace.

O Natal e a Paixão

Iniciamos o advento, preparando-nos para comemorar o Natal de Nosso Senhor. A cor litúrgica desta época do ano – o roxo – lembra-nos um outro tempo litúrgico que iremos vivenciar mais à frente: a Quaresma. À primeira vista, contudo, parece não haver similaridade entre o Advento e a Quaresma: no primeiro, estamos à espera do Nascimento do Salvador e, no segundo, da Sua Paixão, Morte e Ressurreição. O que o Nascimento de Cristo tem a ver com a Sua Morte e Ressurreição?

A mim, afigura-se como se a Igreja quisesse envolver-nos todos no Mistério da Encarnação em Sua totalidade, remetendo, no Natal do Salvador, à Sua Dolorosa Paixão; a penitência que fazemos ao longo destas quatro semanas incompletas deixa entrever isso, unindo os dois tempos litúrgicos que estão logicamente unidos (afinal, Jesus não morreria na Cruz se não tivesse um dia nascido, e Ele nasceu para nos resgatar com o Seu preciosíssimo Sangue – o que só se consumou no alto do Calvário). Ademais – não nos esqueçamos -, foi diante de Jesus Menino que Simeão disse à Virgem Santíssima que uma espada iria transpassar-Lhe a alma (cf. Lc 2, 35), de novo aludindo, no meio dos festejos natalinos, às dores da Semana Santa.

É-nos bastante comum pensarmos na Cruz como a consumação do Sacrifício de Cristo, que perdoou os nossos pecados – e é correto pensarmos assim. No entanto, muitas vezes nos esquecemos que este Sacrifício começou trinta e três anos atrás: começou com um recém-nascido envolto em faixas e colocado em uma manjedoura. Quando o Verbo Se fez carne. Quando a Divindade assumiu a nossa humanidade. É sem dúvidas humilhante e indigno da Majestade Divina que um Deus Eterno assuma um corpo material; mas, ao contrário, que grande honra é para a Humanidade poder contar, entre os seus membros, com um Deus! Sim, é já no Nascimento do Salvador que a Humanidade começa a ser elevada; se ela ainda não se poderia considerar redimida, estava já sem dúvidas muitíssimo bem representada.

O Divino Sangue que pagou pelos nossos pecados foi aquele vertido na Cruz do Calvário; mas o Salvador por outras vezes verteu o Seu Sangue Precioso, o que já seria suficiente para satisfazer a Justiça Divina ofendida pelo pecado. Em particular, no Horto das Oliveiras, quando Jesus suou sangue; comentando sobre esta passagem, diz-nos São Padre Pio:

É o sangue do seu Filho Bem-Amado que caiu sobre a Terra para a purificar. É o Sangue do seu Filho que ascende ao Seu trono para reconciliar a Justiça ultrajada. A alegria é na verdade muito mais veemente do que a dor.

Jesus chegou então ao fim do caminho doloroso?

Não. Ele não quer limitar a torrente do seu amor! É preciso que o homem saiba quanto ama o Homem-Deus. É preciso que o homem saiba até que abismos de abjeção pode levar amor tão completo. Embora a Justiça do Pai esteja satisfeita com o suor do Sangue preciosíssimo, o homem carece de provas palpáveis deste amor.

O homem precisa de provas do Amor de Deus! Mil e uma maneiras poderia encontrar Nosso Senhor para reconciliar o homem com Deus; não só o sangue do Getsêmani, como também, muitos anos antes, o sangue que o Menino Jesus derramou na Sua circuncisão. Mas Ele quis amar até o fim, até a Cruz.

Olhemos para o Nascimento do Deus Menino, com os olhos fitos na Cruz do Calvário: olhemos para o Sacrifício em favor de nós, iniciado quando o Verbo resolveu fazer-Se carne. Olhemos para a Paixão iniciada três décadas antes de se consumar no alto do Gólgota. Olhemos para o amor deste Deus que é capaz de fazer tantas coisas por amor a nós. E, verdadeiramente contritos, esperemos com alegria o nascimento do Deus Menino, vivendo bem este tempo de preparação, a fim de que possamos um dia encontrar Aquele que nasceu, viveu e morreu por amor de nós. Que a Virgem Maria, Mãe do Verbo Encarnado, conceda-nos a graça de um santo advento.

Idolatria na Igreja Católica

Nas minhas andanças pela internet descobri um curioso texto, escrito supostamente por um católico e divulgado por protestantes, chamado Tratado da Verdadeira Devoção – escrito por um católico. Não, não é o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem de São Luís de Montfort (este era o que eu estava procurando). Trata-se de um texto herético protestante (mesmo que se diga “escrito por um católico”, se for verdade, o tal católico que escreveu é de facto um herege protestante) onde o autor se esmera para provar a idolatria da Igreja de Cristo. O assunto é tão velho que já está gagá, mas vou me deter n’alguns comentários sobre esta obra específica por causa das referências ao Tratado verdadeiro, o de São Luís Maria.

Começa o texto com o velho blá-blá-blá sobre se “adoração” e “veneração” são a mesma coisa. Na Doutrina Católica, é óbvio que não são; se “todos dicionários colocam veneração como sinônimo de adoração” (op. cit., p. 3) eu não sei se é verdade mas, ainda que seja, não faz nenhuma diferença, porque é evidente que um dicionário não é o lugar adequado para se buscar o sentido de termos teológicos específicos da Doutrina Católica. Esta tem dois mil anos e não tem nenhuma obrigação de “se adequar” às exigências dos dicionários, pois os católicos sabem que a Doutrina se aprende no catecismo; se os protestantes querem aprender teologia no dicionário é problema deles, e só vai fazer com que eles não entendam nunca o que a Igreja está dizendo.

Acerta o autor do livreto quando diz que “veneração é ato de culto” (op. cit., p. 2) mas erra ao dizer que isso, por si só, já caracteriza a existência de idolatria. Como todo protestante, ele só aceita que exista culto de adoração. O que, dentro da Teologia Católica, é falso, pois existe o culto de latria devido a Deus e o culto de dulia devido aos santos e às imagens dos santos. Portanto, nem todo culto é culto de latria, e “revelar” que a Igreja cultua os santos é descobrir o sol ao meio-dia no céu límpido. As citações de diversas passagens bíblicas onde “venerar” (ou “honrar”, ou “cultuar”, ou qualquer coisa parecida) é usado no sentido de “adorar” são irrelevantes, primeiro porque as traduções portuguesas modernas não necessariamente contemplam a terminologia grega ou hebraica original com esta fidelidade farisaica que exige o autor da obra e, segundo (e muito mais importante), porque o sentido das palavras é evidentemente mais importante do que as palavras em si. Os católicos aceitam que se diga “venerar a Eucaristia” no sentido de latria. Mas, em contrapartida, exigem que seja aceito “venerar a Virgem Santíssima” no sentido de dulia.

O mesmíssimo vale para a citação do II Concílio de Nicéia (sobre adorar/venerar as imagens). A interpretação dada pelo “católico” sobre as passagens do Apocalipse onde São João adora um anjo e dos Atos dos Apóstolos onde Cornélio adora São Pedro é completamente estapafúrdia:

Na verdade, tanto João como Cornélio não tentaram adorar com adoração de latria, pois eles sabiam que o anjo e Pedro eram criaturas, e que, portanto, não poderiam ser adoradas. Eles queriam, na verdade, venerá-las, ou seja, prestar-lhes adoração de honra.

Contudo, vimos a Palavra de Deus advertindo que a adoração, seja de latria ou de dulia (de honra), só são devidas a Deus. Ou seja, que a veneração (como é popularmente conhecida a adoração de honra) só pode ser dada a Deus. Portanto, venerar uma criatura (um anjo ou um santo) é idolatria, sobretudo se a veneração coloca o santo no lugar de Deus. [op. cit., p. 5; grifos no original]

Se a “veneração” coloca o santo no lugar de Deus ela, por definição, é latria e não dulia, de modo que a frase não tem nenhum sentido. Agora, se “venerar uma criatura” for sempre idolatria, então o autor da obra difamatória vai precisar explicar por que a Bíblia manda, p.ex., honrar os velhos (cf. Lv 19, 32), por que o Templo era “venerado no mundo inteiro” (IIMac 3, 12), por que Jacó se prostrou diante de Esaú (cf. Gn 33, 3), por que o carcereiro “lançou-se trêmulo aos pés de Paulo e Silas” (At 16, 29), por que “José celebrou, em honra do seu pai, um pranto de sete dias” (Gn 50, 10), por que Lot prostrou-se diante dos dois anjos que chegaram a Sodoma (cf. Gn 19, 1), ou ainda por que Deus prescreveu: “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20, 12), entre muitas outras coisas. Donde se vê a que absurdas contradições chega o livre-exame das Escrituras, tomando textos isolados, misturando-os com preconceitos e desprezando quer a Tradição da Igreja, quer o próprio conjunto dos demais livros da Bíblia.

Segue o suposto “católico” com uma enorme lista de “[t]extos oficiais da Igreja Católica admitindo (sic) a adoração de imagens” (op. cit., pp. 5-10). De novo a mesma coisa: o pressuposto de que toda veneração é adoração, de que adoração é uma palavra que só pode ser usada no sentido de latria, de que a Igreja é alguma espécie de idiota que não sabe nem mesmo o que Ela própria diz. Não é sequer concedido a Igreja o beneplácito de ter a Sua Doutrina julgada da maneira que Ela mesma a entende; o protestante pega textos católicos, interpreta-os com um sentido expressamente contrário àquele que a Igreja lhes dá, e quer com isso mostrar como Ela é idólatra. Um esforço gigantesco e inútil, pelo simples fato de que a Igreja não entende os Seus textos do mesmo jeito que os entende o “teólogo dos dicionários”.

Adoração é latria, é daí que vem a palavra “idolatria” (que significa “adoração a ídolos”), e se a Igreja deixa claro que existe uma coisa chamada “latria” e uma outra coisa chamada “dulia”, então é porque Ela diferencia as duas coisas, e não é intelectualmente honesto dizer que Ela as considera ambas iguais. O máximo que os protestantes podem fazer é tentar provar que tanto a latria quanto a dulia são proibidas pelas Escrituras Sagradas. Só que isso é impossível, porque até as mais criativas exegeses (como a acima citada, de São João e de Cornélio) são incapazes de explicar o conjunto das Escrituras Sagradas, onde vemos, sim, criaturas sendo honradas o tempo inteiro.

As páginas subseqüentes são fruto de uma leitura seletiva do Tratado da Verdadeira Devoção à SSma. Virgem de São Luís Maria Grignion de Montfort. O autor do livreto dá às palavras do santo um sentido expressamente condenado por ele – coisa, aliás, muitíssimo parecida com o expediente de fazer a Igreja “admitir” que adora imagens. É como se alguém dissesse “o sol ilumina e o fogo queima, mas a lua pode refletir a luz do sol e, por isso, também ilumina, e o ferro pode ficar em brasas se em contato com o fogo e, portanto, também queima”. Daí o gênio sentenciasse: ah! Ele diz que a lua ilumina, mas só o sol ilumina e, por isso, ele diz que a lua é sol! Ele diz que o ferro queima, mas todo mundo sabe que só o fogo queima e, portanto, ele diz que o ferro é o fogo! É em um “raciocínio” estritamente análogo a isto que se baseia o “católico” escritor do livreto. Afinal, São Luís de Montfort deixa claro, por diversas vezes, que as qualidades atribuídas à Santíssima Virgem o são por graça, por causa de Deus, e não por “natureza” ou por poder próprio. Lembra repetidas vezes que Maria é uma criatura e não o Criador. Mas as suas palavras encontram os ouvidos surdos (ou os olhos analfabetos) do suposto católico que não quer saber de outra coisa que não atacar, per fas et per nefas, a Doutrina da Igreja.

No final, a inteligência ilustre responsável pelas páginas deste livro não quis assumir-se, mantendo-se anônimo. É forçoso reconhecer que ele, ao menos, tem senso do ridículo; eu próprio ficaria envergonhado de reclamar a autoria de linhas sofríveis assim. O responsável pela divulgação do livreto – Wellington Leão, do “Notícias do Evangelho” – diz que o autor pediu para ser mantido no anonimato “temendo (…) que pudesse ser excluído do catolicismo”. Quanto a isso, aviso ao ex-católico que ele não tem com o quê se preocupar: a excomunhão por heresia é automática, latae sententiae, segundo prescreve o Código de Direito Canônico, de modo que o anonimato não o protege de se auto-excluir da comunhão com a Igreja de Cristo.

Soneto da Imaculada Conceição

Fonte: LEPANTO.

En passant, S. Luís de Montfort refere-se a um fato parecido no seu Tratado da Verdadeira Devoção (n. 42; aqui completo em espanhol). Ao ler, achei que fosse o mesmo episódio; no entanto, este relatado em Lepanto ocorreu em 1823, com dois sacerdotes dominicanos; o lembrado por São Luís, ocorreu com o próprio São Domingos. Depois vou tentar encontrar algo sobre esta história da qual o santo fala.

* * *

Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser-lhe mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.

Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.

O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E foi a mãe que deu o ser ao filho;

Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho
Ou se dirá Imaculada a mãe.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Salve a Mãe de Deus e Nossa / Sem pecado concebida. / Salve a Virgem Imaculada, / Ó Senhora Aparecida! Não poderia deixar de escrever umas pequenas palavras em louvor à Mãe de Deus, Padroeira do Brasil.

Nós Vos saudamos, ó Mãe Santíssima, porque temos plena consciência de que somente debaixo do Vosso manto poderemos estar protegidos de todos os perigos desta vida.

Saudamo-Vos, ó Mãe Santíssima, porque somente seremos perfeitos imitadores de Cristo na medida em que – como Ele – formos perfeitos filhos vossos.

Saudamo-Vos, ó Virgem Imaculada, porque Vós vencestes sozinha todas as heresias do mundo inteiro, e somente ao Vosso lado sabemos poder encontrar a vitória certa.

Saudamo-Vos, ó Virgem Imaculada, porque Vós sois a doçura que nós, degredados filhos de Eva, podemos esperar como alento neste Vale de Lágrimas que atravessamos.

Saudamo-Vos, ó Mãe de Deus, porque o próprio Deus – pela boca do Arcanjo Gabriel – saudou-Vos um dia.

Saudamo-Vos, ó Mãe de Deus, porque Vós encontrastes graça diante do Altíssimo.

Saudamo-Vos, ó Maria, porque o Deus Altíssimo constituiu-Vos tesoureira dos Seus bens e dispensadora de Suas graças, de modo que nenhum favor dos Céus podemos esperar receber que não nos venha por Vossas mãos virginais.

Saudamo-Vos, ó Maria, porque impondes verdadeiro terror a todas as hostes infernais.

Saudamo-Vos, ó Senhora, porque sois o Auxílio dos Cristãos, e jamais se ouviu dizer que tivésseis desamparado àqueles que se Vos achegassem confiantes.

Saudamo-Vos, ó Senhora, porque sois Rainha dos Céus e da terra.

Saudamo-Vos, ó Virgem Aparecida, porque sois padroeira do Brasil.

Saudamo-Vos, ó Virgem Aparecida, porque somos Vossos filhos, e queremos conhecer-Vos, amar-Vos e servir-Vos na terra a fim de, um dia, conVosco encontrarmo-nos no Céu.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
rogai por nós!

* * *

Hoje, na festa da Virgem Aparecida, foi também a festa de canonização de quatro santos – um deles, uma mulher indiana. Afonsa da Imaculada Conceição é a primeira santa da Índia. Que – como pediu o Papa -, pela intercessão dela e de Nossa Senhora Aparecida, a situação neste país possa ser apaziguada e a perseguição aos cristãos possa cessar, o quanto antes. E bendito seja Deus em Sua Mãe e nos Seus santos.

Sobre a pureza – Santa Teresa dos Andes

[recebido por email]

Orientações de Nossa Senhora para a pureza a Santa Teresa de los Andes

Estou na meditação. Nosso Senhor me disse que meditasse sobre a pureza da Virgem. Ela, sem dizer-me nada, começou a falar. Eu não conheci a sua voz e perguntei se era Jesus. Ela me respondeu que Nosso Senhor estava dentro de minha alma, porém que Ela me falava.

Disse-me que escrevesse o que me dizia acerca da pureza.

Ser pura no pensamento: quer dizer, que rechaçasse todo pensamento que não fosse de Deus, para que assim vivesse constantemente em sua presença. Para isso devia procurar não ter afeto a nenhuma criatura.

Ser pura em meus desejos, de tal modo que só desejasse ser a cada dia mais de Deus; desejasse sua glória, ser santa e fazer minhas obras com perfeição. Para isto, não desejar nem honra nem louvores, mas desprezo, humilhação, pois assim agradava a Deus. Não desejar nem comodidades nem qualquer coisa que deleitasse meus sentidos. Não desejar nem comer nem dormir senão para servir melhor a Deus.

Ser pura em minhas obras. Abster-me de tudo o que possa manchar-me, do que não seja admitido por Deus, que quer minha santificação; fazê-las por Deus o melhor que possa, não para que me vissem as criaturas. Evitar toda palavra que não seja dita por Deus, por sua glória. Que em minhas conversas sempre colocasse Deus. Que não olhasse nada sem necessidade, mas para contemplar a Deus em suas obras. Que imaginasse que Deus me olhava sempre. Que me abstivesse daquilo que me agradava. Se tinha de comer, n[ã]o sentir prazer nisso, mas oferecê-lo a Deus, porque me era necessário para servi-lo melhor. Que mortificasse o tato não tocando sem necessidade em mim mesma nem em outra pessoa qualquer. Em uma palavra, que todo meu espírito estivesse submerso em Deus de tal maneira que me esquecesse inteiramente de meu corpo. A Virgem havia vivido assim desde que nasceu; porém lhe havia sido mais fácil, pois sempre esteve cheia da graça. Que fizesse tudo o que fosse de minha parte para imitá-la; pois assim Deus se uniria intimamente a mim. Que rezasse para consegui-lo. Assim refletiria a Deus em minha alma.

Diário 51.
(Diário e Cartas de Santa Teresa de los Andes, frei Patrício Sciadini, ocd. Página 114)

Não pode passar batido…

Amanhã, 04 de outubro, é o dia da Jornada Mundial do terço, evento que tenciona promover um “terço simultâneo”  a ser rezado pelos católicos de todo o mundo. Em Recife, ocorrerá na Igreja de Apipucos, das 15 às 18 horas.

– O Papa Bento XVI reafirmou a posição da Igreja, que condena os métodos contraceptivos. Segundo o pontífice, “[q]ualquer forma de amor tende a divulgar a plenitude com que se vive e o amor conjugal tem um modo próprio de se comunicar, que é gerar filhos”. Bravo! Veja-se também a notícia em ZENIT.

– Força dos católicos do leste europeu à época da perseguição: Eucaristia e Maria Santíssima. Como no sonho de Dom Bosco. A perseguição continua, todavia mais sutil: martírio moral, ao invés do martírio físico. Como outrora, somente ancorados com firmeza nas duas colunas da Virgem Santíssima e do Santíssimo Corpo de Cristo podemos sobreviver sem naufragar na Fé.

– Errata do Olavo de Carvalho: texto citado não existia. Comentei en passant o assunto aqui, e por isso comento também a errata. No entanto, segundo o mesmo, a citação era “apenas como ilustração, curiosa mas dispensável”. Aqui no blog, idem.

Os apóstolos dos últimos tempos

2. Os apóstolos dos últimos tempos

55. Deus quer, finalmente, que sua Mãe Santíssima seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi. E isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados puserem em uso, com o auxílio do Espírito Santo, a prática interior e perfeita que lhes indico a seguir. E, se a observarem com fidelidade, verão, então, claramente, quan[t]o lho permite a fé, esta bela estrela do mar, e chegarão a bom porto, tendo vencido as tempestades e os piratas. Conhecerão as grandezas desta soberana e se consagrarão inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amor. Experimentarão suas doçuras e bondades maternais e amá-la-ão ternamente como seus filhos [queridos]. Conhecerão as misericórdias de que ela é cheia e a necessidade que têm de seu auxílio, e hão de recorrer a ela em todas as circunstâncias como à sua querida advogada e medianeira junto de Jesus Cristo. Reconhecerão que ela é o meio mais seguro, mais fácil, mais rápido e mais perfeito de chegar a Jesus Cristo, e se lhe entregarão de corpo e alma, sem restrições, para assim também pertencerem a Jesus Cristo.

56. Mas quem serão esses servidores, esses escravos e filhos de Maria?

Serão ministros do Senhor ardendo em chamas abrasadoras, que lançarão por toda parte o fogo do divino amor.

Serão “sicut sagittae in manu potentis” (Sl 126, 4) – flechas agudas nas mãos de Maria toda-poderosa, pronta a traspassar seus inimigos.

Serão filhos de Levi, bem purificados no fogo das grandes tribulações, e bem colados a Deus, que levarão o ouro do amor no coração, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo e que serão em toda parte para os pobres e pequenos o bom odor de Jesus Cristo, e para os grandes, os ricos e os orgulhosos do mundo, um odor repugnante de morte.

57. Serão nuvens trovejantes esvoaçando pelo ar ao menor sopro do Espírito Santo, que, sem apegar-se a coisa alguma nem admirar-se de nada, nem preocupar-se, derramarão a chuva da palavra de Deus e da vida eterna. Trovejarão contra o pecado, e lançarão brados contra o mundo, fustigarão o demônio e seus asseclas, e, para a vida ou para a morte, traspassarão lado a lado, com a espada de dois gumes da palavra de Deus (cf. Ef 6, 17), todos aqueles a quem forem enviados da parte do Altíssimo.

58. Serão verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, e o Senhor das virtudes lhes dará a palavra e a força para fazer maravilhas e alcançar vitórias gloriosas sobre seus inimigos; dormirão sem outro nem prata, e, o que é melhor, sem preocupações, no meio dos outros padres, eclesiásticos e clérigos, “inter medio cleros” (Sl 67, 14) e, no entanto, possuirão as asas prateadas da pomba, para voar, com a pura intenção da glória de Deus e da salvação das almas, aonde os chamar o Espírito Santo, deixando após si, nos lugares em pregarem, o ouro da caridade que é o cumprimento da lei (Rom 13, 10).

59. Sabemos, enfim, que serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, andando nas pegadas de sua pobreza e humildade, do desprezo do mundo e caridade, ensinando o caminho estreito de Deus na pura verdade, conforme o santo Evangelho, e não pelas máximas do mundo, sem se preocupar nem fazer acepção de pessoa alguma, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja. Terão na boca a espada de dois gumes da palavra de Deus; em seus ombros ostentarão o estandarte ensangüentado da cruz, na [mão] direita, o crucifixo, na esquerda o rosário, no coração os nomes sagrados de Jesus e Maria, e, em toda a sua conduta, a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo.

Eis os grandes homens que hão de vir, suscitados por Maria, em obediência às ordens do Altíssimo, para que o seu império se estenda sobre o império dos ímpios, dos idólatras e dos maometanos. Quando e como acontecerá?… Só Deus o sabe!… Quanto a nós, cumpre calar-nos, orar, suspirar e esperar: Exspectans exspectavi (Sl 39, 2).

[S. Luís Maria de Montfort, “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, Vozes, 2007 – trechos em colchetes de Edições Montfortinas, 2001]

Mais sobre Medjugorje

Fiz alguns comentários aqui no BLOG ontem sobre Medjugorje e, por uma questão de justiça, preciso passar mais algumas informações.

Citei um conhecido exorcista de Roma que considera as aparições um embuste do Demônio. No entanto, há um outro exorcista muitíssimo conhecido e excelente referência, o Gabriele Amorth, que tem uma opinião diametralmente oposta:

FCP – Entrevista: Padre Gabriele Amorth, Es cierto que Medjugorje es un “gran obstáculo” para Satanás?
Seguro. Medjugorje es una fortaleza contra Satanás. Satanás odia Medjugorje porque es un lugar de conversión, de oración, de transformación de vida.

Chamou-se a atenção também para o fato de que uma condenação ao sacerdote que é ex-diretor espiritual das videntes não é uma condenação às aparições em si, coisa com a qual é forçoso concordar. Outro aspecto do problema levantado é o de que as supostas mensagens da Virgem são bem católicas e em nenhum momento referendam o comportamento deletério de algumas pessoas em Medjugorje, não podendo as aparições serem condenadas simplesmente pelo comportamento dos católicos locais – o que também é verdadeiro.

Com tudo isso, entretanto, a minha posição permanece a mesma: os dois pés atrás. Se Medjugorje for uma real aparição de Nossa Senhora, é completamente atípica, por diversos motivos.

Qual o sentido de aparições indefinidas? Alguém cadastrou o meu email numa lista para a qual são enviadas mensalmente as “mensagens de Nossa Senhora” em Medjugorje. A mensagem deste mês – que está disponível num site chamado “queridos filhos” – é a seguinte:

Mensagem do dia 02/09/2008 à Mirjana Soldo

Queridos filhos,
Hoje, com o meu coração maternal, eu os chamo reunidos ao meu redor a amarem o seu próximo. Meus filhos, parem. Olhem nos olhos do seu irmão e vejam Jesus, meu Filho. Se vocês vêem alegria, regozijem-se com ele. Se há dor nos olhos do seu irmão, com a sua ternura e bondade, lancem ela fora, por que sem amor vocês estão perdidos. Somente o amor é efetivo, ele realiza milagres. O amor lhes dará unidade em meu Filho e a vitória de meu coração. Portanto, meus filhos, amem.

Nossa Senhora abençoou a todos que estavam presentes e a todos os artigos religiosos. E novamente ela nos chamou a rezarmos pelos nossos pastores.

Sinceramente, é-me muito difícil acreditar que Nossa Senhora faça aparições mensais, durante vinte e sete anos, para enviar mensagens deste tipo. Comparando-as com as mensagens de outras aparições (como Fátima, por exemplo), o contraste é gritante. É verdade que não há erros nestas mensagens, mas também… uma mensagem dessas poderia ser enviada por qualquer pessoa, e é-me difícil acreditar que a Virgem Santíssima viesse pessoalmente fazer uma coisa que pudesse ser feita por um católico normal. Eu aplico o princípio da subsidiariedade também como critério de discernimento espiritual.

O mesmo site apresenta ainda todas as mensagens de Medjugorje em português, que também se encontram (embora separadas por ano) neste outro site. Não comparei ambas as versões. Fuçando o arquivo,  numa leitura superficial, não encontrei nenhuma coisa absurda. As mensagens são católicas, sim, mas todas têm a mesma característica acima mencionada: não são inacessíveis aos católicos normais a ponto de justificar uma revelação privada.

Depois, aparentemente existem os segredos de Medjugorje. Parece que são dez. Tem um site que faz um paralelo entre estes segredos e os da aparição de Garabandal (da qual eu não conheço nada). O já citado site “Queridos Filhos” fala em um “objeto indestrutível” de “origem Celeste” no qual estão escritos os dez segredos. O outro site (do paralelo com Garabandal – não me parece merecer muita confiança) faz previsões catastróficas:

O Quê: uma sequência de sofrimentos terríveis enviados por Deus para esta geração, como um conjunto final de castigos originados pelo pecado, nomeadamente, as primeiras seis Trombetas do Sétimo Selo do Livro do Apocalipse. (A Sétima Trombeta, as Sete Taças da Ira de Deus, está reservada para um futuro distante.)

[…]

Quando: após a IV Guerra Mundial, e após o Selo do Deus Vivo ter sido dado a alguns fiéis, os acontecimentos do Décimo Segredo ocorrerão: de 2038 até ao fim de Março de 2040.

[…]

Onde: em todo o mundo sem excepção. Nenhum ser humano estará a salvo, independentemente de onde viver, excepto aqueles que tiverem o Selo.

Para mim, isto claramente não é digno de crédito. Não acredito nem mesmo que mensagens deste teor existam em Medjugorje; mas afinal, quais são os segredos?

Finalmente – e mais importante -, existe a questão daquilo que cerca as supostas aparições. O fato do diretor espiritual dos videntes ser acusado de escândalos sexuais não é uma acusação ao fenômeno em si; mas é muitíssimo estranho e – até onde me consta – completamente inusitado que este tipo de contra-testemunho dissemine-se em pessoas envolvidas diretamente com aparições da Virgem Maria. Santos foram censurados e perseguidos injustamente por autoridades eclesiásticas, sim; mas se submeteram às penas injustas. Não é isso que se vê em Medjugorje. Não há reconhecimento oficial da Santa Sé, mas também não há condenação oficial de Roma. Uma notícia que recebi sobre o assunto em abril deste ano falava que o Vaticano estava analisando a questão. Aguardemos, portanto – eu, com minhas ressalvas -, e rezemos. Que Nossa Senhora de Fátima interceda por todos nós.

Algumas coisas sobre Medjugorje

É preciso ter muito cuidado com Medjugorje. As (supostas) aparições que já se arrastam por décadas costumam provocar discussões apaixonadas. Considero oportuno fazer algumas considerações sobre o assunto.

Recentemente um site (a meu ver) não muito confiável noticiou uma punição dada pelo Vaticano ao ex-diretor espiritual dos videntes. A despeito da notícia em português – como está no site “Rainha Maria” – não se encontrar reproduzida em nenhum outro lugar, a informação é, no seu conjunto, verdadeira. O Fratres in Unum traduziu no início do mês a notícia publicada no site da Diocese de Mostar-Duvno, à qual pertence Medjugorje.

Há outras notícias sobre Medjugorje na internet. Andrea Gemma, um exorcista do Vaticano disse no Daily Mail (última atualização em junho de 2008) que Medjugorje era uma farsa e uma obra do demônio. Disse ainda que o Vaticano ia rejeitar as aparições. Em 2006, o bispo de Medjugorje, Dom Ratko Peric, pediu aos videntes que deixassem de dizer que Maria os visitava, bem como que parassem com as mensagens. Disse ainda que, na paróquia em Medjugorje onde supostamente ocorrem as aparições, existe algo parecido com um cisma. Vale a pena mencionar ainda um artigo do antigo bispo de Medjugorje, Dom Pavao Zanic, que já em 1990 dizia que as aparições eram falsas. E, do fundo do baú da lista tradicao-catolica, uma mensagem do prof. Carlos Ramalhete (de 1998) que reproduzo porque não sei se todos conseguem acessar:

– O Santo Padre proibiu os sacerdotes de oprganizarem preregrinações a Medjugorje ou de liderá-las;

– Os sucessivos bispos da diocese onde está Medjugorje já se declararam contrários à suposta aparição (ver mais abaixo);

– Em 16.V.1997 Dom Ante Luburic, Chanceler da Diocese de Mostar (em cujo território ocorrem as supostas aparições) declarou que “Medjugorje tornou-se um lugar de atividade anti-eclesial, desobediência e desordem religiosa.”

Segue o texto de D. Luburic em sua íntegra:

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No dia 14 de maio, três bispos de Uganda vieram visitar Medjugorje, e de lá partiram para visitar D. Ratko Peric, Bispo de Mostar, seu antigo colega de studos em Roma, para perguntar sobre a posição da Igreja local a respeito dos chamados acontecimentos de Medjugorje. O abaixo-assinado [D. Luburic] também estava presente.

O Bispo deu a seus antigos colegas alguns documentos, que mostram claramente que de 1981 a 1991 três comissões qualificadas a serviço do bispo local e da Conferência Episcopal investigaram os acontecimentos. Há dez anos, em 1987, D. Pavao Zani declarou formal e oficialmente que na Paróquia de Medjogorje a Madonna não apareceu para ninguém. Em 1991, a Conferência Episcopal não apenas declarou que as aparições não eram autênticas, como sublinhou que: “É impossível confirmar que os acontecimentos envolvam quaisquer revelações ou aparições sobrenaturais.” A partir de 1981, “mensagens de paz” foram enviadas para todo o mundo a partir de Medjugorje. Em nossa Igreja local, entretanto, essas mensagens incuíram os seguintes “frutos”:

A Administração da Província Franciscana de Herzegovina, que fora punida em 1976, recebeu a partir de 1982 a punição adicionar de estar “ad instar,” devido a sua não-colaboração na implantação das decisões da Santa Sé em relação aos serviços pastorais em algumas das paróquias da Diocese de Mostar-Duvno. Muitas igrejas foram construídas pelos Franciscanos com a ajuda de benfeitores e dos fiéis, tendo elas sio abençoadas por eles mesmos, sem sequer informar o Bispo local, o que vai contra o Direito Canônico e o carisma franciscano. Uma igreja na paróquia de Ljuti Dolac foi abençoada desta maneira em 23.IV deste ano. Na própria Medjugorje, muitos edifícios eclesiais foram erigidos sem qualquer permissão das autoridades eclesiais competentes.

Mais de dez Franciscanos não têm faculdades para ouvir confissões na Diocese de Herzegovina. Alguns por sua própria culpa, outros por culpa de suas comunidades religiosas, não estão cumprindo o Decreto Papal. Mais de quarenta franciscanos não recebeeram as faculdades necessárias para trabalho pastoral em Herzegovina, mas sequer se incomodam com as decisões das autoridades legais da Igreja. Alguns deles estão atualmente em Medjugorje. Muitas comunidades religiosas estão vivendo e trabalhando na próquia de Medjugorje sem a permissão das autoridades eclesiásticas, como: “Beatitudes,” “Kraljice mira, potpuno tvoji,” “Cenacolo,” “Oasi di pace” e “Franjevke pomocnice svecnika.” Portanto, Medjugorje tornou-se um local de atividade anti-eclesial, desobediência e desordem religiosa.

No ano passado alguns “fiéis católicos”, com anuência dos Franciscanos, fecharam com tijolos as portas da igreja de Capljina e da igreja afiliada à Catedral em Miljkovici. Dois Franciscanos, sem faculdades canônicas para a paróquia de Capljina, estão atualmente trabalhando na igreja fechada. Tudo o que fazem lá é ilegal e os casamentos que realizam são inválidos!

Alguns dos Franciscanos em Mostar estão ignorando a igreja Catedral legalmente estabelecida e as quatro paróquias diocesanas dedicadas aos quatro evangelistas, continuando a organizar serviços religiosos com seu próprio pessoal, contra as decisões específicas da Santa Sé e o Superior da Ordem Franciscana. O Provincial “ad instar” em muitas ocasiões já alertou seus irmãos por escrito que sérias medidas da Administração geral franciscana estão sendo consideradas para toda a província devido a sua desobediência.

Em Medjugorje, o jornal “Glad Mira” e o “Boletim de Imprensa” são publicados sem a permissõa necessária das autoridades eclesiais. Os mesmos jornais proclamam a “autenticidade das aparições” e falam do “santuário”. A organização anti-eclesial “Mir j dobro” (Pax et Bonum) teve permissão dos franciscanos locais para usar seu escudo e seu lema, e os franciscanos não se distanciaram das atividades ilegais deste grupo, nem mesmo quando isso foi formalmente solicitado.

Eis portanto alguns dos “frutos” dos que estão usando Medjugorje para “vender paz e frescor” ao mundo, e que se endureceram em sua desobediência à Santa Sé e ao carisma franciscano.

Em 15 de maio, apareceu um despacho de Medjugorje em Slobodna Dalmacija em relação aos bispos ugandensesm onde o “vidente” Ivan Dragicevic transmitiu a mensagem da “Madonna”que, nesta ocasião, afirmava que estava “muito feliz porque os bispos estão em Medjugorje”. Ivan estivera no seminário de Visoko nos anos de 1981-82. A Comissão investigando as “aparições” uma vez o questionou em Visoko. Em 9.V. 1982 ele escreveu: “Um sinal aparecerá em junho”. Nada aconteceu em junho!

Mais tarde ele foi expulso de Visoko por ter notas péssimas. Ele continuou em Dubrovnik em 1982-83. Durante sua estadia de dois anos no seminário, ele declarou que estava vendo a Madonna, que lhe dizia que ele seria um sacerdote. Mesmo assim, ele foi expulso de Dubrovnik, mais uma vez devido a suas notas. Em 1994, ele encontrou a ex-Miss Massachusetts, Loreen Murphy, com quem se casou em Boston (Slobodna Dalmacija 11/9/94). No dia do casamento, o noivo “teve uma aparição” em Massachusetts. A Madonna parece estar a segui-lo pelo mundo, como com os outros “videntes” de Medjugorje.

Agora ele apresenta a Santíssima Virgem Maria como estando “muito feliz porque os bispos estão em Medjugorje”.

Este tipo de “mensagem” não apenas é uma clara propaganda de Medjugorje; é uma simples invenção destinada a fazer os inocentes “afastar seus ouvidos da Verdade e entregar-se a fábulas extravagantes” (2 Tim 4,4).

Dom Ante Luburic, Chanceler
Mostar, 16.V.1997

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Além disso, a declarações dos sucessivos Ordinários locais também mostram claramente a oposição da Igreja a estas supostas aparições:

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Declaração do Bispo de Mostar a respeito de Medjugorje, 15.VII.1987

Feita por D. Pavao Zanic

Desde que surgiram as noícias a respeito de acontecimentos inusitados nesta diocese, a Cúria de Mostar acompanhou os relatórios cuidadosamente, coletando tudo o que poderia servir à busca pela verdade dos fatos. O Bispo autorizou os videntes e religiosos envolvidos a permanecer em completa liberdade, tendo até mesmo os defendido de ataques da imprensa e de políticos. Todas as conversas foram gravadas e as crônicas foram coletadas, assim como diários, cartas e documentos. A Comissão de professores de teologia e médicos estudou todo este material por três anos. O trabalho de três anos da Comissão chegou às seguintes conclusões: dois membros votaram a favor da natureza verdadeira e sobrenatural das aparições. Um membro absteve-se de votar. Um aceitou que algo tenha ocorrido no princípio. Onze votaram, não ter havido aparições ­ non constat de supernaturalitate.

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Declaração de D. Ratko Peric, Sucessor de D. Zanic:

Dada em entrevista ao Fidelity Magazine, publicada no número de fevereiro de 1994.

Que bispo não adoraria ter a Virgem Maria aparecendo em sua diocese? Especialmente D. Zanic, um Bispo muito mariano que, como sacerdote e mais tarde como bispo fez onze peregrinações a vários santuários marianos por toda a Europa: Lourdes, Fátima, Siracusa, etc. Então a Senhora teria tido misericórdia dele e teria “aparecido” no seu próprio quintal, como que para poupá-lo de viajar tanto para Portugal.

Após alguns meses, contudo, quando ouviu todas as pequenas lorotas e grandes mentiras, insinceridades, inexatidões e toda sorte de histórias inventadas pelos que diziam estar a Senhora a aparecer para eles, ele tornou-se completamente convencido de não haver nenhuma aparição sobrenatural da Senhora. Então ele começou a apregoar a verdade e expor as falsidades. Sua maior satisfação em dez anos de trabalho duro foi quando os bispos da Iugoslávia, em seu encontro de promavera dia 10.IV.1991 declararam, conforme era seu dever: “Baseando-se nos estudos efetuados, não pode ser afirmado que revelações e aparições sobrenaturais estajam a ocorrer.”

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Além disso, há também algumas coisas muuuito estranhas em relação a estas supostas aparições, tais como as mencionadas no artigo daquela página (Nossa Senhora dizendo que tanto faz ser muçulmano qto cristão, católico ou cismático, que é melhor não ir à Missa se a pessoa não estiver assim ou assado?!), ou ainda aquela suposta msg mariana que veio dar à lista “catolicos” há algum tempo, em que Nossa Senhora supostamente teria afirmado que a Igreja não festejava o seu nascimento (que tem sim uma festa litúrgica!), etc.

Cabe lembrar mais uma vez que de burro o Tinhoso não tem nada; muito mais frutos tem uma pregação mentirosa enfiada em meio a pedidos de conversão que vir com chifrinhos na cabeça dizendo a todos que quer levá-los para o Inferno! É muito mais perigoso um prato de comida aparentemente deliciosa contaminada com um veneno incolor, insípido e inodoro (ou quase) que uma garrafa preta com uma caveira e dois ossos cruzados.

[]s,

seu irmão em Cristo,

Carlos

No entanto, as supostas aparições de Medjugorje continuam firmes e fortes! As mensagens continuam chegando todos os meses. Há um site com umas fotos sem pé nem cabeça registradas pelos peregrinos. Há no youtube um vídeo com a aparição deste mês, setembro de 2008 (aos que não tiverem paciência de assistir os oito minutos, eu adianto: são dois minutos de barulho no início, algumas ave-marias e cinco minutos de silêncio enquanto a vidente vê a aparição).

Sinceramente, eu não acredito em Medjugorje. Nem consigo entender por que algumas pessoas insistem tanto nestas aparições (que são tão estranhas e tão atípicas), que nunca foram reconhecidas pela Igreja, quando existem diversas outras aparições comprovadamente verdadeiras. Coisas como as citadas acima me fazem ter os dois pés atrás. Simplesmente não consigo evitar. Que Nossa Senhora de Lourdes rogue por todos nós.