Sábado Santo

É imenso o vazio do dia de hoje; incomensurável a tristeza dessas horas que Deus passou no Sepulcro frio. Sim, aprendemos no Credo que Ele desceu à Mansão dos Mortos, ouvimos no Catecismo que Ele foi aos Infernos para libertar os cativos, e muitos pregadores já nos ensinaram que, hoje, o Bom Pastor foi à busca de nossos Primeiros Pais, foi atrás das primeiras Ovelhas a se desgarrarem do aprisco do Senhor, foi encontrar-Se com Adão e Eva dos quais herdamos a mancha do Pecado Original. No entanto, nós não vemos nada disso. Temos diante dos olhos apenas o Sepulcro lacrado, em cujo interior depositamos há não muito tempo – ontem ainda! – o Santíssimo Corpo de Jesus, dilacerado por nós, assassinado por nossas próprias mãos.

Hoje o mundo inteiro está mais vazio porque o Rei do Mundo até ontem estava aqui, e agora não está mais. Até há bem pouco tempo Ele comia e bebia conosco, ensinava-nos com autoridade, curava os doentes e expulsava os demônios; hoje estamos privados da sua Alegria, que diríamos para sempre lacrada no Túmulo de um rico. Num túmulo anônimo, preparado às pressas – nem sequer a um funeral decente Ele teve direito! Praticamente desceu direto da Cruz ao Sepulcro. Expulsamo-Lo do nosso mundo sem Lhe dar o direito de Se despedir. E talvez agora, só agora que atingimos o nosso intento, estejamos notando o quão pouco realizados nos encontramos. Expulsamos o Filho de Deus para que tivéssemos paz, e tudo o que conseguimos foi esse Vazio enlouquecedor. Tudo fala d’Ele, pede por Ele, clama por Ele – mas Ele não está aqui.

Ela ficou conosco, é verdade. Ela ficou conosco e, n’Ela, nós conseguimos não nos desesperar. Ela nos consola porque, por incrível que pareça, tudo n’Ela fala de Cristo mais do que qualquer outra coisa que exista no mundo; Ele está mais vividamente presente n’Ela do que nas nossas melhores lembranças de quando – ainda ontem! – O ouvíamos falar. Foi nos braços d’Ela que, ontem, depositamos o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; mas o luto d’Ela é sereno e, por incrível que pareça, consegue nos deixar em paz. O Seu olhar é mais de misericórdia do que de acusação; mais de compaixão do que de sofrimento vazio. No rosto d’Ela nós O vemos ainda!

E de repente parece que a história não vai terminar assim. De repente, parece que a serenidade d’Ela é um pouco mais do que resignação: parece que se trata de uma esperança que nós ainda não conhecemos. De repente, olhando para Ela, parece que tudo vai terminar bem. De repente, nós olhamos para o Sepulcro e ele parece diferente; como se se parecesse mais com um início do que com um fim. De repente, olhamos para o Túmulo e começamos a nos perguntar se não estamos prestes a presenciar um acontecimento extraordinário. Deitamos no colo da Virgem e nos perguntamos como o nosso mundo seria de agora em diante se, por um milagre, aquele Túmulo estivesse vazio.

Parabéns a todas as mulheres!

Dizem que a data de hoje é uma comemoração feminista. Não quero entrar neste mérito; ainda que seja verdade, a mim parece-me que ela pode muito facilmente ser ressignificada, a fim de que exalte verdadeiros valores e celebre o que é realmente digno de ser celebrado. Não é preciso dar corda às feministas nem fazer propaganda indireta das bobagens que elas reivindicam; no dia de hoje nós temos algo de positivo para comemorar. Não uma ideologia estéril e sem sentido, mas a graça e a beleza da mulher, querida e criada por Deus para ser companheira do homem.

Há uma relativamente clássica música sobre Nossa Senhora que contém um garboso louvor às mulheres: trata-se daquela canção (tão comum na minha infância) que diz que «em cada mulher que a terra criou / um traço de Deus Maria deixou, / um sonho de mãe Maria plantou, / pro mundo encontrar a paz». Sei que não se trata de nenhuma sumidade teológica, mas deixemos isso de lado por enquanto. Aqui, pensemos somente em como o mundo seria melhor se todas as mulheres tivessem a consciência de que contêm “um traço de Deus” e “um sonho de mãe”. Se cada uma delas soubesse reconhecer o seu próprio valor.

É Dietrich Von Hildebrand quem fala que o amor entre o homem e a mulher é típico; isto é, o homem que ama enxerga em cada mulher um reflexo, um lampejo, uma lembrança da sua amada. Isso é uma tese de validade universal e tem uma interessante conseqüência prática dentro do Cristianismo: nós temos uma Mulher que é o arquétipo de toda feminilidade, temos uma Mãe que reúne em Si todas as belezas criadas, temos uma Senhora a Quem nos devotar com todas as forças e de todo o coração. Quando eu era pequeno e ouvia a música do Pe. Zezinho acima mencionada, sempre pensava que aquele “traço de Deus” deixado por Maria Santíssima nas mulheres era Ela própria. Sempre pensei no enorme privilégio que não deveria ser às mulheres compartilharem uma natureza feminina com Aquela que é a Mãe de Deus.

De certo modo, em toda e cada mulher está presente um reflexo da Santíssima Mãe de Deus, uma imagem d’Aquela que Deus coroou Rainha dos Céus. Ora, isto é um indiscutível valor próprio da feminilidade, é uma evidente característica – belíssima característica! – da qual as mulheres são detentoras e, por conseguinte, é razão suficiente para a comemoração de um Dia da Mulher. Assim, neste oito de março nós celebramos não os estertores de uma caquética ideologia anti-natural, mas sim as incomensuráveis graça e beleza que o Altíssimo conferiu a uma criatura – Maria Santíssima – e com as quais simultaneamente, em referência a Ela, dotou todas as mulheres do mundo.

Um feliz Dia das Mulheres para todas aquelas que, de um modo ou de outro, fazem parte da minha vida: as que me são próximas e as que não são tão próximas assim. Parabéns às que fazem parte da minha família ou do meu ambiente de trabalho, do meio acadêmico ou do bairro. Às que moram na minha cidade, às que lêem o Deus lo Vult!, às minhas conterrâneas. Às que são brasileiras como eu próprio, às latino-americanas como eu mesmo o sou; enfim, a todas as mulheres de todas as raças e todos os credos, com as quais eu – ainda que não as conheça – divido uma natureza humana e uma vocação às coisas mais altas, e nas quais refulge, ainda que elas não saibam, um reflexo da Santíssima Virgem a lhes conferir dignidade intrínseca e a lhes convidar incessantemente para tomar parte no Reino de Deus.

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Para não perder o costume, a foto acima mostra bem quais são os verdadeiros “direitos da mulher” pelo qual todos temos o dever de lutar, hoje e em todos os dias. Porque os direitos iguais devem ser iguais para todos, independente de cor, raça, credo, idade ou estágio de desenvolvimento.

“Um caminho fácil, curto, perfeito e seguro”

Um curto e bem didático documentário sobre o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” de  S. Luís de Montfort, obra que em 2012 completa 300 anos.

Um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para a nossa santificação: a devoção à Santíssima Virgem! Faço coro ao pedido do final do vídeo: leia e consagre-se você também.

O livro é editado pela Vozes. Pode também ser encomendado à Fraternidade Arca de Maria. Ou pode também ser baixado (junto com as orações preparatórias da Consagração) na internet.

Nossa Senhora de Guadalupe: diálogos com San Juan Diego

No dia de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas, publico um trecho da narrativa das aparições da Mãe de Deus ao índio Juan Diego em 1531, há quase quinhentos anos. A passagem consta no livro de Edésia Aducci, “Maria e Seus títulos gloriosos”, e eu a cito apud “PCO – Plinio Corrêa de Oliveira”.

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Na primeira aparição, Nossa Senhora, falando no idioma mexicano, dirige-se a Juan Diego: “Meu filho, a quem amo ternamente, como a um filho pequenino e delicado, aonde vais?” Resposta dele: “Vou, nobre Senhora minha, à cidade, ao bairro de Tlaltelolco, ouvir a santa missa que nos celebra o ministro de Deus e súdito seu”.

Ela: “Fica sabendo, filho muito querido, que eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, e é meu desejo que me erijam um templo neste lugar, de onde, como Mãe piedosa tua e de teus semelhantes, mostrarei minha clemência amorosa e a compaixão que tenho dos naturais e daqueles que me amam e procuram; ouvirei seus rogos e súplicas, para dar-lhes consolo e alívio; e, para que se realize a minha vontade, hás de ir à cidade do México, dirigindo-te ao palácio do bispo que ali reside, ao qual dirás que eu te envio e que é vontade minha que me edifique um templo neste lugar; referirás quanto viste e ouviste; eu te agradecerei o que por mim fizeres a este respeito, te darei prestígio e te exaltarei”.

Resposta dele: “Já vou, nobilíssima Senhora minha, executar as tuas ordens, como humilde servo teu”.

Segunda aparição: Juan Diego volta do palácio do bispo, no mesmo dia, à tarde. A Santíssima Virgem o esperava. “Minha muito querida Rainha e altíssima Senhora, fiz o que me mandaste, e, ainda que não pudesse entrar a falar com o senhor bispo senão depois de muito tempo, comuniquei-lhe a tua mensagem, conforme me ordenaste; ouviu-me afavelmente e com atenção; mas, pelo seu modo e pelas perguntas que me fez, entendi que não me havia dado crédito; portanto, te peço que encarregues disso uma pessoa (…) digna de respeito, e em quem se possa acreditar, porque bem sabes, minha Senhora, (…) que não é para mim este negócio a que me envias; perdoa, minha Rainha, o meu atrevimento, se me afastei do respeito devido à tua grandeza; que eu não tenha merecido tua indignação, nem te haja desagradado minha resposta”.

A Santíssima Virgem insiste com Juan Diego. Este volta ao bispo e o prelado exige um sinal da aparição. Volta o índio e Nossa Senhora manda que volte no dia seguinte, ao mesmo local, que Ela satisfaria o desejo do bispo; mas Juan Diego, precisando chamar o sacerdote para seu tio, que adoecera gravemente, e desvia-se do caminho combinado, certo que a Santíssima Virgem não o veria. Mas eis que Nossa Senhora aparece-lhe noutro local. “Aonde vais, meu filho, e por que tomaste este caminho?” Juan Diego: “Minha muito amada Senhora, Deus te guarde! Como amanheceste? Estás com saúde?… Não te agastes com o que te vou dizer: está enfermo um servo teu, meu tio, e eu vou depressa à igreja de Tlaltelolco, para trazer um sacerdote para confessá-lo e ungi-lo, e, depois de feita esta diligência, voltarei a este lugar, para obedecer à tua ordem. Perdoa-me, peço-te Senhora minha, e tem um pouco de paciência, que amanhã voltarei sem falta”.

Resposta dela: “Ouve, meu filho, o que eu vou dizer-te: não te aflija coisa alguma, nem temas enfermidade nem outro acidente penoso. Não estou aqui eu, que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção e amparo? Não sou eu vida e saúde? Não estás em meu regaço e não andas por minha conta? Tens necessidade de outra coisa?… Não tenhas cuidado algum com a doença de teu tio, que não morrerá dessa vez, e tem certeza de que já está curado”.

No meio das trevas do Pecado, uma Virgem resplandecia Cheia de Graça!

Hoje se celebra a Imaculada Conceição d’Aquela Mulher extraordinária que sozinha venceu todas as heresias do mundo inteiro; d’Aquela que o próprio Verbo de Deus quis ter por Mãe e, instando-nos a sermos imitadores d’Ele, estabeleceu que também a nós – e já nesta terra! – seriam concedidas as graças de tão excelsa maternidade espiritual. Se Cristo é Filho da Virgem e nós somos chamados a um convívio familiar com Ele, então somos nós todos filhos d’Ela também. Se Cristo é Filho da Virgem e nós somos irmãos de Cristo, segue-se com lógica inelutável que somos também filhos desta Sua Divina Mãe.

Hoje é a Festa da Imaculada Conceição da Virgem Santíssima, e o reverendíssimo sacerdote na homilia que eu ouvia esta manhã lembrava-nos que Deus tem uma visão positiva do homem. Deus, que tudo o que criou viu que era bom, não abandonou a Sua obra após a tragédia do Pecado Original. Já no Proto-Evangelho do Gênesis ele anuncia um Salvador que virá por meio da descendência da Mulher; em um certo sentido, a Virgem Imaculada, coroada de Graça e de Beleza, é o arquétipo de ser humano nos desígnios do Onipotente. Ela é Toda Bela e desde sempre livre da mancha do Pecado Original, Ela é a Filha Dileta de Deus Pai, a Mãe Amável de Deus Filho, a Esposa Fiel do Espírito Santo e o Templo Imaculado da Trindade Santa; nós todos, que nesta Mulher estamos tão bem representados diante do Altíssimo, alegremo-nos n’Ela, com Ela e por Ela!

O dia de hoje está profundamente associado a um dos títulos com os quais a Santíssima Virgem é louvada na Ladainha Lauretana: a Santíssima Virgem é a Estrela da Manhã, Stella Matutina. Aquela que surge no Céu da noite como um prenúncio da Alvorada, antes do nascer do sol mas como a avisar que o sol está por nascer. Assim a Santíssima Virgem, resplandecendo Imaculada no horizonte da história da humanidade antes mesmo do Cordeiro de Deus vir ao mundo para livrá-lo do Pecado. Como a anuciar-Lhe, exigindo-Lhe até, pois é do Seu Sacrifício na Cruz do Calvário que brotam todas as graças do mundo, sem excetuar nem mesmo estas com as quais a Virgem Santíssima aparece adornada no dia de hoje. E é justamente na Stella Matutina que eu penso toda vez que rememoro a Saudação Angélica, testemunho escriturístico e eloqüente da grande Festa hoje celebrada: Ave, gratia plena! No meio das trevas do Pecado, uma Virgem resplandecia Cheia de Graça. No meio do mundo que jazia sob o Maligno, uma Mulher erguia a fronte Imaculada. Na plenitude dos tempos em que a Criação esperava o Seu Salvador, a Sua Mãe Puríssima lá estava para trazê-Lo ao mundo: foi por Seu Fiat que o Verbo se fez  carne, foi pela Sua resposta generosa a Deus que o Cristo veio ao mundo, foi pelo seu Sim que nos chegou a Salvação, Jesus.

Deus Vos salve, Virgem Soberana, a Quem todos os cristãos somos infinitos devedores! Deus Vos salve, Bem-Aventurada e Imaculada Mãe de Deus, Maria Santíssima por Quem se salva todo espírito fiel! Lembrai-Vos de falar a Vosso Divino Filho coisas boas a nosso favor. E aqui, na terra, concedei-nos sempre a graça de viver e morrer cantando os Vossos louvores.

Furacão Sandy espalha a destruição: mas a Consoladora dos Aflitos permanece em pé

Furacão Sandy chega aos Estados Unidos e provoca terríveis estragos em seu caminho. Cercada de dor e de destruição, em meio aos escombros, eleva-se incólume uma imagem da Virgem Santíssima, Nossa Senhora das Graças, como a mostrar que a Fé é maior e mais forte do que as tragédias humanas. A interceder pelo povo dos Estados Unidos: como a dizer que os furacões passam, mas existe uma Mulher que permanece de pé mesmo quando tudo desmorona ao redor.

Rezemos por aqueles sobre os quais se abateu esta catástrofe! Que Maria Santíssima lhes possa valer com Sua poderosa intercessão no meio da fúria da natureza; que, olhos fitos n’Ela, os que sofrem a ira do furacão possam encontrar a esperança necessária para superar as dificuldades presentes e transformá-las em sacrifício de valor sobrenatural para a Vida Eterna. Que Deus ajude a América.

“Nossa Senhora Rainha” – Dom Fernando Rifan

Na esteira da festa da Assunção da Virgem Santíssima (celebrada ontem no Brasil), reproduzo abaixo este bonito artigo de Dom Fernando Rifan que recebi por email. Sua Excelência fala de Nossa Senhora Rainha, mas fala também sobre os dez anos da Administração Apostólica São João Maria Vianney que, na última década, tem realizado um insubstituível trabalho de conservação e propagação das riquezas tradicionais da Igreja Católica no Brasil, neste tempo de tantas confusões que vivemos.

Há dez anos, os padres de Campos regularizavam a sua situação canônica e voltavam, assim, às fileiras dos exércitos do Vigário de Cristo para desempenhar um importante e decisivo papel no combate à crise que assolava então – e ainda hoje assola – a Igreja de Nosso Senhor. Num mundo caótico onde a rapidez das mudanças (infelizmente, muitas vezes dentro das próprias estruturas eclesiais) ameaçava fazer perder de vista os valores eternos, o clero de D. Mayer reconheceu o mal que estava causando por conta de um combate marginal realizado à revelia da própria Igreja e, não raro, contra Ela própria. Perceberam, graças a Deus, qual era o seu papel. E voltaram!

O combate por certo não está terminado, e ainda há muita coisa para ser feita. A situação da Igreja, se hoje se encontra melhor do que há dez anos, ainda exige de nós católicos muito suor e muitas lágrimas. Mas a presença serena dos sacerdotes amigos da Administração nos dá forças para lutar e nos faz ver que, por piores que estejam as coisas, o Evangelho de Jesus Cristo, novidade perpétua e sempre o mesmo, tão antigo e tão novo, é fecundo ainda nos dias de hoje e, mesmo no nosso século, é capaz de dar frutos verdadeiros para o bem da Igreja, para a glória de Deus e a salvação das almas.

O nosso muito obrigado à Administração Apostólica. Que a Virgem Santíssima, Regina in caelum assumpta, possa continuar intercedendo por ela e, através de Suas mãos virginais, consiga aos padres de Campos e ao seu Administrador Apostólico todas as graças necessárias para que eles continuem perseverantes no Bom Combate, a despeito das decepções e das traições de hoje.

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NOSSA SENHORA RAINHA

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*  

            Celebramos no dia 22 de agosto a festa do Imaculado Coração de Maria, Nossa Senhora Rainha, belos títulos de Maria, a Mãe de Jesus.

Na semana passada, celebramos a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, em honra da singular graça a ela concedida por Deus, levando-a em corpo e alma para o Céu. Honra singular, como fora a sua Imaculada Conceição. Deus antecipou nela a sorte que está reservada a todos os justos na Ressurreição final. O que já aconteceu com a Santíssima Virgem, acontecerá conosco, esperamos da misericórdia divina: será a nossa vitória definitiva sobre a morte, Por isso, sua Assunção nos enche de esperança e alegria, a nós, pecadores, que ainda gememos e choramos neste vale de lágrimas.

Na festa da sua Assunção, celebramos os 10 anos da criação da nossa Administração Apostólica e o 10º aniversário da minha Ordenação Episcopal, com uma belíssima Santa Missa Pontifical, com o maravilhoso sermão de Dom Fernando Guimarães, bispo de Garanhuns, com a presença de vários Arcebispos e Bispos da nossa região, de inúmeros sacerdotes, seminaristas, autoridades municipais e estaduais e cerca de dois mil fiéis vindos de diversas partes do nosso Estado e do Brasil. Agradecemos aqui mais uma vez a presença de todos e as inúmeras mensagens de congratulações recebidas, especialmente a do Santo Padre o Papa Bento XVI, do Núncio Apostólico, e de dezenas de Cardeais, Arcebispos e Bispos de todo o Brasil e do exterior, expressão da comunhão e amizade que muito nos honra.

A festa de Nossa Senhora Rainha é a continuação da sua Assunção. No Céu, a Virgem de coração mais humilde foi a mais exaltada, conforme prometeu Jesus: “quem se humilha será exaltado”. Foi recebida no Céu pelos coros dos anjos e coroada por seu Divino Filho, recebendo as honras da Santíssima Trindade.

Daí vem o piedoso costume da Coroação de Nossa Senhora, como sempre se fez e faz em muitas paróquias. Este gesto da coroação é simbólico. No século X, o rei da Hungria Santo Estevão consagrou o seu reino a Nossa Senhora, colocando a sua coroa aos pés da imagem de Maria Santíssima. O mesmo fez Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, gesto repetido por Dom João IV, com oferta de vassalagem e promessa de feudo de Portugal a Nossa Senhora. Daí por diante os reis de Portugal não mais usaram a coroa, pois pertencia a Maria Santíssima, e todos são retratados sem coroa, tendo-a ao lado em uma almofada. A Rainha era a Mãe do Céu. O Brasil, pois, já estava incluído. Felizes tempos que tiveram tais governantes!

Em 1904, Nossa Senhora Aparecida foi coroada Rainha do Brasil. Em 1930, no Rio de Janeiro, então capital do país, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha do Brasil, foi proclamada oficialmente padroeira de nossa Pátria em ato solene realizado pelo Episcopado Brasileiro, na presença do Presidente da República, o Sr. Getúlio Vargas, de eminentes autoridades e de uma multidão de brasileiros, ufanos de ter tal rainha e patrona.

 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

III Campanha Nacional de Consagrações – venha fazer parte dos exércitos da Santíssima Virgem!

Este ano de 2012, o Tratado da Verdadeira Devoção à SSma. Virgem completa 300 anos. Devido à data propícia, este ano a Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria (que já foi lançada) espera conseguir um número particularmente significativo de adesões, a fim de arrastarmos aos pés de Cristo – por meio da Virgem Santíssima – um verdadeiro exército de almas sedentas por se entregar de modo mais perfeito a Nosso Senhor.

Vejam no Consagra-te! a chamada para a III Campanha de Consagrações, que está bem completa. Para os que ainda não a conhecem, naveguem um pouco pelo site e vejam no que consiste esta Consagração, aprendam como se preparar, conheçam os eventos que estão programados para este ano e baixem o material necessário para se entregar à mais doce escravidão de amor, entre outras coisas.

Quem tiver a oportunidade, que se consagre já! São Luís de Montfort nos ensina que foi pela Virgem SSma. que Nosso Senhor veio ao mundo e, portanto, é por meio d’Ela que Ele quer reinar no mundo. Façamos a nossa parte para apressar este santo reinado; tornemo-nos, o quanto antes, súditos do Rei da Glória por meio das doces mãos da Rainha dos Céus.

Ele não deixaria inacabada!

O Cristianismo é a religião do Verbo Encarnado, e esta é uma das suas características de conseqüências mais maravilhosamente radicais. Não significa simplesmente que Deus existe, que nos criou e nos ama; não significa apenas que Ele nos destinou a uma Bem-Aventurança superior àquela a que nós seríamos merecedores por natureza. Não quer dizer meramente que Ele Se revelou a nós, comunicando-nos à inteligência verdades sublimes sobre Si. Tudo isso é verdadeiro, mas a Encarnação é um acontecimento muito maior. Trata-se de algo muito mais misterioso e profundo, muito mais sublime e incompreensível: queremos dizer que Deus tomou por Sua a nossa carne, assumiu a nossa humanidade e, assim, fez-Se um de nós.

Fez-Se um de nós! O Deus Altíssimo, Criador dos Céus e da Terra, habitando eternamente em luz inacessível, dignou-Se revestir-Se das coisas criadas e, nos mais limítrofes rasgos de Sua Onipotência, confinou a Eternidade ao tempo e circunscreveu o Infinito ao ser humano. As reais dimensões desta verdade já incontáveis vezes a nós repetida encontram-se, não obstante, para muito além da nossa compreensão. Mas a Igreja Católica com freqüência nos possibilita um vislumbre da excelsa dignidade a que foi elevada a natureza humana e, por meio daquilo que festeja na terra, prepara-nos para o que nos aguarda no Céu.

Hoje é a festa da Gloriosa Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, da Imaculada e Sempre-Virgem Mãe de Deus. O dogma, todos sabem o que quer dizer; nas palavras da Munificentissimus Deus, significa que «a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial». Mas estas palavras já repetidas à exaustão podem nos fazer considerar de maneira leviana este dogma da Fé. Para uma melhor compreensão do que ele nos revela, é-nos útil considerar o que a Religião nos ensina sobre a relação entre o corpo e alma.

Segundo a antropologia cristã clássica, corpo e alma estão de tal maneira unidos que, juntos, perfazem uma unidade substancial. Isto atrela de maneira irredutível o destino de um ao de outro; a glorificação da alma, ao contrário do que postulam certas filosofias de influência espírita, exige e implica a glorificação do corpo. A primeira vez que isso me ficou claro foi quando um amigo traçava um paralelo entre o Pecado e a Redenção. O pecado arrastara o corpo à corrupção do túmulo e à morte; ora, se a salvação não fosse capaz de resgatar também o corpo humano desta desordem original, então haveria ainda um aspecto da existência humana que permaneceria sob o poder de Satanás a despeito do Sacrifício de Cristo. A culpa seria maior que a Redenção e, o Pecado, maior do que a Graça, o que é absurdo. Logo, também ao corpo humano – a este corpo humano que Deus quis assumir! – está destinada a Bem-Aventurança, também ele é capaz da Glória. Como exatamente se dará isso é-nos desconhecido; nas palavras do Apóstolo, trata-se daquilo que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não imaginou. Mas sabemos, com certeza, que haverá olhos para ver e ouvidos para ouvir o que Deus tem preparado para os que O amam.

E a Assunção da Santíssima Virgem é motivo para que nos alegremos e, juntando-nos aos cristãos de todos os séculos, cantemos as glórias da Bem-Aventurada Mãe de Deus, d’Aquela que foi Imaculada desde o primeiro instante da Sua concepção; d’Aquela a Quem Deus, tendo tomado por Mãe quando desceu à terra, não permitiu que sofresse a corrupção do túmulo à qual Ela, não havendo tido jamais parte com o pecado, não estava por justiça sujeita.

Na verdade, a festa hoje celebrada é a coroação daquela outra que nós celebramos no dia oito de dezembro: é o cumprimento das promessas de Deus, a realização plena de Sua vontade, o arremate de Sua obra mais perfeita que Ele não deixaria inacabada! Porque parece que faltaria alguma coisa na História da Salvação se a Santíssima Virgem não tivesse sido elevada aos Céus: faltaria um troféu importante da vitória sobre a Morte e, sobretudo, faltaria uma graça que o Todo-Poderoso não teria concedido nem mesmo Àquela que foi chamada de “Cheia de Graça”, faltaria um agrado que o Senhor não fizera nem mesmo à Sua própria Mãe – e, se Ele tivesse negado a glorificação do Corpo Àquela que O carregou do ventre, nós outros, pecadores miseráveis, não poderíamos jamais ousar esperá-la para nós próprios. Mas o Deus Altíssimo não é mesquinho e, por isso, nós podemos ter esperança. Maria Santíssima foi assunta aos Céus, e a Vitória de Cristo está completa. Salve, ó Virgem Gloriosa! Lembrai-Vos de nós na presença de Deus. Rogai por nós, os pecadores. Sede em nosso favor. Alcançai-nos as graças de Deus. Sede nossa salvação.

Assumpta est Maria in caelum:
gaudent Angeli, laudantes benedicunt Dominum.

Ele ressurgirá – Sábado Santo

No dia de hoje – lembrava-nos pela manhã o sacerdote – não há nada na Igreja. Nada, nem missa matinal ou vespertina, nem nenhuma celebração litúrgica (como a de ontem), nem nada. A única cerimônia do Sábado Santo é a que ocorre mais tarde, nesta noite: a gloriosa Vigília Pascal. Antes disso, a Igreja vive da santa expectativa da Ressurreição do Salvador.

Vivemos hoje desta bendita esperança! Eu já disse algures que, no dia de hoje, o Altíssimo não deixou o mundo desamparado: deixou-nos a Virgem Santíssima, Sua gloriosa Mãe. Hoje invocada sob o título de Nossa Senhora da Soledad, mas também – por que não? – como Nossa Senhora da Esperança. A Esperança certa de que o Sol da Justiça ressurgirá; a Esperança confiante de que a Morte não tem a última palavra e, afinal de contas, o Amor não foi derrotado na Cruz da Sexta-Feira. Deus vencerá: esta verdade resplandece n’Ela – que é, por Si só, evidência incontestável da vitória de Cristo – com uma clareza capaz de sobrepujar os nossos medos e incertezas.

A Virgem Santíssima é verdadeiramente, hoje mais do nunca, penhor da nossa esperança! A garantia de que Cristo voltaria ao mundo é Maria Santíssima ter ficado por aqui; se Ele A deixou, voltará certamente, nem que seja apenas por conta de Sua Divina Mãe. Voltará com certeza, e nós podemos nos convencer desta verdade se olharmos nos olhos desta Mulher que permaneceu de pé diante do Calvário, se nos segurarmos com confiança nas barras da saia desta que Cristo, do Alto da Cruz, nos deixou por Mãe.

Cristo, mais tarde, irá irromper glorioso das trevas do Túmulo. Esperemos com confiança a Sua Vitória; mas esperemo-la ao lado da Virgem Santíssima, ao lado deste resquício de Graça – ou melhor, deste Mar de Graças – que permaneceu no mundo e é capaz de santificar o mundo inteiro. É capaz de fazer o mundo valer a pena, e de nos dar a certeza de que Deus não desistiu de nós. Ele ressurgirá. E nós, esta noite, iremos esperá-Lo.