Sermão do Nascimento da Mãe de Deus – pe. António Vieira

[Não poderíamos deixar de lembrar com alegria e gratidão do dia de hoje; do dia em que nasceu Aquela que haveria de ser a Mãe do Salvador. Hoje a Igreja inteira celebra a festa da natividade da Virgem Santíssima; d’Aquela Mulher que, quando o mundo jazia no pecado, resplandeceu cheia de Graça iluminando-o com uma luz que ele não via há muito tempo. Iluminando-o com uma luz que era prenúncio da Luz do Seu Divino Filho.

Os diversos títulos da Virgem Mãe de Deus sempre me deixam admirados. Em particular, gosto de quando A vejo chamada “Stella Matutina”, Estrela da Manhã. Assim como esta estrela (Vênus, se não me engano) surge brilhante quando ainda é noite, assim a Virgem Santíssima surgiu ainda nas trevas do mundo. Como um sinal d’Aquele que estava por vir.

Que Ela também surja em nossas vidas, escurecidas pelo pecado; que seja a esta Senhora, Refugium Peccatorum, que nos apeguemos com confiança quando nossas almas estiverem em trevas. Que A recebamos com filial confiança, certos de que, d’Ela, mais uma vez, havemos de receber Nosso Senhor, havemos de receber a Graça capaz de transformar as nossas vidas. Antes que a Luz resplandecesse nas Trevas esta Estrela surgiu na escuridão dos Céus; e, tão certo como a aurora segue o aparecimento da Estrela da Manhã, também a Graça há de (re)nascer nas almas que permitirem que, nelas, resplandeça gloriosa a Virgem Imaculada. Que Ela nasça em nós, para que em nós Nosso Senhor possa nascer d’Ela. Que estejamos sempre muito unidos a Ela, a fim de estarmos unidos ao Seu Divino Filho.]

Mas o que sobretudo dificultava o entendimento de tantos e tão vários enigmas era ser um só o sentido de todos. E qual era? Era a prodigiosa Menina que hoje nasce, e o fim – e fins altíssimos – para que nasceu. Nasce (ide agora lembrando-vos, ou desenrolando as figuras) para ser Arca de Noé, em que o gênero humano afogado no dilúvio se reparasse do naufrágio universal do mundo. Nasce para ser Escada de Jacob, e não para que os descuidados de sua salvação se não aproveitassem dela, como o mesmo Jacob dormindo, mas para que vigilantes e seguros subam por Ela da terra ao Céu. Nasce como Vara de Moisés, para ser o instrumento de todas as maravilhas de Deus, e a segunda jurisdição [?], fama e alegria de Sua onipotência. Nasce para ser o verdadeiro e infalível Propiciatório, em que o Deus das vinganças, ofendido e irado, trocada a justiça em misericórdia, tenhamos sempre propício. Nasce para ser Trono do Rei dos Reis, o Salomão divino, ao qual Trono as três hierarquias das criaturas visíveis e as três das invisíveis servem de penha [?], não humildes como degraus por se confessarem sujeitas à Sua grandeza, mas soberbas como leões por acrescentarem altura à Sua Majestade. Nasce para ser Torre fortíssima de David, fornecida e armada de milhares de escudos tão próprios [?] e aparelhados sempre à nossa defesa, como seguros e impenetráveis a todos os tiros e golpes de nossos inimigos. Nasce para ser verdadeira Arca do Testamento, coroada com as duas coroas de Mãe e Virgem, dentro da qual não só se conservarão sempre inteiras as tábuas da Lei, mas esteve e está encerrado o Maná, que desceu do Céu, onde quotidianamente o podemos colher, por isso coberto e encoberto, mas não fechado. Nasce para ser Tabernáculo no deserto, e Templo em Jerusalém: Tabernáculo em que Deus havia de caminhar peregrino, e Templo em que havia de morar de assento, tão imóvel e permanente n’Ela como em Si mesmo. Nasce para ser não uma, senão as duas árvores famosas do Paraíso terrestre, a da vida e a da ciência; porque d’Ela havia de nascer o bendito fruto em que estão depositados todos os tesouros da ciência e da sabedoria de Deus, e o da vida da Graça no mesmo Paraíso perdida e por Ela restaurada. Nasce para ser em Seus passos como os daquelas duas colunas que guiaram o Povo escolhido à terra de Promissão: uma de nuvem para nos emparar e defender dos raios do Sol da Justiça, e outra de fogo para nos alumiar na noite escura desta vida até nos colocar seguros no dia eterno da glória. Nasce, enfim, para ser Vara de Jessé, de cujas raízes havia de nascer a mesma Vara Maria que hoje nasce, e a mesma flor Cristo Jesus que dela nasceu: Maria, de qua natus est Iesus.

[…]

Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus: Maria, de qua natus est Iesus.

[…]

Para entrar no Céu e para ir ao Céu basta guardar os mandamentos; mas uma coisa é poder entrar no Céu e, outra, ter e gozar no Céu um lugar e um trono muito alto e altíssimo, e este é o fim dos que na terra guardam os conselhos de Cristo. Lastimosa, e lastimosíssima coisa é que neste mundo todos queiram ser dos maiores, e só para o Céu nos contentemos com ter lá um cantinho: Si vis ad vitam ingredi…

Ora, Senhoras, para que o fim que vos espera no Céu seja não só alto, mas altíssimo (sendo certo que o grau em que lá havemos de ver e gozar a Deus se há de medir com a mesma ventagem [?] e excesso com que O servimos e amamos na terra), que exemplo vos proporei eu para imitar nesta primeira parte do mesmo fim? Estou quase certo [de] que nunca ouvistes deste lugar uma lisonja [como a] que agora vos direi. E qual é? Que para agradecerdes a Deus o terdes nascido neste mundo, imiteis a mesma Virgem Maria que hoje nasceu. E em quê? Naquele mesmo fim com que provamos ser digno das maiores demonstrações de festa, aplausos e alegria o dia do seu nascimento. O fim com que provamos esta verdade, não foi nascer Maria para dela nascer Jesus: Maria, de qua natus est Iesus? Pois este mesmo fim, e em próprios termos é a lisonja, que vos prometi dizer. Vede se pode ser maior. Vem a ser: que nenhuma filha de São Bernardo, pois é filha de tal Pai, se contente com menos [do] que com ser Mãe de Jesus. Nosso Pai São Bernardo, falando nesta matéria mais altamente que todos, disse com a eminência do seu espírito e juízo que, havendo Deus de ter Mãe, não era decente que fosse senão Virgem, e que havendo uma Virgem de ter Filho, não era também decente que fosse senão Deus. (…) Não é coisa logo alheia do estado virginal, ó Virgens consagradas a Deus, que cada uma de vós imite a Virgem das Virgens em ser Mãe de Jesus.

Pe. António Vieira,
Sermão do Nascimento da Mãe de Deus

II Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria

[Reproduzo o post da II Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. O “Consagra-te!” está responsável por centralizar estas informações; remeto quem quiser mais detalhes à fonte original do artigo.

Consagremo-nos à Virgem Santíssima, consagremo-nos Àquela que é nossa Mãe! O inferno treme só de ouvir falar na devoção a esta Mulher que venceu sozinha todas as heresias do mundo inteiro. Entreguemo-nos a Ela, e o mais Ela fará.]

II Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria

 

“Apareceu no céu um Grande Sinal: uma Mulher Vestida de Sol, a lua debaixo dos Seus Pés, e na Cabeça, uma coroa de Doze Estrelas. (…) Foi então precipitado o grande Dragão, a Primitiva Serpente, chamado Demônio ou Satanás, o sedutor do mundo inteiro.” (Ap 12, 1; 9) “Quem é Essa que surge como a aurora, Bela como a lua, Brilhante como sol, Temível como um exército em ordem de batalha?” (Ct 6, 10).

“Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Coração Imaculado. Se fizerdes o que vos digo, muitos almas se salvarão e terão paz. (…) Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará.”(Nossa Mãe Santíssima em Fátima, 1917)

“Por Maria Jesus Cristo vem a nós, e por Ela devemos ir a Ele.” (São Luis Maria Montfort)

Em 2010, tivemos nossa I Campanha Nacional de Consagrações à Nossa Mãe Santíssima. Mais de 100 pessoas participaram, e fizeram a Consagração Total à Virgem Maria, pelo método que São Luis Maria Montfort nos ensina no seu maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.

Este foi o livro de cabeceira de nosso querido Bem-Aventurado João Paulo II, que sob o lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”, Todo de Maria…), tão bem viveu e testemunhou esta Consagração!

Agora, neste ano de 2011, em que providencialmente o Bem-Aventurado João Paulo II foi elevado à Gloria dos Altares, tendo sido Beatificado pelo Santo Padre Bento XVI, teremos uma Campanha muito maior, que está sendo divulgada em vários de nossos sites e blogs católicos!

Queremos neste ano, de forma especial, nos unir também aos católicos de Portugal, país tão amado pela Virgem Maria, que em sua aparição em Fátima prometeu: “Em Portugal, se conservará sempre o dogma da fé.”

A abertura da nossa II Campanha Nacional de Consagrações se deu no dia 26 de Junho, no encontro “Consagra-te” em Várzea Grande-MT (ao lado de Cuiabá). Havia mais de 1000 pessoas presentes, e o evento contou com a pregação do Pe. Paulo Ricardo.

Para os que ainda não tiveram a graça de assistir, as 3 palestras do evento estão disponíveis aqui (o texto continua abaixo).

Consagra-te à Virgem Maria – Parte 1 de 3

Consagra-te à Virgem Maria – Parte 2 de 3

Consagra-te à Virgem Maria – Parte 3 de 3

Convidamos, então, todos os católicos a se unirem conosco nesta Campanha, fazendo também a sua Consagração Total pelo método de São Luis Montfort, ou renovando a Sua Consagração, no dia 08 de Dezembro de 2011 (Solenidade da Imaculada Conceição).

A preparação e a Consagração poderão ser feitas em qualquer lugar, já que é um ato interior e espiritual.

São Luis Montfort recomenda que se faça 30 dias de preparação, com algumas orações simples, que poderão ser feitas individualmente ou em grupo, a começar então no dia 08 de Novembro de 2011 (elas são indicadas no próprio “Tratado” (n. 227, 233), e estaremos indicando via internet também (são 30 dias, se contarmos as 3 semanas de São Luis Montfort como “6 dias”, mas 33 dias se contarmos como “7 dias”; aqui seguiremos o planejamento dos 30 dias, pois muitos estarão se preparando conforme o livro de preparação editado pela Arca de Maria que segue o método dos 30 dias).

Duas recomendações importantes:

Primeira Recomendação

De forma geral, recomendamos que NÃO se Consagre, e NEM MESMO que se inicie os 30 dias de preparação sem a leitura completa do “Tratado”, pois como poderá preparar-se bem para a Consagração, sem a conhecê-la bem? Além do mais, a Consagração é feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta preparação.

Até porque a Consagração poderá ser feita em outro momento mais adiante, após a leitura do livro. Provavelmente organizaremos outras Campanhas para a Consagração em grupos em outras datas; e a Consagração também pode ser feita de forma individual, em uma data a livre escolha da pessoa.

Para quem ainda não tem o “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, ele poderá ser adquirido através dos links abaixo em versão PDF ou em versão impressa; os que desejarem, poderão também baixar as orações para os 30 dias de preparação (08 de Novembro a 08 de Dezembro).

Segunda Recomendação

Recomendamos que aqueles que puderem, participem de um grupo de preparação para a Consagração, que se reúna para estudar o “Tratado” e rezar juntos.

Este grupo poderá ser formado espontaneamente, por iniciativa de pessoas que desejam se consagrar, ou pessoas que já se consagraram e desejam ajudar a preparar outras para se consagrar (é importante a participação dos que já se consagraram no grupo, pelo seu testemunho a ser partilhado).

Temos, porém, representantes que estão à frente da nossa Campanha em várias cidades do Brasil e Portugal, e poderão ir formando Grupos de preparação à medida que forem procuradas para isso. Temos também o nosso grupo de estudos via internet, através de Facebook, Orkut e Chats no MSN (vide abaixo). Os que desejarem, convidamos a entrar em contato com nossos representantes nos e-mails que divulgamos a seguir, ao final desta postagem.

Também no mês de Outubro de 2011 o Pe. Paulo Ricardo estará, em seu programa semanal ao vivo no sitepadrepauloricardo.org, todas as terças-feiras às 21h (horário de Brasília), explicando o Tratado parte por parte.

Em relação à formação dos grupos, algumas sugestões:

– É importante que participem deste grupo somente pessoas que já tenham uma fé católica e uma busca de vivência cristã, caso contrário, o grupo poderá se tornar um local de debate, se afastar do seu objetivo atrapalhando as pessoas que querem se Consagrar (é claro que o diálogo é importante, mas há outros locais para isso).

Aqui não importa o número, e sim, aqueles que a Virgem enviar. Três pessoas já é um grupo!

– O estudo do Tratado deverá encerrar-se até a primeira semana de Novembro, pois no dia 08 iniciaremos as orações de preparação.

– A frequência dos encontros do grupo poderá ser feita conforme a disponibilidade: semanal ou quinzenal. Como o nosso tempo é relativamente curto, sugerimos que durante o mês de Setembro, reúnam-se as pessoas para os grupos, para que na primeira semana de Outubro iniciem-se os encontros semanais, até a primeira semana de Novembro (totalizando, portanto, 5 encontros) para no dia 08 de Novembro iniciarmos as orações de preparação.

– O local da reunião poderá ser em residências ou, na medida do possível, em paróquias, seminários, casas religiosas…

– O encontro poderá iniciar com a Oração do Santo Terço, seguida de um estudo de um ou dois capítulos do Tratado.

– Conforme o tempo disponível e o número de encontros, pode-se dividir para que em cada encontro se estude um ou dois capítulos do Tratado (o Tratado tem 8 capítulos, mais a Introdução). Se forem 5 encontros, sugerimos que no 1º se faça uma apresentação dos participantes e do Tratado, e nos demais o estudo de 2 capítulos do Tratado em cada encontro.

– Para cada encontro, todos lêem antes do encontro o(s) capítulo(s) estudado(s), e em cada encontro algumas pessoas do grupo podem ficar responsáveis em conduzir uma partilha, comentando sobre os pontos que mais lhe chamaram atenção, e oportunizando que todos do grupo comentem também. O fato de pessoas diferentes ficarem responsáveis pela condução propicia mais a participação envolvimento de todos.

– Muita atenção ao dia que se estudar o capítulo 4, pois a questão do oferecimento dos méritos e do valor de todas as obras passadas, presentes e futuras, que se faz na Consagração, faz parte da essência da mesma e isso precisa ser deixado muito claro (ver as questões 1, 2, 3 e 4 do texto “13 perguntas sobre a Consagração Total”, presente na parte de baixo desta postagem).

– Recomenda-se que todos assistam as 3 palestras do Pe. Paulo Ricardo “Consagra-te à Virgem Maria”, que trazemos no início desta postagem. Havendo possibilidade, poderão assistir em grupo.

– No dia 08 de Dezembro de 2011, a Consagração poderá ser feita em grupo (seja participando da Santa Missa em Cuiabá-MT celebrada pelo Pe. Paulo Ricardo, ou reunindo-se em outro lugar, com Missa – de preferência! – ou não).

Importante

Os que desejarem participar da nossa Campanha, fazendo a sua Consagração Total ou renovando, presencialmente ou não, deverão enviar seus nomes para o seguinte e-mail: consagrate@hotmail.com, indicando:

  • – Nome completo
  • – Local onde mora
  • – Se está se Consagrando ou renovando a Consagração
  • – Se deseja ou não se consagrar presencialmente em Cuiabá-MT na Santa Missa celebrada pelo Pe. Paulo Ricardo (o prazo para enviar os nomes para se Consagrar presencialmente é 20 de Novembro de 2011, sem possibilidade de protelação, pois precisamos preparar o local).

As dúvidas de todos poderão ser respondidas também por este e-mail: consagrate@hotmail.com

Pedimos que esta postagem seja divulgada nos diversos sites e blogs católicos, bem como listas de e-mails, Twitter, Facebook, Orkut, e assim por diante… para formarmos uma grande rede de Consagração à Santíssima Virgem!

Blog de referência: http://www.consagrate.com

13 perguntas comuns à respeito da Consagração Total

1. Em que a Consagração proposta por São Luis Maria Montfort se diferencia das demais consagrações a Santíssima Virgem?

A Consagração proposta por São Luis é uma Consagração total, da pessoa inteira, como fala na própria fórmula da consagração, em “corpo, alma, bens exteriores, bens interiores, valor das obras boas passadas, presentes e futuras.”

E aqui é importante esclarecer: o que é este valor das boas obras?

Segundo o próprio São Luis explica, é o valor espiritual de todas as nossas obras de virtude, que se dá em 3 aspectos:

– Valor meritório: aumenta o nosso grau de glória no céu..

– Valor satisfatório: diminui a nossa eventual pena no purgatório

– Valor impetratório: é o valor que podemos “aplicar”, oferecendo uma obra de virtude por uma intensão em particular. Por esta consagração, nós nos entregamos inteiros a Virgem, e inclusive entregamos o valor das nossas boas obras, nos despojando daquilo que seria um “direito” nosso, para que Ela possa dispor deste valor livremente, e usar da forma como for melhor.

Por exemplo: por esta consagração à Virgem pode usar o valor de uma boa obra nossa para converter uma pessoa do outro lado do mundo, que nem conhecemos, que só conheceremos no céu! A explicação deste ponto encontra-se nos números 121125 do Tratado.

2. Isto significa que esta consagração é superior as outras formas de consagração a Virgem?

Não necessariamente, se em outra forma de Consagração a pessoa se consagra com a consciëncia e a intensão de, entregando-se totalmente, consagrar também os seus bens espirituais, como explicamos acima, mesmo que a fórmula desta outra forma de consagração não explicite isso.

O diferencial da forma proposta por São Luis Montfort é que a fórmula expressa isso claramente, e a leitura do livro, bem como os 30 dias de preparação que ele propõe, tem como objetivo preparar a alma para este ato de Consagração Total.

3. Isso significa que, fazendo a Consagração, eu poderei me prejudicar no sentido de sofrer mais no purgatório, por ter renunciado aos meus bens espirituais?

São Luís responde sobre isso claramente no Tratado (n. 133), e diz que não!

Que Nosso Senhor e Sua Santíssima Mãe são mais generosos neste e no outro mundo, com aqueles que mais generosos lhe forem nesta vida… Ou não confiamos na Justiça e na Misericórdia de Deus?

Como acontecerá isso, não sabemos, é um mistério!

Pois está é a renúncia do Evangelho: é renunciar é ganhar cem vezes mais (Mc 10, 28-31). É perder pra ganhar.

Mais do que uma renúncia, poderia-mos dizer, a Consagração é um investimento; é colocar nossos bens mais preciosos nas Mãos Daquela que sabe administrá-los melhor do que nós, porque é a Grande Tesoureira de Deus; é colocar nossos bens na Arca do Imaculado Coração de Maria.

Alguns sugerem que Deus e Sua Mãe usem os bens espirituais de um consagrado para beneficiar outros consagrados.

Assim, os bens espirituais entregues nas Mãos Imaculadas da Virgem Maria multiplicam o seu valor, e os bens de um consagrado podem beneficiar muitos outros consagrados, e todos aqueles que Deus desejar.

4. Isso significa que, tendo feito a Consagração, eu não poderei mais fazer pedidos a Deus e a Virgem?

Poderei, sim, é o que São Luis responde no Tratado (n. 132).

O que eu não poderei mais é oferecer o valor das minhas obras por uma intensão particular (ex: fazer um jejum por uma determinada intensão), pois o valor das minhas obras, no ato de Consagração, já foi oferecido a Virgem, para que Ela, que sabe adminsitrar melhor do que, disponha livremente deste valor, para usa-lo segundo o Seu Coração.

Já fazer pedidos, eu posso; e com mais confiança ainda: pois serão os pedidos de um súdito que, por amor, entregou todos os seus bens a Sua Amada Rainha, e pede com a confiança de quem sabe que conta com toda a benevolência Dela.

Obs: São Luis ainda garante que essa Consagração é compatível com o estado de vida de cada um, e por isso não prejudica os deveres de estado de cada vocação; por exemplo, de um sacerdote que, por dever ou outro motivo, deve oferecer a Santa Missa por alguma intensão particular; pois a Consagração deve ser feita segundo a Ordem de Deus e os deveres de estado de cada vocação (n. 124).

5. Em que sentido se dá a “escravidão” à Virgem Maria? Parece algo tão estranho este termo…

É “estranho” porque precisa ser compreendido em seu significado espiritual. Se dá no mesmo sentido que a Virgem disse ao Arcanjo São Gabriel na Anunciação: “Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim conforme a Tua Palavra.” (Lc 1,38) Se dá também no sentido do que Jesus viveu, como diz São Paulo aos Filipenses (F2, 7): “Aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de Escravo”.

São Luis mostra que naquela época não existia “servos / empregados” como existe hoje, e existia apenas escravo. A diferença é que o servo não depende totalmente do seu senhor, o escravo depende! A Virgem, em sua liberdade, é Escrava por Amor, porque quis se entregar inteiramente ao Serviço do Seu Amado, do Deus que Ela ama! Por esta consagração total, seguimos o exemplo da Virgem, nos entregando, por amor, para sermos “escravos de Jesus”, ou “escravos de Jesus por Maria”, ou ainda “escravos de Maria”. Todos estes termos estão corretos, diz São Luis, entendendo bem o seu significado.

E por esta Consagração, seguimos também o exemplo de Jesus, que se submeteu totalmente a Sua Santíssima Mãe quando se encarnou e foi gerado por Ela!

As referências para este assunto estão nos números 68 a 77 do Tratado, e do número 139 a 143.

6. Há alguma prática exterior obrigatória para que a Consagração se efetive?

Não há no Tratado nenhuma evidência que ateste isso.

Pelo contrário: São Luis fala no Tratado (n. 226) que a Consagração é essencialmente interior.

E que as práticas exteriores (oração do Rosário, do Magnificat, prática da penitência, trazer junto de si um sinal externo da Consagração, ingresso em movimentos marianos, preparação de 30 dias de oração antes da Consagração, etc) são recomendáveis, mas não são moralmente obrigatórias para um consagrado (pois não se faz nenhum voto, nesse sentido, ao se fazer a Consagração), nem são necessárias para que a consagração seja válida.

Até porque São Luis Montfort, que propõe todo este método de Consagração, não criou a Consagração, nem é um rito que ele insituiu; inclusive ele fala de muitos santos que viveram essa Consagração antes dele.

O que São Luis nos dá é um método para nos ensinar e ajudar a se preparar e a viver esta Consagração.

7. A Consagração implica em voto de celibato?

Não. São Luis deixa claro que a Consagração é um ato interior, e não menciona o celibato quando fala dos práticas exteriores recomendáveis.

A consagração do corpo, que a Consagração implica enquanto entrega total da pessoa, pode ser vivida pela virtude da castidade no estado de vida de cada um: os casados vivendo a sexualidade de acordo com o projeto de Deus, os não-casados vivendo na continência, os celibatários entregando-se inteiramente a Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima no seu celibato (ver Catecismo da Igreja Católica, n. 2348-2356).

8. Sou muito pecador! Isso é motivo para não fazer a Consagração?

Não, senão ninguém se consagraria!

É exatamente o contrário: a Consagração Total nos ajuda a sermos santos!

O que São Luis fala que é necessário (n.99), neste sentido, é a firme resolução de evitar o pecado mortal, o esforço para evitar outros pecados e a busca de uma autêntica vida de oração, penitência e apostolado.

O que, de alguma forma, é obrigação de todo o cristão…

9. Existe alguma data específica para que a Consagração seja feita?

Não há evidencias disso no “Tratado”, mas o costume é que seja em uma data mariana.

10. Como são estes 30 dias de preparação?

São orações simples, mas como uma intensão profunda, que São Luis propõe que se faça durante 30 dias, renovando todos os anos quando se renova a Consagração, da seguinte forma (n. 227-233):

A lista das orações e os textos delas encontram-se no apêndice do “Tratado”, ao menos na ediçào das Vozes, com as traduções para o português; as orações podem ser rezadas em português):

– 12 dias preliminares pedindo o desapego do mundo, rezando a cada dia “Veni, Creator Spiritus” e “Ave Maris Stela”.

– 1ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de si mesmo, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo” e “Ladainha de Nossa Senhora”.

– 2ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento da Virgem Maria, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela” e um Terço.

– 3ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de Nosso Senhor, rezando a cada dia a “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela”, “Oração de Santo Agostinho”, “Ladainha do Ssmo. Nome de Jesus” e “Ladainha do Sagrado Coração de Jesus”.

11. No dia da Consagração, o que se faz?

Se comunga (estando devidamente preparado, evidentemente; recomenda-se inclusive a confissão no próprio dia, se possível), se escreve a fórmula da consagração (se encontra no final do Tratado, chamada “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria”) e se assina, atestando a consagração interior.

Recomenda-se ainda que neste dia se faça alguma forma de penitência (n. 231-232).

12. Não li o “Tratado” ainda. Posso me Consagrar, ou iniciar os 30 dias de preparação, mesmo assim?

A nível geral, recomendamos que não se Consagre, e nem mesmo que se inicie os 30 dias de preparação sem a leitura completa do Tratado, pois como se poderá preparar bem para a Consagração, sem a conhecê-la bem?

Além do mais, a Consagração é feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta preparação.

Até porque a Consagração poderá ser feito em outro momento mais para adiante, após a leitura do livro.

Provavelmente organizaremos outros “arrastões” para a Consagração em grupos em outras datas; e a Consagração também pode ser feita de forma de isolada, em uma data à livre escolha da pessoa.

Assim, recomendamos que iniciem os 30 dias de preparação aqueles que completarem a leitura do Tratado.

13. Falhei em algum exercício prático nos 30 dias ou no dia da própria Consagração, ou então cometi algum pecado mortal durante a preparação. Devo desistir de me consagrar no dia que propus?

Recomendamos, a nível geral, que não desista, e faça consagração!

Pois como dissemos, ela é um ato interior, não depende necessariamente dos atos exteriores de preparação, o demônio odeia a consagração, e poderá se utilizar de um escrúpulo nosso em não ter cumprido 100% a preparação para nos tentar a desistir de fazer.

Por isso, recomendamos que não se desista por algumas falhas nesse sentido.

No caso de uma queda em pecado mortal, que haja, evidentemente, arrependimento e se busque a Confissão o mais rápido possível.

Representantes da Campanha no Brasil e Portugal

Os contatos pessoas que estão à frente da nossa Campanha em várias cidades do Brasil, (e mais abaixo, Portugal); essas pessoas poderão ir formando os Grupos de Preparação, a medida que forem procuradas para isso pelos que desejarem. Temos também abaixo o nosso grupo de estudos via internet, através de Facebook, Orkut e chats no MSN.

Bahia

  • Salvador
    • Arca de Maria: casasantarosa_arca@yahoo.com.br / Tel: (71) 4114 0140
  • Vitória da Conquista
    • Bethânia Bettencourt: bethassa@hotmail.com

Distrito Federal

  • Brasília
    • Giselle Pereira da Silva (Equipe Rainha dos Apóstolos): gisellemariae@hotmail.com
    • Luíza (Movimento Escalada de Brasília): luiza@fidesdei.info

Ceará

  • Fortaleza
    • Magnólia Moura de Almeira: maguimalmeida@hotmail.com

Goiás

  • Anapolis
    • Arca de Maria: casasaojose_arca@yahoo.com.br ou casanossasenhoradospobres@yahoo.com.br (62) 3316 5841 ou (62) 3706 0991
  • Goiania
    • Aliança Mariana Parresia (Juninho): comparresia@gmail.com (62) 9914 9906

Mato Grosso

  • Cuiabá
    • Angélica Remonatto (participante do “Namoro Sarado”, da “Missão Jovem” do “Enchei-vos”): angelica_remonatto@hotmail.com
    • Fabrícia Rodrigues (participante da Legião de Maria): rodfabricia@gmail.com
    • Kelly Santos (blog Cor Mariae): kelly_santos.arcanjos@hotmail.com
    • Nelmara Fabíola da Silva (participante do grupo Jovens Sarados): nell_fab@hotmail.com
    • Willian Vieira Ajala (participante do Ministério Universidades Renovadas): williankiomido@hotmail.com

Minas Gerais

  • Belo-Horizonte
    • Jefferson Maria (Missão Mater Rosarium): jefferson.sms@hotmail.com.br
  • Ituiutaba
    • Arca de Maria: casasantajuliana@yahoo.com.br / Tel:(34) 3262 0769
  • Monte Santo de Minas
    • Luciano Greggio: lucianagreggio@hotmail.com
  • Sete Lagoas
    • Moisés Rocha (Comunidade Filhos de João Batista): resgatejoaobatista@ig.com.br

Paraíba

  • Campina Grande
    • Mateus Mota Lima: mateusmotalima@gmail.com
    • Pedro Augusto Silva: pedroapsilva@hotmail.com

Pernambuco

  • Recife
    • Arca de Maria: casanossasenhoradasgracas@yahoo.com.br / (81) 8509 9930 / (81) 8248 9916
  • Vitória do Santo Antão
    • Arca de Maria: arcademaria.brasil@gmail.com (81) 8509 9930

Rio de Janeiro

  • Capital
    • Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (Cristiane): fraternidademaededeus@yahoo.com.br
    • Roberto Amorim: amorim-msn@hotmail.com

Rio Grande do Norte

  • Ceará Mirim
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***

Quem como Ela?

Um leitor do Deus lo Vult! pediu-me que comentasse uns textos absurdos divulgados por hereges protestantes [texto i, texto ii e texto iii], os quais cometiam a terrível blasfêmia de identificar a Gloriosa Mãe de Deus com um demônio vetero-testamentário. Ele próprio me adiantou que já havia uma refutação católica aqui; tendo isso em vista, passo eu próprio a tecer alguns comentários sobre o assunto. Falando mais sobre a alegação em si do que sobre os devaneios concretos dos quais os textos estão cheios.

Antes de qualquer coisa, cabe apontar que a acusação é totalmente gratuita e descabida, além de ilógica. Do fato de haver um demônio pagão à época do profeta Jeremias que se auto-denominava “rainha dos céus” não segue que não exista a verdadeira Rainha dos Céus, como o fato de Satanás querer tomar o lugar do Deus Altíssimo não implica na inexistência do próprio Deus Altíssimo, ou como (parafraseando Chesterton) uma nota falsa de cinqüenta reais não significa que não exista o Banco Central do Brasil. Aliás, é exatamente o contrário.

Satanás ousou apresentar-se como se fora o Altíssimo. Contra ele, levantaram-se as legiões de anjos fiéis ao Todo-Poderoso gritando-lhe: quis ut Deus?, quem como Deus? Se fossem protestantes as hierarquias angelicais, por certo que combateriam o próprio Deus Altíssimo sob o pretexto de que era exatamente isto o que afirmava de si o primeiro Anjo Caído. Aliás, coisa bastante parecida com isso já aconteceu – não com anjos, claro. E está registrada nos Evangelhos:

“Como pode este homem falar assim? Ele blasfema.
Quem pode perdoar pecados senão Deus?”
(Mc II, 7)

E este diabólico “quem (…) senão Deus?” dos escribas é materialmente muito parecido com o justíssimo “quem como Deus?” de São Miguel. Talvez estes judeus da época de Cristo tenham sido os legítimos antecessores dos hereges protestantes do século XVI – uns e outros negando a Nosso Senhor. Os fariseus e escribas eram incapazes de distinguir o Deus Verdadeiro dos demônios! Analogamente, os hereges dos tempos modernos que negam as honras devidas à Virgem Maria não conseguem diferenciar as santíssimas obras do Deus Altíssimo das pompas diabólicas dos sequazes de Satanás.

Ora, por qual motivo houve um dia um demônio que se apresentasse como rainha dos céus? Qual seria o porquê, senão pelo fato de haver a verdadeira Rainha dos Céus [inclusive registrada explicitamente nas Escrituras Sagradas: Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelasAp 12, 1], de Cujas honras e glórias os demônios são invejosos e as anseiam por roubar? Não é bastante óbvio que a falsificação diabólica aponta precisamente para a existência da obra santíssima do Todo-Poderoso? O fato dos orgulhosos demônios quererem para si este título não demonstra de maneira cabal que ele existe e já pertence por direito a uma Mulher que o inferno não é capaz de suportar?

É justamente a grandeza do Deus Verdadeiro que faz com que um demônio apresente-se aos homens como sendo ele próprio um deus. É também incontestável que o Deus Altíssimo não é a “rainha dos céus” – este título não Lhe é atribuído em lugar algum. Ora, considerando isso, é bastante claro que o demônio auto-apresentado como rainha dos céus não poderia senão estar desejando usurpar o lugar de Alguém – e quem seria Esta senão Aquela grandiosa Mulher coroada no Apocalipse, a Verdadeira Rainha dos Céus, Regina Caeli, a Gloriosa e Imaculada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa?

Satanás quis ser como Deus e foi resistido à face por São Miguel. Se há um demônio que deseja ser como a Virgem Santíssima, devemos resistir-lhe com coragem: não perseguindo a verdadeira Rainha dos Céus, mas perguntando ousadamente: quem como Ela? Aos demônios pagãos que se apresentam falsamente como rainhas do céu ou do mar, devemos responder com as palavras das Escrituras Sagradas: Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um exército em ordem de batalha? É certo que não pode ser demônio algum. É certo que Esta só pode ser aquela Mulher que um dia foi chamada de cheia de graça. Aquela que as Escrituras chamam de Mãe do Senhor. Aquela que todas as gerações proclamarão Bem-Aventurada.

Curtas

Imagem de Nossa Senhora e Missa na Forma Extraordinária em São Paulo. «Esta imagem é chamada de Imagem Sagrada, pois, estando exposta numa paróquia em Nova Orléans, verteu milagrosamente lágrimas humanas no dia 17 de julho de 1972. Investigação liderada pelo bispo de Nova Orléans concluiu não haver explicação natural para o fenômeno».

Do mesmo texto: «Em silêncio, devotamente e de olhar atento a tudo o que acontecia no altar, aqueles dois mil paulistanos suburbanos provaram-me definitivamente que a missa de São Pio V pode perfeitamente ser rezada para multidões. Embora a grande maioria dos presentes provavelmente nunca tenha assistido à missa antiga, não houve embaraços nem constrangimentos. Apenas alguns poucos presentes sabiam os momentos corretos de ajoelhar-se, levantar-se etc. e estes poucos foram suficientes para conduzir, pelo mero exemplo, a multidão a adotar a postura correta em cada parte da missa. Enganam-se, portanto, os que pensam que o Usus Antiquior é indicado apenas para pequenos grupos, de espiritualidade mais elevada».

A Virgem e a Eucaristia, como no sonho de Dom Bosco! Ambas – assim esperamos! – como um sinal de que as coisas estão melhorando. Como um prenúncio da vitória da Igreja.

Digno de menção, a propósito, o comentário sobre a Forma Extraordinária do Rito Romano. Eu sempre soube que o povo simples é perfeitamente capaz de assistir – e com muitíssimo fruto – a celebração do Santo Sacrifício segundo as rubricas anteriores à Reforma Litúrgica. São apenas os “sábios deste mundo” que, por não possuírem vida espiritual e por não entenderem as coisas de Deus, pretendem que os pobres também não a possuam ou as entendam…

* * *

Luteranos voltam à Igreja CatólicaDeo Gratias, et iterum dico, Deo Gratias! «Todos os membros da ALCC [Igreja Católica Anglo-Luterana] se farão católicos. A diferença de algumas Igrejas Anglicanas, a ALCC não tem “posturas inamovíveis” A ALCC não está interessada em absoluto em “preservar um patrimônio”. Ao contrário, trata-se de uma Igreja profundamente “romanizada”, que trabalha com todas as suas forças para “desfazer” a Reforma, porque considera que foi um trágico erro de proporções épicas, que nunca devia ter acontecido, e procura restaurar a unidade da Igreja segundo os critérios da Igreja Católica. A ALCC não pede para preservar um “patrimônio luterano”. A diferença do patrimônio anglicano, o patrimônio luterano é essencialmente teológico e, ao ter compreendido plenamente as heresias do luteranismo e ao ter aceitado a fé católica, a única coisa que pede e por que reza a ALCC é que se lhe permita “voltar para casa” e entrar na Igreja Católica, como filhos pródigos arrependidos. A única coisa que queremos é nos dissolvermos na Igreja Católica, como católicos normais».

Isto, sim, são os verdadeiros frutos do Ecumenismo: a volta dos filhos pródigos à casa paterna, o retorno das ovelhas tresmalhadas ao único redil do Senhor. Há festa nos Céus. Que, a este exemplo, sigam-se outros e mais outros em profusão.

* * *

– Enquanto isso, Lula chama de bobagem palavras de Nosso Senhor (!!). Sim, senhoras e senhores, o ex-presidente que é “católico a seu modo” abre a boca para blasfemar desta maneira. «Bobagem», disse o ex-presidente, «essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra».

E quem ainda não compreendeu que o Reino de Nosso Senhor não é deste mundo não foi capaz de chegar nem mesmo aos umbrais do Cristianismo. Passagens de uma sabedoria profunda que inspiraram grandes homens ao longo dos séculos são agora transformadas em “bobagem” por esta sumidade sapiencial que é o sr. Luiz Inácio, vergonha do Pernambuco que um dia lutou pela Fé.

O Lula quer um reino aqui e agora, aqui na Terra. Como são mesquinhos e fúteis os desejos do ex-presidente! Para quê tesouros na terra, onde as traças corroem e a ferrugem consome? Contra este materialismo infeliz – digno de pena, inclusive – do Lula, ficam as palavras de São Paulo: «Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima» (1Cor 15,19). Bom faria o Luiz Inácio se meditasse nesta passagem antes de abrir a boca para falar besteiras.

* * *

As mentiras do filme “Ágora”. O filme não é de hoje (se não me engano, a versão brasileira veio com o nome de “Alexandria” e foi – tanto aqui quanto na Espanha – um estrondoso fracasso de bilheteria), mas talvez valha a pena se prevenir. «Não só havia cristãos nas aulas de Hipátia, não só havia bispos cristãos entre seu círculo de amigos, mas havia também teólogos cristãos – Agostinho, Ambrósio e Orígenes, só para citar os mais proeminentes –  e eles eram entusiastas defensores do neo-platonismo. Portanto, retratá-la como a campeã da nobre razão sobre os intolerantes cristãos primitivos é simplesmente ridículo».

* * *

Motivações do terrorista de Oslo são anti-cristãs. Já que o assunto é recente, é bom deixar claro que este indivíduo não tem nada a ver com a “ultra-direita fanática” no mesmo sentido em que a expressão é (pejorativamente) aplicada aos cristãos que valorizam a sua Fé. Excerto:

O terrorista teria fundado, em 2002, em Londres, junto a outros ativistas, a ordem dos Pobres Companheiros de Cristo do Templo de Salomão, inspirado nos graus Templários da Maçonaria.

Esta suposta Ordem estaria aberta “aos cristãos, cristãos-agnósticos e ateus-cristãos”, quer dizer, a todos que reconhecem a importância das raízes culturais cristãs, “mas também “das judaicas e iluministas”, assim como “das pagãs e nórdicas”, por se oporem aos verdadeiros inimigos, o Islã e a imigração.

“Longe de ser um fundamentalista cristão – esclarece Introvigne – Breivik, batizado na Igreja Luterana da Noruega, define-se um ‘cristão cultural’, cujo apelo à herança cristã tem uma função instrumental anti-islâmica.”

As igrejas, segundo o terrorista, não estão dispostas a lutar contra o Islã. Por isso, ele propõe um Grande Congresso Cristão Europeu, do qual nasça uma nova Igreja Europeia e anti-islâmica. E ameaça diretamente o Papa Bento XVI, pois “abandonou o cristianismo e os cristãos na Europa e deve ser considerado um Papa covarde, incompetente, corrupto e ilegítimo”.

“Nossa Senhora do Crack” (?!)

A Virgem Santíssima é sem dúvidas a Mãe dos Desvalidos. Isto, contudo, não significa que se Lhe possa conferir arbitrariamente títulos desrespeitosos sob o pretexto de promover uma “aproximação” entre Nossa Senhora e as misérias da vida humana.

A proposta de se fazer uma imagem de “Nossa Senhora do Crack” é absurda e irracional, e só poderia encontrar defensores nestes tempos de miséria religiosa nos quais vivemos. Todos os títulos da Virgem Santíssima honram locais de aparições marianas (Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes), dogmas a Ela referentes (Nossa Senhora da [Imaculada] Conceição), virtudes d’Ela (a virtual totalidade da Ladainha Lauretana) ou súplicas para necessidades diversas (Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Vitória). Nunca existiu um título da Virgem que fizesse referência direta a pecados ou a objetos que praticamente só têm uso pecaminoso.

Não obstante, sempre foram feitas diante da Virgem Santíssima (e inclusive utilizando-Lhe o nome) referências a situações difíceis que os filhos d’Ela atravessam neste Vale de Lágrimas. Assim, p.ex., diante da escravidão imposta pelos infiéis muçulmanos aos católicos durante a Idade Média, nasceu Nossa Senhora das Mercês; e, como padroeira daqueles que eram forçados a viver longe de sua pátria natal, popularizou-se o título de Madonna degli Emigranti (aqui, Nossa Senhora do Desterro). Assim – e só assim – talvez fosse possível discutir a conveniência de se invocar a Santíssima Mãe de Deus sob um título de “Nossa Senhora dos Viciados” ou coisa parecida – e, mesmo assim, lembrando que nunca houve uma “Nossa Senhora dos Ladrões”, uma “Nossa Senhora dos Assassinos” ou uma “Nossa Senhora dos Adúlteros”…

Mas, simplesmente “do crack”, não. O título raia à blasfêmia (se é que não cai nela completamente!), uma vez que sugere que a Virgem Santíssima possa ter alguma relação com esta droga terrível. Qualquer pessoa consegue perceber isso; até mesmo, para surpresa nossa e vergonha dos nossos dirigentes religiosos, usuários de crack dos arredores do local onde a tal imagem foi colocada. Eles disseram:

“Achei ridículo. Na minha opinião é um pecado sem tamanho. Pusesse um outro nome, Nossa senhora da Apa, rogai por nós”.

“Quem fez isso aí errou, não devia ter feito porque, queira ou não, não pode envolver uma santa com o crack, que é uma santa da igreja, coisa de Deus, então nós tem que respeitar”.

“Nós quebramos porque é a santa do mal, é como se fosse a santa do mal. A santa do crack”.

“Porque o crack não é bom, o crack não é de Deus e a santa é uma santa divina, uma coisa boa”.

No entanto, o pe. Lancelotti disse “que a idéia do artista foi louvável por levar uma esperança para quem vive no mundo das drogas”. E o cardeal de São Paulo, dom Odilo Scherer, dedicou uma série de tweets para defender a estátua [veja-se, p.ex., aqui, aqui, aqui e aqui]. E arremata:

Estes desvalidos em questão – os dependentes químicos – já têm uma Mãe que rogue por eles, e não aceitam estas invencionices modernas que juntam, na mesma invocação à Virgem Santíssima, o nome da Mãe de Deus e o do crack. Os viciados entendem a absurda diferença existente entre o bem e o mal, entre Nossa Senhora e as drogas. Melhor fariam os nossos pastores se ignorassem “artistas” modernos de gosto bastante duvidoso e dessem mais atenção àqueles que pretendem defender.

Veni, Sancte Spiritus!

É Pentecostes! Celebramos a vinda do Espírito Santo, o Consolador, a Força do Alto. Aquele que vem em auxílio às nossas fraquezas e que faz a Igreja nascente, abandonando o medo, sair para anunciar destemidamente o Evangelho.

É Pentecostes, festa do Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo junto com a Virgem Maria. Ensinando-nos a importância de perseverar em união de orações. Ensinando-nos que Deus sempre cumpre as Suas promessas. E ensinando-nos também – por que não dizê-lo? – a importância de estarmos juntos d’Aquela que nos foi deixada como Mãe. Um dia o Espírito Santo A cobriu com Sua sombra e, no dia de hoje, mais uma vez o Espírito Santo desce precisamente onde Ela está.

É Pentecostes, e Aquele que um dia veio à Virgem Santíssima para dar Nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo vem mais uma vez sobre Ela, para consolidar a Igreja no mundo. É d’Ela que nasce Cristo – cabeça da Igreja – e é junto a Ela que o restante do Corpo Místico de Cristo estava em oração no dia de hoje. É d’Ela, portanto, que nasce a Igreja, tanto por ser Ela a Mãe d’Aquele que é a Cabeça da Igreja quanto por Ela estar, mais uma vez, presente neste dia em que a edificação do Corpo de Cristo completa-se de maneira maravilhosa. Se o Espírito Santo é a alma da Igreja, certamente não pode pretender fazer parte desta Igreja quem se recusar a estar com Aquela que é a Esposa do Espírito Santo. Pentecostes nos ensina, mais uma vez, a importância de estarmos profundamente unidos Àquela sobre a Qual o Espírito Santo sempre vem.

Gosto particularmente da Sequência da Missa de hoje, que ponho logo abaixo – retirada do blog “Suma Teologica”, onde podem ser encontrados tanto um vídeo da música quanto uma sua tradução. Ainda mais em particular, gosto bastante de dois versos: “Veni, pater pauperum” e “Lava quod est sordidum”.

Pater Pauperum! O Pai dos Pobres. Afinal, “pobre” é aquele que nada tem – como somos todos nós, pobres de graça, pobres de virtudes, pobres de qualquer coisa que possa ser agradável a Deus – e “pai” é aquele que provê, que dá. Nós somos pobres, e é o Espírito Santo que, qual pai, dá-nos aquilo que de outra maneira não poderíamos obter. E, por não termos nada, terminamos pecando: acumulando sujeiras, imundícies… mas as quais é também o Espírito Santo que lava! A tradução para o português verte para “sujo” o termo latino; mas prefiro usar a tradução imediata de “sórdido” mesmo, que possui carga maior de malícia. Nós não temos nada, a não ser imundícies; e o Espírito Santo não apenas nos lava estas como também nos dá todo o resto…! A oração é perfeitamente adequada: Pai dos pobres, lava o que é sórdido! É uma súplica desesperada de quem sabe que só em Deus pode esperar. E o Altíssimo, em Sua magnificência, sempre nos concede ainda mais – muito mais! – do que ousamos pedir… Vinde, Espírito Santo! Manda do Céu um raio de Tua luz! É o pedido dos que não merecemos os Teus favores. É o pedido dos pobres que não temos a quem recorrer. É o pedido dos criminosos que não temos direito algum de Te suplicar nada. Vinde, e fazei maravilhas.

Um santo Pentecostes a todos!

* * *

VENI SANCTE SPIRITUS

Veni, Sancte Spiritus
et emitte caelitus
lucis tuae radium!

Veni, pater pauperum
veni, dator munerum
veni, lumen cordium.

Consolator optime
dulcis hospes animae
dulce refrigerium.

In labore requies
in aestu temperies
in fletu solatium.

O lux beatissima
reple cordis intima
tuorum fidelium.

Sine tuo numine
nihil est in homine
nihil est innoxium.

Lava quod est sordidum
riga quod est aridum
sana quod est saucium.

Flecte quod est rigidum
fove quod est frigidum
rege quod est devium.

Da tuis fidelibus
in te confidentibus
sacrum septenarium.

Da virtutis meritum
da salutis exitum
da perenne gaudium.

Amen, Alleluia.

Dom Raymundo Damasceno, novo presidente da CNBB

 

Foto: CNBB

Foi eleito ontem o novo presidente da CNBB: o Arcebispo de Aparecida, o Cardeal Raymundo Damasceno. “No primeiro escrutínio, dom Damasceno havia obtido 161 votos contra 91 de dom Odilo [Scherer, Arcebispo de São Paulo]. Por não ter alcançado 2/3 dos votos (182), houve a necessidade do segundo escrutínio. Dom Damasceno foi secretário da CNBB por dois mandatos consecutivos (1995-1998; 1999-2003)”.

A eleição ocorreu na 49ª Assembléia Geral da CNBB, que começou na semana passada e se estende até o próximo dia 13 de maio. Dia de Nossa Senhora de Fátima…

A Conferência tem um triste histórico de militância contra a Igreja Católica aqui nesta Terra de Santa Cruz. Esperamos [e rezamos para] que a eleição do Arcebispo de Aparecida possa, ao menos, mudar (um pouco que seja) o panorama geral do grande órgão burócratico perseguidor dos bons bispos e sufocador da Sã Doutrina.

A 49º AG termina no dia de Nossa Senhora de Fátima. Rezemos mais uma vez! Sem cansaços, despindo-nos das frustrações acumuladas ao longo dos anos. Rezemos como se fosse a primeira vez e como se fosse a última oportunidade que nós temos. Rezemos, como se fosse a única vez! Virgem Santíssima, nós ainda estamos à espera de um milagre. Rogai por nós!

Sábado

É sábado. Passamos já pelas lágrimas do Getsêmani e pelo sangue vertido na Cruz do Calvário. Já traímos a Nosso Senhor e já O entregamos à morte; Ele já foi crucificado e está morto, sepultado.

É sábado, e jaz na pedra fria do Sepulcro o Nosso Senhor e Salvador. O Seu Santíssimo Corpo sem vida; a Sua Alma, descida aos Infernos, já deixou esta terra. É sábado, e o mundo parece triste e vazio porque Quem esteve aqui já não mais está.

É sábado, e Deus está morto, e fomos nós que O matamos! A nossa alma encontra-se em profunda tristeza: infelizes de nós! O Sangue inocente do filho de Deus ainda suja as nossas mãos. As imagens terríveis da Crucificação ainda nos assombram, mostrando-nos o nosso pecado em toda a sua fealdade. Desta vez, nós ultrapassamos todos os limites. Desta vez, Ele não vai nos perdoar de novo.

Mas é sábado, e o Deus que Se retirou do mundo não o deixou completamente abandonado, não o entregou totalmente às garras de Satanás. Não quis o Onipotente que o mundo onde Ele nasceu e viveu tornasse a ficar desgraçado outra vez. Deixou no mundo uma Esperança, uma imagem límpida de Si, um espelho fiel da Sua Luz hoje apagada no sepulcro escuro. Deixou-nos uma Esperança!

Nós A vimos ontem, aos pés do madeiro da cruz, com o sagrado corpo de Seu Filho Morto aos braços. Nós A vimos ontem, de pé aos pés da Cruz, sofrendo em silêncio a morte de Cristo. Nós A vimos ontem e, no Seu olhar materno e doloroso, nós enxergamos o perdão.

E, se Ela nos perdoa, Ela que é a Mãe d’Aquele que matamos, então Ele também haverá de nos perdoar! E não há lugar para desesperos porque a Mãe do Filho de Deus olha para nós com compaixão e com amor. É grave – é gravíssimo! – o que Lhe fizemos, mas o amor desta Mulher supera as nossas culpas. Poderá o amor de Deus não fazer o mesmo?

Ele Se foi, mas nos deixou Alguém para que não nos desesperássemos. Para que a consideração do tamanho dos nossos pecados não nos consumisse por completo e não nos matasse. Ele nos deixou a Sua Mãe Santíssima pra que Ela nos perdoasse e, no Seu regaço materno, ousássemos pedir-Lhe perdão por O termos matado.

É sábado, matamos a Deus, mas Ele nos perdoa. E sabemos que Ele nos perdoa porque Ele nos deixou Maria Santíssima – deixou-nos Sua Mãe. Acheguemo-nos a Ela, verdadeiro Refúgio dos Pecadores. No seio d’Ela choremos por nossos crimes. Junto a Ela, esperemos o Senhor.

Quod semper, quod ubique, quod ab omnibus

Nos tempos em que eu discutia mais freqüentemente com protestantes, cansei de me deparar com listas como esta sobre a “origem de falsas doutrinas católicas”. Basicamente, eram uma tentativa de “provar” como a Igreja, ao longo dos séculos, corrompera a pureza do Evangelho de Cristo por meio do acréscimo de doutrinas humanas espúrias. Eram todas iguais: um monte de datas nas quais, supostamente, a Igreja Católica teria “passado a acreditar” em certas coisas.

E todas as listas eram iguais. Por exemplo: 1854 era quando fora inventada a “Concepção imaculada da Virgem a Maria”. Todos sabem que este é o ano da promulgação do dogma da Imaculada Conceição. Mas acaso isto foi “inventado” no século XIX? Por exemplo, antes de 1854 ninguém acreditava nisso?

A igreja abaixo fica em Salvador, na ponta do Humaitá, bem defronte ao farol. É do século XVII. E tem, sobre o seu pórtico frontal, a seguinte singela inscrição em honra da Virgem Imaculada:

Eis a Imaculada Conceição testemunhada duzentos anos antes da proclamação dogmática do século XIX! Como é possível que ainda se dê crédito a listas protestantes como aquela? Já não se trata mais nem simplesmente de má teologia. É ignorância histórica mesmo.

“Sua bênção, padre!”

Voltava para casa do trabalho. Saíra um pouco mais tarde e, portanto, estava enfrentando um maravilhoso e profundamente estressante congestionamento de fim de sexta-feira. Sozinho, o som do carro ligado, o pensamento divagando aqui e alhures em uma tíbia tentativa de não perder a paciência com a lentidão do trânsito. É sexta-feira, Passio Domini, e todo castigo para mim (pecador miserável!) é pouco…

De repente, olho para o celular. Seis da noite. Hora da Anunciação! Desligo o som e trago os meus pensamentos de volta para a saudação angélica que, a esta hora, fora pronunciada tão distante – no tempo e no espaço – do trânsito recifense. Repito a tradicional oração, relembrando aquele divino momento ao qual não pude estar presente: Angelus Domini nuntiavit Mariae. E, percorrendo as palavras já tão gastas e incontáveis vezes repetidas, as questiúnculas do fim do dia parecem pequenas e terrivelmente irrelevantes. O que importa é que, em algum lugar, o Anjo do Senhor foi enviado a uma Virgem. Esta Virgem disse fiat – faça-se! – à mensagem que o Altíssimo Lhe enviara. E então o Verbo Divino fez-Se Carne, e habitou entre nós. O que é o cansaço do fim da sexta-feira diante do drama desta curta história, já tantas vezes repetida mas jamais devidamente assimilada?

Oremus! Pedindo ao Altíssimo que, pela Paixão e Cruz de Nosso Senhor, possamos chegar um dia à glória da Ressurreição. E lembrando ao Todo-Poderoso que o pedimos também porque nos foi dado conhecer o Anúncio do Arcanjo. Porque vimos o início da história da Redenção, pedimos a Deus a graça de não perdermos a sua apoteose, a sua plena realização.

Gloria Patri, e sinal vermelho. Na calçada, do lado direito, vejo que está passando um padre meu amigo. Não perco a chance. Abaixo o vidro e grito: “sua bênção, padre!”. No meio da confusão de carros engarrafados, de semáforos fechados, de pessoas apressadas e solitárias, eu encontro um sacerdote do Deus Altíssimo! E assim, de repente, toda a impaciência cai por terra, todas as (automáticas) reclamações resmungantes perdem o significado, e eu até agradeço à Providência Divina pelos atrasos que me fizeram parar exatamente naquele sinal, exatamente no momento em que o sacerdote passava. Exatamente após o Angelus.

O padre me ouve. Levanta a cabeça, e me vê. “Deus te abençoe, Jorge!”. Eu agradeço e o cumprimento. O sinal abre, o carro da frente parte; não tive tempo para trocar sequer duas palavras com o amigo. Mas pude pedir-lhe a bênção, e pude ouvir-lhe a resposta. E que excelente forma de terminar a sexta-feira e voltar pra casa…

Que o Senhor da Messe possa mandar trabalhadores para sua Messe! Padres que possam oferecer ao Altíssimo o Sacrifício de Cristo em nosso favor. Padres que possam abrir para nós as portas do Céu e trazer-nos o Pão dos Anjos por alimento espiritual. Padres que nos possam enxugar as amargas lágrimas do arrependimento e, ouvindo os nossos pecados, conceder-nos o perdão de Deus. Padres que nos possam abençoar casualmente no meio do trânsito – lembrando-nos, no meio do torvelinho das nossas (às vezes tão fúteis) preocupações quotidianas, das coisas de Deus.

A propósito, vale a pena ver: sacerdote, presente de Deus para o mundo.