Nossa Senhora, Mãe de Deus – pe. Júlio Maria

Nossa Senhora, Mãe de Deus.

Resumidamente, podemos dizer que Nossa Senhora é Mãe de Deus e não da divindade. Ou seja, Ela é Mãe de Deus por ser Mãe de Nosso Senhor, pois as duas naturezas (a divina e a humana) estão unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo.

A heresia de negar a Maternidade Divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo de Constantinopla. Os protestantes retomariam a heresia que havia sido sepultada pela Igreja de Cristo.

Mas, afinal, por que Nossa Senhora é Mãe de Deus?

(…)

A Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Se perguntarmos a alguém se ele é filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lançará um olhar de espanto. E teria razão.

O homem, como sabemos, é composto de corpo e alma, sendo esta a parte principal do seu ser, pois comunica ao corpo a vida e o movimento.

A nossa mãe terrena, todavia, não nos comunica a alma, mas apenas o corpo. A alma é criada diretamente por Deus. A mãe gera apenas a parte material deste composto, que é seu ser. E como é que alguém pode, então, afirmar que a pessoa que nos dá à luz é nossa mãe?

Se fizéssemos essa pergunta a um protestante sincero e instruído, ele mesmo responderia com tranqüilidade: “é certo, a minha mãe gera apenas o meu corpo e não minha alma; mas a união da alma e do corpo forma este todo que é a minha pessoa; e a minha mãe é mãe de minha pessoa, composta de corpo e alma, é realmente minha mãe”.

Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade Divina de Maria Santíssima. Há em Jesus Cristo “duas naturezas”: a natureza divina e a natureza humana. Reunidas, constituem elas uma única pessoa, a Pessoa de Jesus Cristo.

Nossa Senhora é Mãe desta única Pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa. Ela deu a Jesus Cristo a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Padre Eterno.

Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus Cristo a parte inferior – a natureza humana – como a nossa mãe nos deu a parte inferior de nossa pessoa, o corpo. Apesar disso, nossa mãe é, certamente, mãe de nossa pessoa, e Maria é a Mãe da Pessoa de Jesus Cristo.

Notemos que em Jesus Cristo há uma só Pessoa, a Pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Padre e ao Espírito Santo. E Maria Santíssima é a Mãe desta Pessoa divina. Logo, Ela é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo é a mesma e única Pessoa, nascida do Seu Seio Virginal.

A alma de Jesus Cristo, criada por Deus, é realmente a alma da Pessoa do Filho de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, composta de corpo e alma, é realmente a humanidade do Filho de Deus. E a Virgem Maria é verdadeiramente a mãe deste Deus, revestido desta humanidade; é a Mãe de Deus feito Homem.

Ela é a Mãe de Deus – “Maria de qua natus est Jesus”: “Maria de quem nasceu Jesus” (Mt I, 16).

Note-se que Ela não é a Mãe da divindade, como nossa mãe não é mãe de nossa alma; mas é a Mãe da Pessoa de Jesus Cristo, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa.

A Pessoa de Nosso Senhor é divina, é a pessoa do Filho de Deus. Logo, por uma lógica irretorquível, Ela é a Mãe de Deus.

(Extraído, com alguns pequenos acréscimos, do Pe. Júlio Maria, “A Mulher Bendita”, editora “O Lutador”, 1949, Manhumirim, MG). O texto sobre a Mãe de Deus foi basicamente copiado, por se tratar de uma das mais belas páginas de defesa da Maternidade Divina de Nossa Senhora.

Anúncio (informativo da Diocese de Presidente Prudente/SP) – Ano XIII, nº 410, Outubro 2009

Nossa Senhora de Coromoto

Recebi hoje por email: Surpreendentes descobertas na imagem de Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela. Eu não conhecia a história; mas é certo que, sofrendo a Venezuela o que sofre, o país precisava, sem dúvidas, de uma especial proteção da Virgem Santíssima.

Nossa Senhora de Coromoto. Padroeira da Venezuela. Tem um artigo sobre Ela em Catolicismo. Tem outro na ACI. A história me lembrou a de Nossa Senhora de Guadalupe. Em ambos os casos, a Virgem apareceu a um índio. Em ambos, provocou inúmeras conversões. Em ambos, deixou uma imagem que até hoje existe. Mas, em Coromoto, o índio ao qual Ela apareceu não era batizado: a este, a “Mãe de Deus dirigiu-lhe a palavra na língua nativa dele, recomendando-lhe que fosse viver junto aos brancos para ‘poder receber água sobre a cabeça e assim poder ir ao Céu'” (Catolicismo).

E as análises científicas feitas na imagem de Nossa Senhora de Coromoto revelaram coisas muito semelhantes àquelas que sabemos sobre a imagem de Guadalupe: “estudando o olho esquerdo [da imagem] através do microscópio[, os especialistas] puderam discernir um olho com características humanas. Nele os especialistas diferenciaram com clareza a órbita ocular, o conduto lacrimal, o iris e um pequeno ponto de luz nele. Mas, a surpresa estava começando. Maximizando o ponto de luz os especialistas julgaram detectar uma figura humana que se assemelha muito à de um indígena”.

Que seja em nosso favor a Virgem Soberana. Que Ela nos livre do inimigo, com o Seu valor.

Mater Dolorosa

Virgem das Dores
Virgem das Dores

[Foto: Wikipedia]

Stabat Mater Dolorosa / juxta Crucem lacrimosa / dum pendebat Filius. Dia de Nossa Senhora das Dores. D’Aquela que esteve ao lado da Cruz do Seu Divino Filho. D’Aquela que sofreu na alma a Paixão de Nosso Senhor. D’Aquela que é Co-Redentora nossa.

D’Aquela que não é estranha à humanidade, porque foi humana; d’Aquela que não é alheia ao sofrimento humano, porque sofreu, e como sofreu! A Igreja lembra hoje as dores de Nossa Senhora; lembrando-nos que nem mesmo a Mãe de Deus, Imaculada desde a Sua Concepção, passou por esta terra sem derramar lágrimas.

E, hoje, este Vale de Lágrimas que atravessamos é mais fácil de ser cruzado, porque cá estão também as lágrimas da Virgem Imaculada. Também aqui Ela um dia chorou. Também aqui Ela sofreu; e, se as nossas lágrimas estiverem unidas àquelas vertidas pela Virgem Mãe de Deus, poderemos dar sentido aos nossos sofrimentos. Sofrer é inevitável. Mas Deus pode fazer maravilhas com as lágrimas que são bem choradas.

Dia da Virgem das Dores. Que Ela possa nos consolar. Que Ela nos ensine a permanecer de pé, junto ao sofrimento, sem dele fugir e sem desesperar, em um abandono confiante à Divina Providência. Que, d’Ela, aprendamos o que significa co-redenção. Que, junto a Ela, tomemos consciência do valor do sofrimento. Que este vale de lágrimas que atravessamos gemendo e chorando, orvalhado pelas lágrimas d’Ela, sirva para a nossa santificação e para a maior glória de Deus. Mater Dolorosa, ora pro nobis.

Natividade de Nossa Senhora

Aniversário da Virgem Santíssima! No dia oito de dezembro nós celebramos a Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria; hoje, nove meses depois, a Igreja celebra a festa da Sua natividade.

Se nasceu no dia vinte e cinco de dezembro o Sol da Justiça, no dia oito de setembro veio ao mundo a Stella Matutina; Aquela que anuncia a proximidade da alvorada, que dá ao mundo sinal de que as trevas da noite estão chegando ao fim. Aquela que reflete a luz do Sol antes mesmo que o Sol nasça: a Virgem Maria vem ao mundo repleta da Graça de Deus, mesmo quando ainda todo o mundo jazia sob o maligno. Nas trevas do pecado que cobriam toda a terra, a Virgem Santíssima resplandece Imaculada: avisando a todos do arrebol glorioso que estava por vir, enchendo de esperança os pecadores arrependidos e impondo verdadeiro terror a Satanás e seus asseclas.

Antes do Sol da Justiça, Deus concede ao mundo a Estrela da Manhã. Antes que a luz refulgisse nas Trevas, já elas eram incomodadas pelo brilho Imaculado da Santa Mãe de Deus. Lembremo-nos, hoje, da Virgem Santíssima, agradeçamos ao Altíssimo por ter-nos concedido tão gloriosa Mãe, e confiemo-nos à proteção d’Aquela que trouxe ao mundo Aquele que é a Salvação do Mundo.

Sancta Maria,
ora pro nobis!

A viúva e a Virgem

Quia hodie nomen tuum ita magnificavit, ut non recedat laus tua de ore hominum, qui memores fuerint virtutis Domini in aeternum (Jd 13, 25a).

Hoje a Igreja celebra a festa da Assunção, em Corpo e Alma, da Virgem Santíssima ao Céu. As palavras em epígrafe, retiradas da epístola da missa (tridentina) de hoje, foram dirigidas a Judite muitos anos antes do nascimento de Cristo. Mas elas são, no entanto, o eco vetero-testamentário de outras palavras que – estas, sim! – nós conhecemos muito bem: ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes (Lc I, 48b). Judite é – nas palavras do Papa Leão XIII – a “ilustre heroína em quem era figurada a Virgem Maria” (Encíclica Superiore Anno, 3).

Fazendo este paralelo entre a notável filha da Sinagoga e a gloriosa Mãe da Igreja, diz-nos ainda Leão XIII uma outra coisa muito interessante: Judite é aquela “que conteve a impaciência dos judeus, os quais, na sua estultícia, queriam a seu arbítrio fixar a Deus o tempo para socorrer a cidade” (id. ibid). A história é interessante: os assírios estavam em guerra contra os judeus, e Holofernes, general dos exércitos dos assírios, estava cercando Betúlia, cidade judia. Após o cerco ter se apertado, quando os judeus não tinham mais água, cogitaram se entregar e levaram as suas lamúrias a Ozias, chefe da cidade, ao que ele respondeu: “[t]ende bom ânimo, irmãos, e por estes cinco dias esperemos a misericórdia do Senhor. Talvez se aplaque a sua ira e dê glória ao seu nome. Mas se, passados estes cinco dias, não nos vier socorro, faremos o que vós dissestes” (Jd 7, 23b-25).

Judite, viúva, que “tinha muito temor de Deus e não havia ninguém que dissesse dela uma palavra em desfavor” (Jd 8, 8b), indigna-se com este proceder e censura os anciãos da cidade: “[q]ue palavra é esta, com a qual concordou Ozias, de entregar a cidade aos assírios, se dentro de cinco dias vos não viesse socorro? E quem sois vós, que tentais o Senhor? (…) Vós fixastes um prazo à misericórdia do Senhor e ao vosso arbítrio lhe assinastes o dia” (Jd 8, 10b-11. 13). O resto da história é bem conhecido: a valente viúva sai da cidade sitiada, vai ao encontro do acampamento inimigo, engana os assírios e, quando tem oportunidade, corta a cabeça de Holofernes e a leva de volta a Betúlia, inflamando assim o ânimo dos judeus ao mesmo tempo em que espalha o terror sobre as tropas assírias, que fogem quando os soldados de Israel precipitam-se sobre elas.

Mas meditemos um pouco sobre a “impaciência dos judeus” e que é, em última instância, a impaciência de toda a raça humana. A tentação de que o socorro nos venha quando e como queremos espreita-nos dia e noite, e é preciso ter cuidado para não sucumbirmos diante dela – para não fazermos as coisas do nosso jeito. Árduo trabalho o de encontrar a vontade de Deus nas coisas das nossas vidas! Não fosse por Judite, como saber se não era da vontade do Altíssimo que Betúlia se entregasse? O que mais angustia na história é ver que o clamor do povo judeu diante de Ozias parece-nos mais sensatez do que estultícia. Tinham resistido. Tinham sido fiéis. No entanto, estavam à míngua. Por que não mudar as disposições iniciais, que tinham falhado tão miseravelmente…?

Resposta difícil! E eu arriscaria dizer até mais: humanamente impossível. Na verdade, precisamos – tal como os judeus daquela época – de alguém que contenha a nossa impaciência e faça, por nós, o que nós próprios não podemos fazer. Que nos dê a vitória quando tudo pareça estar perdido. Que não nos permita agir por conta própria, por mais que a situação se nos apresente sem saída. Precisamos de uma Judite. E Deus, em Sua infinita misericórdia, deu-nos Alguém que é muito maior do que Judite, Alguém junto a qual a ilustre viúva é menos que sombra. Deu-nos o Altíssimo a Sua própria Mãe.

Deu-nos a Virgem Santíssima, Aquela que esteve de pé diante da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que soube esperar os três dias nos quais o Seu Divino Filho esteve no sepulcro, sem jamais desesperar. Diante do drama da Paixão de Cristo, as guerras judaicas parecem insignificantes: o que é uma cidade sitiada cujo povo passa sede, perto do filho de Deus morto no túmulo frio? Dir-se-ia o mundo inteiro sitiado pelas hostes do inferno, e as almas sedentas da Graça de Deus sem terem onde A encontrar. Mas a Virgem Santíssima não desesperou. Acheguemo-nos a esta Mulher admirável e, aos Seus pés, despejemos as nossas inquietudes e impaciências: se uma viúva salvou o povo judeu dos assírios, temos aqui conosco uma Virgem que é maior do que Judite; não poderá Ela nos salvar? O que são os problemas de hoje diante do corpo sem vida de Deus pendente de uma Cruz? Aquela que pôde sustentar a Igreja nascente enquanto Nosso Senhor descia aos infernos, acaso não poderá sustentar a Igreja de hoje na crise que Ela atravessa?

Que seja em nosso favor Aquela que trouxe ao mundo o Salvador do mundo, que trouxe em Seu seio Aquele que nem mesmo os Céus puderam conter, que venceu sozinha todas as heresias do mundo inteiro, que o próprio Deus coroou como Rainha dos Céus e da Terra. Que seja em nosso favor Aquela que, sob o júbilo de todas as cortes celestes, foi assunta aos Céus em corpo e alma. Que seja em nosso favor a Bem-Aventurada e Gloriosa Sempre Virgem Maria, pois sem Ela pereceremos sem dúvida alguma e, com Ela, nada nos poderá abalar. Assumpta est Maria in Caelum, alleluia – o Regina in Caelum assumpta, ora pro nobis.

Milagre em Medjugorje

Eu já disse aqui que tenho sérias ressalvas quanto às supostas aparições da Virgem Santíssima em Medjugorje. O meu primeiro sentimento, portanto, quando recebi um email informando que o sol dançou em Medjugorje ontem, foi de raiva.

Está disponível na página principal do “Queridos Filhos”, site – até onde me consta – oficial em português sobre as aparições [p.s.: na verdade, o site oficial sobre Medjugorje é o http://www.medjugorje.hr/]. Uma chamada em letras garrafais: “Durante a aparição de Nossa Senhora à Mirjana o sol ‘dançou’ e ‘girou’ como em Fátima na presença de milhares e milhares de peregrinos”. Tem um vídeo do suposto milagre que eu não consigo assistir daqui do trabalho. À noite, complemento este post com mais considerações; no entanto, queria desde já tecer alguns comentários.

O milagre é descrito no site. “Durante a aparição Mirjana viu o sol atrás de Nossa Senhora. Quando ela saiu do êstase (sic) Mirjana ficou surpresa com que estava acontecendo. Os peregrinos também tinham visto um milagre. O sol se tornou um sinal miraculoso para eles. Mais e mais peregrinos olhavam para onde os primeiros estavam apontando – para o sol. Muitos viram o sol ‘dançando’ e ‘girando’ Outros viram uma cruz iluminada no sol. Muitos outros viram diferentes cores dentro ou saindo do sol. Muitos choravam outros fixavam os olhos admirados e outros se encheram de alegria. E houveram muitos qure não olharam para cima pois estavam em profunda oração durante a aparição”. Qualquer semelhança com o Milagre do Sol de Fátima não é mera coincidência: é uma sua repetição deliberada.

Todos sabem que eu acredito em milagres. Estou sinceramente disposto a mudar a minha opinião sobre Medjugorje caso o desenrolar dos fatos confirme a sobrenaturalidade dos eventos dos quais o vilarejo é palco. Tal reviravolta, no entanto, seria contrariar todos os prognósticos. A documentação sobre as supostas aparições está disponível (em inglês) em um site pró-aparições, atualizada até a notificação da Congregação para a Doutrina da Fé de 1998; não sei como andam as investigações de lá para cá. Onze anos atrás, no entanto, os bispos afirmaram publicamente que não se podia afirmar haver aparições sobrenaturais em Medjugorje.

E esta última notícia, francamente [aliás, tornada pública pouco tempo depois da redução ao estado laical do frei Tomislav Vlasic…], só me fez acreditar ainda menos nas supostas aparições de lá. Repetir o milagre talvez mais portentoso da história do Cristianismo assim, sem ter nem pra quê?! O milagre cuja data foi anunciada antecipadamente em Fátima, e que serviu de coroamento da mais importante aparição da Virgem Santíssima dos tempos atuais, repetindo-se “do nada” em Medjugorje para a Virgem Imaculada dizer coisas que, embora piedosas, poderiam perfeitamente ser ditas por qualquer um? Eis a mensagem de ontem:

Queridos filhos!

Eu estou vindo, com meu amor maternal, para apontar o caminho o qual vocês devem seguir de forma que vocês possam todos ser mais parecidos com o meu Filho, e, assim mais próximos e agradáveis a Deus. Não recusem o meu amor. Não renunciem a Salvação e a Vida Eterna por motivos de transitoriedade e frivolidade desta vida. Eu estou entre vocês para conduzi-los e, como uma mãe, para cuidar de vocês. Venham comigo.

Alguém consegue estabelecer o mais remoto paralelo entre essa mensagem e as da Virgem em Fátima? Alguém pode me explicar, então, por qual motivo o milagre que foi utilizado para dar credibilidade a uma revelação da mais alta importância seria repetido com a maior naturalidade para se dizer pela milésima vez uma coisa qualquer?

No entanto – e é essa a razão da minha raiva – a caricatura foi feita. Se o milagre não for verdadeiro, e for invenção humana, são irresponsáveis os seus propagadores. Se foi arquitetado por Satanás, dessa vez foi um golpe de mestre. Já estou até vendo: “se o milagre do sol de Medjugorje não é verdadeiro, por que motivo o de Fátima é?”. Em sendo falsa – como eu acho sinceramente que seja – a repetição de Fátima ocorrida ontem, ela só veio diminuir a credibilidade das verdadeiras aparições ocorridas em Portugal.

Se foi um milagre verdadeiro, realizado por motivos que sinceramente escapam-me à compreensão, então peço desde já que a Virgem Imaculada tenha piedade de mim, seu escravo miserável, pois tudo o que tenho pensado e dito a respeito de Medjugorje foi para tentar impedir que as glórias da Mãe de Deus fossem obscurecidas por caricaturas Suas. Não posso, no entanto, em consciência, deixar que se coloquem em pé de igualdade as aparições verdadeiras e aquelas que são – para dizer o mínimo – bem questionáveis. Que o Deus Altíssimo Se compadeça de nós e livre-nos do estado de confusão. Que se levante a Virgem para defender a Sua honra; que a Verdade resplandeça sobre todo engano; e que venha depressa o triunfo do Coração Imaculado da Mãe de Deus.

P.S.: Acabei de ver o vídeo. Na verdade, existem diversos no youtube, de 2006, 2007, de 2 meses atrás, 1 mês atrás, 1 semana atrás. O que está no site do “Queridos Filhos” não é o do milagre supostamente ocorrido ontem, e sim em 24 de junho. Parece que não tem – ainda – o de ontem. Quanto ao vídeo em si, é esquisito. Primeiro, não se deveria dizer que o sol “bailou”, e sim que – no máximo – “pulsou”. Segundo… este efeito não é precisamente o que acontece quando uma câmera digital focaliza uma fonte de luz muito forte? Dá a impressão que é a câmera que, movimentando-se, obriga o aparelho a “refocar” a fonte de luz e, então, ela se expande e se contrai. Tenho a impressão de já ter visto isso antes…

P.S.2.: Na verdade, acho que não o foco, e sim o controle automático de luminosidade. Quando a fonte de luz forte – no caso, o sol – fica centralizada, a câmera diminui a sensibilidade e escurece ao redor dela; quando ela se afasta, a sensibilidade é aumentada e, assim, expande a fonte de luz. Dá para notar que é quando o sol fica nos “cantos” que ele está “maior”. Eu consigo fazer, com a câmera do celular, a lâmpada fluorescente da minha sala “bailar” como o sol do vídeo; só que, lá, o aumento e a diminuição estão bem mais velozes.

O Flos Carmeli

Para os Membros da Família carmelita Maria, a Virgem Mãe de Deus e dos homens, não é só um modelo para imitar, mas também uma doce presença de Mãe e Irmã na qual confiar. Justamente Santa Teresa de Jesus exortava:  “Imitai Maria e ponderai qual deva ser a grandeza desta Senhora e o benefício de a ter como Padroeira” (Castelo interior, III, 1, 3).

Esta intensa vida mariana, que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem Santíssima, expressa pelo humilde sinal do Espapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado (cf. Pio XII, Carta Neminem profecto later [11 de Fevereiro de 1950:  AAS 42, 1950, pp. 390-391]; Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 67). É assim que no coração se realiza uma crescente comunhão e familiaridade com a Virgem Santa, “como maneira nova de viver para Deus e de continuar aqui na terra o amor do Filho à sua mãe Maria” (cf. Angelus, em Insegnamenti XI/3, 1988, p. 173). Pomo-nos desta forma, segundo a expressão do Beato mártir carmelita Tito Brandsma, em profunda sintonia com Maria, a Theotokos, tornando-nos como Ela transmissores da vida divina:  “Também a nós o Senhor envia o seu anjo… também nós devemos receber Deus nos nossos corações, levá-lo dentro dos nossos corações, nutri-lo e fazê-lo crescer em nós de tal forma que ele nasça de nós e viva connosco como Deus-connosco, o Emanuel” (Da relação do Beato Tito Brandsma ao Congresso Mariológico de Tongerloo, Agosto de 1936).

Este rico património mariano do Carmelo tornou-se, no tempo, através da difusão da devoção do Santo Escapulário, um tesouro para toda a Igreja. Pela sua simplicidade, pelo seu valor antropológico e pela relação com o papel de Maria em relação à Igreja e à humanidade, esta devoção foi profunda e amplamente recebida pelo povo de Deus, a ponto de encontrar a sua expressão na memória de 16 de Julho, presente no Calendário litúrgico da Igreja universal.

[João Paulo II, Mensagem à Ordem do Carmelo por ocasião da dedicação do ano 2001 à Virgem Maria]

Nascimento de São João Batista

Celebrando o nascimento de S. João Baptista, a Igreja festeja a aurora da Redenção; seis meses antes do Natal, o nascimento do Precursor anuncia o mistério da Incarnação e participa da sua grandeza. Na Idade Média era considerado como que uma espécie de Natal do verão, com três missas como o Natal; a liturgia realça a afinidade das duas festas: basta ler a secreta e a póscomunhão, bem como a antífona do Magnificat das 2as vésperas.

«Profeta do Altíssimo», S. João Baptista é figurado por Isaías e Jeremias. Como eles e melhor do que eles, foi santificado desde o ventre de sua mãe, em virtude da missão que o esperava (intróito, epístola, gradual). O Evangelho recorda os prodígios que assinalaram o seu nascimento: este devia ser causa de grande alegria para muitos: ainda hoje o é, e a Igreja convida todos os anos os fiéis a pedir a Deus, com a graça das alegrias sobrenaturais, a de sermos sempre guiados pelo caminho da eterna salvação (colecta).

O nome de S. João Baptista vem no cânon da missa, à cabeça da segunda lista.

[Missal Romano Quotidiano Latim-Português, por Dom Gaspar Lefebvre e os monges beneditinos de S. André, Bruges-Bélgica. p. 1126]

DE VENTRE matris meae vocavit me Dominus nómine meo: et posuit os meum ut gladium acutum: sub tegumento manus suae protexit me, et posuit me quasi sagittam electam. Ps. Bonum est confiteri Domino: et psallere nomini tuo, Altissime. V. Gloria Patri.

[Introitus da missa de hoje]

São João Batista foi santificado no ventre de sua mãe Santa Isabel – quando a saudação da Virgem Santíssima chegou-lhe aos ouvidos. Este é o primeiro milagre da Virgem Maria registrado nos Evangelhos: garantir que São João pudesse mais tarde merecer de Nosso Senhor aquele grandioso elogio, segundo o qual “entre os nascidos de mulher não há maior que João” (Lc 7, 28a).

Ora, não foi também Nosso Senhor nascido de mulher? Como pode, então, ser verdade que não há maior do que João entre os nascidos de mulher? A segunda parte do versículo ajuda a esclarecer: “Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7, 28b). Nosso Senhor pertence ao Reino de Deus desde toda a Eternidade e, por conseguinte, é maior do que ele. E assim explica Santo Ambrósio:

Preparó el camino al Señor no sólo cuando iba a nacer según la carne, naciendo antes que El y siendo su precursor, sino también precediéndolo en su gloriosa pasión. Por lo que sigue: “Que preparará tu camino delante de ti”. Pero si Jesucristo es profeta, ¿cómo puede decirse que San Juan es el mayor de los profetas? Fue el más grande entre los nacidos de mujer no virgen. Fue mayor que todos éstos, con quienes pudo igualarse en el modo de nacer. Por lo que sigue: “Por tanto, yo os digo, que entre los nacidos de mujeres, no hay mayor profeta, que Juan el Bautista”.

[in Catena Aurea]

E explica também Isidoro abad (não sei se é Santo Isidoro de Sevilha, ou algum outro que eu não conheça): “También puede decirse que San Juan es el mayor entre los nacidos de mujer, porque ya profetizó desde el vientre de su madre y, cuando todavía estaba en tinieblas, no desconoció la luz que ya había venido”. E isso mais uma vez remete à cena da Visitação que contemplamos todos os dias no Santo Rosário: “Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio” (Lc 1, 44). São João Batista é o maior dos profetas porque profetizou no ventre de Santa Isabel, reconheceu a voz da Mãe de Deus, reconheceu a Luz que havia refulgido nas Trevas quando todo o mundo ainda era Trevas. Quando ainda nem podia falar, já dava testemunho de Nosso Senhor.

E quanto à Virgem Santíssima? Seria por acaso Ela menor do que São João Batista? Decerto que não. Primeiro, porque também Ela pertence ao Reino dos Céus desde a Sua Imaculada Conceição [e, por eleição do Altíssimo, desde toda a Eternidade]; Maria Santíssima foi santificada no ventre da mãe, ainda antes de São João Batista. E, segundo, porque o efeito não pode ser maior do que a sua causa. E quem fez São João Batista profetizar no ventre da sua mãe e reconhecer a Luz que viera ao mundo – quem fez com que São João Batista fosse o maior dentre os nascidos de mulher – foi justamente Maria Santíssima, cuja voz chegou aos ouvidos de Santa Isabel e realizou o primeiro milagre do Novo Testamento: “a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 41).

É este milagre que faz com que possamos celebrar a festa de hoje; único santo da Igreja (como já disse aqui) cuja festa é celebrada no dia do seu nascimento e não no da sua morte. Todos os santos nasceram pecadores e tornaram-se santos ao longo de suas vidas; São João Batista teve o singular privilégio – graças à Visitação de Maria Santíssima – de já nascer Filho de Deus. Que ele possa interceder por nós; e que nós possamos escutar a sua voz, a fim de endireitarmos as nossas veredas e bem nos prepararmos para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sancte Ioannes Baptista,
Ora pro nobis!

“Coroação de Nossa Senhora de Fátima” – Pio XII

[O] vosso mesmo concurso imenso, o fervor das vossas preces, o troar das vossas aclamações, todo o santo entusiasmo que em vós vibra incoercível, e, depois, o sagrado rito, que se acaba de realizar nesta hora de incomparável triunfo da Mãe Ssma., evocam ao Nosso espírito outras multidões bem mais inumeráveis, outras aclamações bem mais ardentes, outros triunfos bem mais divinos, outra hora — eternamente solene — no dia sem ocaso da eternidade: quando a Virgem gloriosa, entrando triunfante na pátria celeste, foi atravez das jerarquias bem-aventuradas e dos coros angélicos sublimada até ao trono da Trindade beatíssima, que, cingindo-lhe a fronte de um tríplice diadema de glória, A apresentou à Corte celestial, assentada à direita do Rei imortal dos séculos e coroada Rainha do universo.

E o Empíreo viu que Ela era realmente digna de receber a honra, a glória, o império, — porque mais cheia de graça, mais santa, mais formosa, mais endeusada, incomparavelmente mais, que os maiores Santos e os Anjos mais sublimes, ou separados ou juntos; —  porque misteriosamente emparentada na ordem da União hipostática com toda a Trindade beatíssima, com Aquele que só é por essência a Majestade infinita, Rei dos reis e Senhor dos senhores, qual Filha primogénita do Padre e Mãe estremosa do Verbo e Esposa predilecta do Espírito Santo; — porque Mãe do Rei divino, d’Aquele a quem desde o seio materno deu o Senhor Deus o trono de David e a realeza eterna na casa de Jacob e que de si mesmo proclamou, ter-lhe sido dado todo o poder nos céus e na terra: Ele o Filho Deus, reflecte sobre a celeste Mãe a glória, a majestade, o império da sua realeza; — porque associada, como Mãe e Ministra, ao Rei dos mártires na obra inefável da humana Redenção, lhe é para sempre associada, com um poder quasi imenso, na distribuição das graças que da Redenção derivam.

Jesus é Rei dos séculos eternos por natureza e por conquista; por Ele, com Ele, subordinadamente a Ele, Maria é Rainha por graça, por parentesco divino, por conquista, por singular eleição. E o seu reino é vasto como o de seu Filho e Deus, pois que de seu domínio nada se exclue.

Por isso a Igreia a saúda Senhora e Rainha dos Anjos e dos Santos, dos Patriarcas e dos Profetas, dos Apóstolos e dos Mártires, dos Confessores e das Virgens; por isso a aclama Rainha dos céus e da terra, gloriosa, digníssima Rainha do universo: Regina caelorum, gloriosa Regina mundi, Regina mundi digníssima: e nos ensina a invocà-la de dia e de noite entre os gemidos e lágrimas de que é fecundo este exílio: Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida doçura, esperança nossa.

É que a sua realeza é essencialmente materna, exclusivamente benéfica.

[…]

Vós, coroando a imagem de Nossa Senhora, assinastes, com o atestado de fé na sua realeza, o de uma submissão [à] sua autoridade, de uma correspondência filial e constante ao seu amor. Fizestes mais ainda: alistastes-vos Cruzados para a conquista ou reconquista do seu Reino, que é o Reino de Deus. Quer dizer: obrigastes-vos a trabalhar para que Ela seja amada, venerada, servida à volta de vós, na família, na sociedade, no mundo.

E que nesta hora decisiva da história, como o reino do mal com infernal estratégia emprega todos os meios e empenha todas as forças para destruir a fé, a moral, o Reino de Deus, assim os filhos da luz e filhos de Deus têem de empenhar tudo e empenhar-se todos para o defender, se não se quer ver uma ruina imensamente maior e mai desastrosa que todas as ruinas materiais acumuladas pela guerra.

Nesta luta não pode haver neutros, nem indecisos. É preciso um catolicismo iluminado, convicto, desassombrado, de fé e de mandamentos, de sentimentos e de obras, em particular e em público.

Anúncio radiofónico do Papa Pio XII aos fiéis portugueses por ocasião da solene celebração da coroação de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio de 1946.

Linhas rápidas matinais

– Antes tarde do que nunca; o Gustavo escreveu ontem um bonito testemunho sobre Nossa Senhora, no seu blog, recolhendo diversos fatos e enxergando, em cada um deles, a mão amorosa da Virgem Santíssima que cuida daqueles que toma como Seus. A sua narrativa “testemunha que, de fato, nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à proteção da Virgem, implorado a Sua assistência, e reclamado o Seu socorro, tenha sido desamparado”. É bom cantar os louvores da Virgem e, agradecido, testemunhar os Seus favores!

“Como o feminismo da minha mãe nos dividiu”, testemunho de Rebecca Walker. Longo, mas bonito. “Eu acredito que o feminismo é um experimento, e todo experimento precisa ser avaliado pelos seus resultados. E então, quando você vê os enormes erros que custaram, você precisa fazer alterações”.

– Tom Hanks (não sei se em um surto de bom senso ou de cinismo) recomenda que as pessoas que se sintam ofendidas com as mentiras de Anjos e Demônios não assistam ao filme. Não sei se é um bom sinal porque o ator, ao menos, reconhece que há “mentiras” no filme, ou se a frase como foi dita é do órgão de imprensa e não de Tom Hanks, ou ainda se não é muita cara de pau produzir uma obra que se sabe cheia de “mentiras” e não ver problema nenhum com isso, bastando que os descontentes “não assistam”. Depois de um dos bispos mais idosos do mundo ter criticado a película e convidado os bispos a “a denunciar o filme por atacar a fé de milhões de pessoas e difundir espetáculos obscenos”, parece que os responsáveis pelo monstro estão já se preocupando em arranjar alguma forma de livrar a própria pele e fugir da responsabilidade pela obra de ficção caluniosa.

– Mais escândalos (de natureza diversa, importante frisar): padre no Rio de Janeiro afastado após comprar um apartamento de luxo, e um outro padre de São Paulo expôs um carro que vai ser sorteado numa rifa dentro da Igreja (!). O primeiro, um caso de não saber o que fazer com o dinheiro; o segundo, de não saber como obter dinheiro. Sugeriria que o dinheiro [aparentemente] excedente da Arquidiocese do Rio de Janeiro fosse doado à de São Paulo, para que a igreja da Consolação pudesse ser restaurada sem que os fiéis desta precisassem se deparar com um carro dentro dela…

Entrevista com a dra. Alice Teixeira no Jornada Cristã: “[a] menina de Alagoinha foi utilizada como engôdo pelas abortistas, que usaram-na para promover o aborto no pais. Os médicos do Instituto da Infância de Pernambuco pretendiam dar seguimento à gestação e também o amparo necessário à menina. Ela acabou sendo seqüestrada pela assistente social e levada para a ONG Curumin para realizar o aborto sob a pressão de que corria risco de vida. Pai e mãe foram pressionados para aceitar tal fato e não permitiram acesso a vozes contrárias, pois se tratava de uma ótima oportunidade de comover o pais e tornar a opinião pública favorável ao aborto”.