Pensamentos soltos – na festa da Virgem de Fátima

Algumas linhas ligeiras: já passa da meia-noite, mas postergar a hora de se recolher é fazer o dia esticar um pouco mais, e o dia 13 de maio é bonito o suficiente para que mereça ser esticado. Dia de Nossa Senhora de Fátima; dia de Maria Santíssima.

Um dos tantos títulos da Virgem Santíssima! Por que tantos? Porque as grandezas da Virgem Santíssima são tantas que “não cabem” em um só. Na Anunciação, Ela é Virgo Fidelis; em Belém, é Mater Salvatoris. Aos pés da Cruz, é Mater Dolorosa; no Cenáculo, é Regina Apostolorum. Nas nossas doenças, é Salus Infirmorum; nas tristezas, Consolatrix Afflictorum. Quando pecamos – tantas, tantas vezes… ! -, é Refugium Peccatorum; em todas as nossas necessidades, Auxilium Christianorum. No Brasil, Nossa Senhora Aparecida; na França, Nossa Senhora de Lourdes. Em Portugal, Nossa Senhora de Fátima: e é esta a festa do 13 de maio, da Cova da Iria, dos três pastorinhos.

É fabulosa a aparição de Fátima: a Rainha dos Céus, mais brilhante que o Sol, aparecendo num lugarejo pobre de Portugal que, depois, transformou-se em um dos maiores santuários marianos do mundo. Aparecendo a três crianças pobres. Confiando-lhes segredos do Céu. Prometendo-lhes o Céu.

Gosto de pensar em Maria Santíssima como Mãe, uma Mãe de quem os filhos – crianças! – dependem completamente, e que pode dar-lhes mais até do que eles ousam sonhar. Não sei se Lúcia, Francisco e Jacinta tinham, antes de se encontrarem com a Virgem Santíssima, aquele desejo ardente do Céu que nós somos chamados a ter. Mas Ela lhes disse que eles iriam para o Céu: doces palavras, reconfortante promessa. Ainda mais depois da visão do Inferno. Ainda mais depois de saberem exatamente do que tinham escapado.

Eu também quero ir para o Céu, a despeito das minhas muitas falhas e dos meus numerosos pecados. E rogo a Deus sempre que me conserve e aumente a cada dia este santo desejo, esta consciência clara de que as melhores recompensas valem quaisquer esforços, e vale a pena lutar na terra para alcançar um dia o Céu. A despeito das minhas muitas falhas…

Gosto daquela oração à Virgem Santíssima que pus no blog, do lado direito. Poucas palavras: Recordare, Virgo mater, in conspectu Dei, ut loquaris pro nobis bona, et ut avertat indignationem suam a nobis. Arriscando traduzi-las: lembrai-Vos, Virgem Mãe, na presença de Deus, de falar coisas boas em nosso favor, e de afastar a Sua indignação de nós. E, olhando para mim, não consigo encontrar coisas boas, dignas de serem faladas na presença do Todo-Poderoso. Só Maria Santíssima é capaz deste portentoso milagre: arranjar coisas boas para falar em favor de um pecador miserável, de um verme desprezível. Porque Ela é Mãe, e as mães sabem falar bem dos seus filhos, por piores que sejam. É a minha esperança: que o amor materno de minha Mãe Santíssima seja maior do que as minhas falhas e imperfeições.

“E que afasteis de nós a indignação de Deus”: e que nos livre da condenação. Como rezamos todos os dias no terço: “livrai-nos do fogo do Inferno”. Como na Cova da Iria, como em Fátima, diante dos três pastorinhos, prometendo-lhes o Céu. Promessas de uma Rainha que é rica e poderosa, mas que – além disso – é Mãe e ama os Seus filhos. Eu também quero, ó Virgem Santíssima, ser contado no número dos que a Vós pertencem. A Vossa proteção recorro. Não desprezeis as minhas súplicas. Livrai-me de todos os perigos – ó Virgem Gloriosa e Bendita!

Feliz dia das mães!

Bem en passant: feliz dia das mães! Queria ter mais tempo para escrever mais e melhor sobre este dia tão importante; mas acho melhor ser limitado neste assunto ao qual, aliás, a limitação é inerente, do que passar o domingo de hoje em silêncio por não ter tido tempo para os arroubos retóricos dos quais gostaria.

No mês de maio – mês da Virgem Maria – é o dia das mães; no mês d’Aquela que é Mãe por excelência, nós parabenizamos as nossas próprias mães carnais, que nos deram a vida, nos carregaram em seu seio, nos nutriram e educaram e nos transformaram naquilo que somos hoje. No mês da nossa Mãe espiritual, nós nos lembramos também de nossas mães naturais; afinal, a graça pressupõe a natureza e Maria Santíssima não poderia ser a nossa Mãe Espiritual se não fossem as nossas mães carnais. Não teríamos como Mãe a Mãe de Deus se não tivéssemos como mãe a mãe que é nossa, e de quem nascemos para esta vida; não teríamos Mãe do Céu sem a nossa mãe da terra.

Vocação sublime, mistério insondável, dignidade altíssima que Deus concedeu à mulher: não nascem os filhos de Deus por meio das águas do Batismo se, antes, não nascerem eles de uma mãe carnal que lhes dê a vida natural e, ao mesmo tempo, a possibilidade da vida sobrenatural! Por meio dos filhos, os homens são chamados a colaborar com Deus na obra da criação, mas que papel espetacular que cabe à mãe nesta história: carregar o filho no ventre enquanto ele se forma, agasalhá-lo e amamentá-lo quando ele é pequeno e indefeso, educá-lo enquanto ele cresce e acompanhá-lo durante toda a sua vida; as marcas maternas são indeléveis. Obrigado, ó mãe, porque sem ti eu nada seria!

Que a Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa, e também – não nos esqueçamos – mãe de nossas mães, possa abençoá-las em profusão neste dia a elas dedicado; que cada mãe aqui na terra possa ter em si algo desta Mãe do Céu, que A lembre e que a Ela conduza. E que um dia possamos nos encontrar todos, Mãe do Céu e nossas mães da terra no Céu, a fim de vivermos plenamente a vida que – graças às nossas mães – apenas começamos a viver aqui na terra. Que Deus abençoe todas as mães!

Nossa Senhora da Conceição dos Militares

Eu lamento não ter fotos melhores – essas foram tiradas de celular, em um fim de  tarde quando, “por acaso”, eu passava diante da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, aqui em Recife, no centro da cidade. A igreja foi restaurada recentemente e é magnífica, mesmo não sendo tão imponente como outras igrejas grandes que nós temos na cidade.

Os púlpitos no alto, o altar-mor, os altares laterais, o teto pintado com uma grande imagem da Virgem, e um grande quadro retratando uma das batalhas entre católicos e protestantes – portugueses, negros e índios contra holandeses – da época da Colônia; Pernambuco um dia honrou a Fé trazida pelos portugueses.

Gosto de pensar nesta invocação da Virgem – Nossa Senhora da Conceição dos Militares – cuja origem eu não conheço. Gosto de imaginar a Virgem militante, general dos soldados de Cristo, avançando como a aurora, temível como um exército em ordem de batalha. Tu gloria Ierusalem, Tu laetitia Israel, como está gravado num dos púlpitos da igreja; a Rainha dos Céus, a preferida do Senhor dos Exércitos. Recorremos à Vossa proteção, Virgem Santíssima. Guardai-nos e defendei-nos. Sede em nosso favor. Livrai-nos dos perigos. Conduzi-nos ao Céu. Concedei-nos que Vos louvemos. Dai-nos virtude contra os Vossos inimigos.

O Silêncio da Virgem Maria

No Tríduo Pascal, sempre associo o Sábado Santo à Vigília. Se a Quinta-Feira é o dia da Ceia, a Sexta, o da Paixão, o Sábado de Aleluia é o da Ressurreição. Claro, a Vigília Pascal celebrada na noite do sábado – o quanto mais avançada para o Domingo, melhor – é sem dúvidas da mais alta importância: é a maior celebração da Igreja, a Grande Festa, a Vitória de Nosso Senhor sobre a morte, o Túmulo Vazio, a Ressurreição sem a qual – como diz o Apóstolo – seria vã a nossa Fé. Mas é também igualmente verdade que existem mais coisas no Sábado Santo além da Vigília Pascal, existe um tempo – um dia inteiro – entre a procissão do Senhor Morto de ontem à tarde e a Vigília que será celebrada logo mais à noite.

O sábado – todo sábado – é o dia dedicado a Nossa Senhora. Não sei se há relação com o Sábado Santo, mas é precisamente sobre a Virgem Santíssima que eu gostaria de falar um pouco hoje. Nosso Senhor “desceu à Mansão dos Mortos” antes de ressuscitar; a Virgem Maria, no entanto, ficou conosco.

Ficou conosco, como – ouso dizer – penhor da Ressurreição. É fácil acreditar no Cristo Glorioso, mas é difícil não se desesperar diante do Senhor Morto. A Virgem Maria não Se desesperou; ao contrário, manteve-Se firme, de pé. A Sua Fé não desfaleceu, por nenhum momento Ela duvidou. Se é-nos difícil manter a Fé olhando para a Cruz, olhando para o Túmulo, olhemos para esta Mulher que é uma Torre Inabalável! Se não temos a presença de Jesus hoje, acheguemo-nos à Sua Mãe Santíssima e, com Ela, esperemos a Ressurreição. O mundo talvez não suportasse a morte do Rei; por isso, Ele deixou a Rainha, como garantia de que iria voltar.

Poderia o mais perfeito dos filhos abandonar a mais sublime das mães? Decerto que não. Se, portanto, a Virgem cá ficou, poderíamos ter a certeza de que Ele voltaria. Ela nos fala d’Ele. Ela nos aponta para Ele. Ela só n’Ele existe. Se Ela ficou, então Ele, de alguma maneira, também ficou conosco. Ama-nos Ele tanto que não quis nos abandonar nem por um instante: mesmo quando desceu à frieza do Túmulo, quis ficar conosco em Sua Mãe Santíssima.

A lua, à noite, dá-nos a certeza de que as trevas não durarão para sempre; a lua, aliás, só ilumina na medida em que reflete a luz do sol, mesmo que o sol não possa ser visto. Neste Sábado Santo, vemos a luz de Cristo refletida em Maria Santíssima, e sabemos que as trevas da morte não irão durar para sempre, e a aurora há de chegar, a Ressurreição está às portas. Vendo Cristo refletido em Maria Santíssima, ainda que não O possamos ver – escondido por detrás da pedra do Túmulo -, sabemos que Ele com certeza ressurgirá. É a Virgem que nos dá esta garantia. Esta Sua serenidade, este silêncio, esta paz, esta Fé, não seriam possíveis se Ele estivesse irremediavelmente vencido. N’Ela, a Ressurreição de logo mais à noite se torna já visível, palpável…

E, no entanto, Ela guardou silêncio. Após a morte do Seu Filho, Ela era o que de mais santo havia na face da terra, era – ousemos ir mais longe – o que  restou de Graça ao mundo que lançou o filho de Deus à escuridão do Túmulo; mesmo assim, escondeu-Se. A Virgem, que por Si só era a prova da Vitória de Cristo no Domingo da Ressurreição, recolheu-Se ao silêncio, para mais Se assemelhar ao Seu Filho que então jazia no Sepulcro. No entanto, mesmo sem falar, Ela testemunhava Deus; e àqueles que se Lhe achegavam, concedia a graça da Fortaleza para bem atravessar estas terríveis horas – provavelmente as mais terríveis que o mundo já viveu – compreendidas entre a Cruz e a Ressurreição.

Também nós queremos nos achegar a esta Mulher; também n’Ela queremos depositar a nossa confiança e, contemplando-A, em muda admiração, convencermo-nos das coisas do Alto. Ó Maria Santíssima, Virgem do Silêncio, Vós que não desanimastes nem mesmo quando o Vosso Filho foi crucificado, morto e sepultado, ensina-nos a não desanimarmos. Concede-nos a graça necessária para, mesmo nas adversidades, mesmo contra toda a esperança, guardarmos a Fé. Vinde em nosso auxílio. Protegei-nos, velai por nós, guardai-nos e defendei-nos. Ó Virgem Mãe de Deus, rogai por nós!

Janua Coeli – In Annuntiatione Domini

Die 25 martii

In Annuntiatione Domini

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HONRAR A MÃE É HONRAR O FILHO

Confessar que Maria é mãe de Deus, é preservar a doutrina do Apóstolo São João que nos diz: “o que vimos e ouvimos vo-lo isso anunciamos” (1Jo 1, 3), fugindo de qualquer subterfúgio; é a pedra de toque com que detectamos as pretensões dos maus espíritos, do “Anticristo que entrou no mundo” (cf. 1Jo 4, 3). Essa confissão declara que Ele é Deus, implica que Ele é homem, sugere que Ele segue sendo Deus, mesmo se fazendo homem; e que é verdadeiro homem, mesmo sendo Deus.

Quando os hereges voltaram a surgir no século XVI, não encontraram tática mais certeira para seus perversos propósitos de destruir a fé verdadeira, ridicularizando e blasfemando contra as prerrogativas de Maria, pois tinham por certo que, se conseguissem que o mundo desonrasse a Mãe, disso se seguiria a desonra do Filho. A Igreja Católica e Satanás estavam de acordo com isso: o Filho e a Mãe estão intimamente ligados; a experiência de quatro séculos confirmou seus testemunhos, pois os católicos que honraram a Mãe seguem adorando o Filho, enquanto os protestantes, que deixaram de confessar o Filho, começaram a zombar da Mãe.

Percebe-se nesse exemplo a coerente harmonia que há na doutrina revelada, como uma verdade repercute sobre a outra. Exaltar Maria é honrar Jesus. Convinha que Maria, que era somente criatura – sendo a mais excelsa de todas – tivesse de levar a cabo a tarefa de instrumento. Como outros, Ela veio ao mundo para realizar uma obra; tinha uma missão a cumprir; possui a graça e a glória não por si mesma, mas por seu Criador. A Maria foi confiada a custódia da Encarnação. A tarefa lhe é encomendada: “Eis que uma Virgem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7, 14).

Quando estava na terra cuidou pessoalmente de seu Filho, levou-o em seu seio, abrigou-o com seus braços, alimentou-o em seu peito, agora também – até o último momento da vida da Igreja – seus privilégios e a devoção dirigida a Maria proclamam e definem a fé reta acerca de Jesus como Deus e como Homem. Uma igreja dedicada, um altar que se erige em seu nome, uma imagem, uma ladainha que a louva, uma Ave Maria que se reza, comunica-nos a memória d’Aquele que, sendo louvado desde a eternidade, “não desprezou as entranhas de uma Virgem”, para benefício dos pecadores. Por isso, como a Igreja a proclama, Maria é a Torre de Davi, é a defesa alta e poderosa do verdadeiro Rei de Israel; por isso, a Igreja diz também em uma antífona: “Só Ela destruiu [sozinha] todas as heresias no mundo inteiro”.

[…]

MARIA, PORTA DO CÉU

Maria é chamada Porta do Céu porque foi o caminho que o Senhor escolheu para do céu descer à terra. O profeta Ezequiel, profetizando sobre Maria, diz: “Este pórtico ficará fechado. Não se abrirá e ninguém entrará por ele, porque por ele entrou Iahweh, o Deus de Israel, pelo que permanecerá fechado. O Príncipe, contudo, se sentará aí” (Ex 44, 2-3).

Pois bem, isso se cumpriu, não porque Nosso Senhor tomou a carne de Maria tornando-se seu filho, e sim porque Ela ocupou um lugar na economia da Redenção; cumpriu no espírito e na vontade, como em seu corpo. Eva participou da queda do homem, sendo Adão quem nos representou e seu pecado nos fez pecadores. Foi Eva quem tomou a iniciativa e tentou Adão. A Escritura diz: “A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir discernimento. Tomou-lhe do fruto e comeu. Deu-o também a seu marido, que com ela estava, e ele comeu” (Gn 3, 6). Convinha, pois, à misericórdia de Deus que, como pela mulher começou a destruição do mundo, também fosse pela mulher que começasse a reconstrução; e como Eva abriu o caminho à obra fatal de Adão, também Maria abrisse o caminho à obra prima do segundo Adão, Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio salvar o mundo morrendo na Cruz. Por isso, Maria é chamada pelos Santos Padres, segunda e perfeita Eva, porque deu o primeiro passo na salvação da humanidade que Eva havia levado à ruína.

Como e quando tomou Maria parte inicial, na restauração do mundo? Quando o anjo Gabriel apareceu para lhe dar a conhecer a excelsa dignidade que ia ter. São Paulo diz: “que ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: esse é o vosso culto espiritual” (Rm 12, 1). Devemos não só rezar com os lábios, jejuar, fazer penitência exterior, ser castos em nossos corpos, mas também devemos ser obedientes e puros de espírito. Com respeito à Santíssima Virgem, foi desejo de Deus que aceitasse voluntariamente e com pleno conhecimento ser Mãe de Nosso Senhor, não que fosse um mero instrumento passivo cuja maternidade não teria mérito nem recompensa. Quanto mais altos são nossos dons, mais alta é nossa responsabilidade. Não foi uma carga leve estar tão intimamente próxima do Redentor dos homens e a Virgem a experimentou quando sofreu junto com Ele. Por isso, ponderando bem as palavras do anjo antes de dar uma resposta, primeiro perguntou se uma missão tão excelsa, suporia a perda da virgindade que Ela havia consagrado a Deus. Quando o anjo lhe respondeu que de nenhuma maneira, então, com o pleno consentimento de um coração cheio do amor de Deus, com humildade disse: “Eis a serva do Senhor; faça-se m mim segundo tua palavra” (Lc 1, 38). Com esse consentimento se converteu na Porta do Céu.

[Cardeal Newman, “Reflexões sobre a Virgem Santíssima”, pp. 19-21; 64-66. Editora Formatto, São Paulo, 2006]

Comentando um comentário

O sr. Nelson Gomes deixou um extenso comentário aqui ontem à noite, sobre assuntos os mais diversos, mas que podem ser resumidos à eterna lenga-lenga que os filhos de Lutero não cansam de vomitar contra os filhos de Deus. Cumpre dar algumas respostas – rápidas, mais verdadeiras – ao protestante.

Estudando a Babilônia verifiquei que as raízes de certas religioões são babilônicas. Uso de velas, imagens, ramos de vegetais, adoração à vários deuses (politeismo), inimizade com os monoteistas, comunicação com os mortos ( fazer petições a quem está morto).

A despeito de não dar nome aos bois (em atitude inclusive bem covarde, diga-se de passagem), o sr. Nelson provavelmente está se referindo à Igreja Católica. Contra isso, vale dizer que

  1. quanto às velas, os próprios judeus já as utilizavam;
  2. quanto às imagens, idem;
  3. quanto aos “ramos de vegetais”, não faço idéia do que ele esteja falando;
  4. quanto à “adoração à (sic) vários deuses”, a Igreja condena o paganismo e a veneração aos santos não se confunde com o politeísmo;
  5. quanto à “inimizade com os monoteistas”, tampouco faço idéia do que ele esteja falando;
  6. quanto à comunicação com os mortos, a necromancia é proibida pela igreja, mas não os pedidos de intercessão aos santos de Deus.

Note-se que são despejadas em profusão as montanhas de calúnias baratas, de insinuações maliciosas que, sem acusar diretamente (dada a impossibilidade de se sustentar honestamente as acusações diante dos fatos), servem no entanto de rótulo negativo (gratuito, é sempre bom frisar) à Igreja Católica já no começo do comentário, predispondo o leitor a olhar com antipatia para Ela. Mas não vou perder meu tempo na refutação destes ataques que já estão caducos de tão velhos, e cujas respostas podem ser facilmente encontradas à profusão por quem tiver boa vontade. Vamos ao resto do comentário do sr. Nelson.

Veja a imagem de JESUS na cruz ensanguentado. Você teria a imagem de um ser querido seu, de um filho, um pai, uma mãe, etc. numa situação dessas?. Será que DEUS gosta? Principalmente porque ELE proibiu imagens?

Sabe quem gosta de tal imagem? Quem gosta é o diabo. Esta imagem representa o momento agradável para o diabo. quando ele viu o FILHO DE DEUS sendo humilhado e torturado numa cruz.

Já comentei aqui em outra ocasião sobre a repulsa à Cruz de Cristo. Vale, no entanto, lembrar mais uma vez que nós, católicos, “pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos – quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1, 23-24). Vale também lembrar que a Cruz de Cristo é a nossa Glória e, à semelhança do Apóstolo, cada católico sempre se esforça para dizer também: “não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14). A Cruz é o Trono de Cristo, é a Sua – e nossa! – vitória sobre o pecado e sobre a morte. O diabo tem horror à Cruz. Não é de se espantar, portanto, que os seus filhos também não suportem a imagem de Cristo Crucificado.

Nós evangélicos sabemos que JESUS está vivo e que todo poder, toda honra e toda glória foram entregues a ELE por seu PAI.

Nós, católicos, também sabemos isso, e sabemos mais e melhor do que estes que se dizem “evangélicos” mas não seguem o Evangelho de Nosso Senhor.

Por isso damos a ELE a glória merecida

Mentira, não dão. Os protestantes não têm a Santa Missa e, portanto, não oferecem a Deus o Sacrifício Perfeito do qual Ele é digno.

Não damos glórias as criaturas.

E, por isso, afastam-se de Nosso Senhor, que disse a Deus Pai: “Neles [nos Apóstolos] sou glorificado. (…) Dei-lhes a glória que me deste” (Jo 17, 10. 22). A glória dada aos santos – obras de Deus – redunda na glória a Deus, Autor das obras, em Quem os santos são santos. Na verdade, os protestantes “desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja recompensada, e não acreditam na glorificação das almas puras” (Sb 2, 22).

Não adoramos Maria mãe de JESUS, ela é santa, irá morar com DEUS.

Maria é Santíssima e já mora com Deus, de Quem Ela nunca Se separou.

E nós também não adoramos Maria, óbvio. Nós A veneramos.

Mentem quem diz que não amamos a Maria. Ela é nossa irmão e iremos morar com a mesma quando JESUS CRISTO vier buscar os salvos que desprezaram a idolatria e os costumes pagãos.

Aqui, está uma das maiores e mais perniciosas mentiras dos filhos de Satanás. Dizem eles que amam a Maria; acontece que se recusam a manifestar-Lhe este seu “amor”.

A Virgem Santíssima disse: “desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 48b). Os ditos “evangélicos” recusam-se a proclamar a bem-aventurança de Maria Santíssima, e isso é ofendê-La, pois é negar-Lhe algo que Lhe compete por direito.

A ofensa direta não é a única ofensa possível. A indiferença também é ofensa. Se tratarmos a nossa mãe, por exemplo, como tratamos qualquer outra mulher, isso é ofensivo à nossa mãe, porque ela merece ser honrada pelos seus filhos. Se chegarmos diante de uma rainha ou outra autoridade terrena qualquer e agirmos como se ela não estivesse presente, como se ela fosse “qualquer mulher”, isso também é ofendê-La. Se, diante de nossa mãe natural ou de alguma autoridade terrestre, não ousaríamos negar-lhes aquilo que lhes compete por direito, como poderemos negar à Mãe de Deus e nossa também, à Rainha dos Céus e da Terra, a veneração à qual Ela tem direito, a honra da qual Ela é digna? Como alguém pode tratar com uma solene indiferença (que esconde um secreto desprezo) a Virgem Santíssima e, mesmo assim, abrir a boca para dizer que não A ofende e, ao contrário, ama-A?

Todos os protestantes, todos, sem exceção, ofendem a Virgem Santíssima, ofendem a Mãe de Deus e, por conseguinte, ofendem o próprio Deus. Por mais que eles neguem e por mais que digam que A amam – não amam, porque as suas atitudes [e sua falta de atitudes] demonstram exatamente o contrário. Que eles abram os olhos enquanto é tempo; quanto a nós, católicos, continuemos cantando as glórias de Maria Santíssima, a fim de que Deus seja glorificado em Sua Mãe Imaculada, a fim de que os pecadores se convertam, e a fim de que eles e nós – permita-o Deus! – alcancemos um dia a bem-aventurança do convívio dos Santos na Eternidade.

“Novidades” Litúrgicas

ZENIT nos traz uma notícia muito animadora: segundo o Cerimoniário Pontifício, estão previstas algumas novidades nas celebrações litúrgicas presididas pelo Sumo Pontífice. No entanto, e graças a Deus, não estamos falando de rerum novarum, e sim de rerum vetarum… o próprio Monsenhor Marini o afirma taxativamente: “não se trata de fazer coisas novas, mas de fazer as coisas de forma nova”.

Uma delas, é a colocação de uma escultura da Virgem Maria com o Menino Jesus “junto ao altar da confissão desde a noite do dia 24 até o dia da Epifania, e não só na Solenidade da Santíssima Mãe de Deus”. O Natal é um tempo mariano por excelência – julgo excelente que se enfatize, então, na Liturgia o papel singularíssimo da Virgem. Maria é a Porta do CéuJanua Coeli -, por meio de Quem o Céu desce até nós. É por meio d’Ela que recebemos o Deus-Menino que no Natal festejamos – nada mais justo, então, que os fiéis sejam levados a contemplar e adorar o “Deus envolto em faixas” nos braços da Sua Mãe Santíssima, de quem O recebemos.

Será também eliminado “o tradicional rito de oferenda de flores das crianças em representação dos diversos continentes” após o Glória – as flores serão oferecidas somente “quando o [p]ontífice se aproximar do presépio para colocar a imagem do Menino Jesus”, ou seja, após a Missa. O Santo Padre está colocando ordem na casa, dando ênfase naquilo que é digno de ênfase (a escultura da Virgem Maria) e expurgando os elementos estranhos à Liturgia (as oferendas de flores) e que não ajudam os fiéis a penetrarem no Mistério do Sacrifício de Cristo tornado presente no altar da Santa Missa.

Mas a melhor parte da notícia foi saber que o Papa celebrará de novo “de costas para o povo” – de frente para Deus! – na Capela Sistina, por ocasião da festa do Batismo do Senhor:

«Celebrar-se-á. novamente no antigo altar para não alterar a beleza e harmonia desta jóia arquitetônica, preservando sua estrutura desde o ponto de vista celebrativo, e usando uma possibilidade contemplada pela normativa litúrgica.»

«Isso supõe que o Papa em alguns momentos, junto com os fiéis, se voltará para o Crucifixo, sublinhando também assim a orientação correta da celebração eucarística: a orientação ao Senhor.»

A orientação correta da celebração eucarística! Não se trata materialmente do versus Deum (posto que, senão, o versus populum seria “incorreto”, o que é absurdo), mas da orientação ao Senhor que o versus Deum expressa com grande e incontestável eloqüência. Deus abençoe o Santo Padre! E permita que ele continue corajosamente a trabalhar – sem medo dos lobos – pela exaltação da Santa Igreja de Deus.

Mensagem de Natal

[Publicação original: Deus lo Vult! v. 1.0]

E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria“. (Lc 2,7)

hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor“. (Lc 2,11)

É noite de alegria. Porque, no meio da escuridão, uma Luz resplandeceu. No meio das Trevas, uma Luz brilhou, e todos A vieram contemplar.

O Menino Deus nasceu à noite, porque é na noite que precisamos da luz. Nasceu à noite, para ensinar que era noite na humanidade; uma noite longa que se arrastava por séculos. Era noite desde o pecado de Adão. Todo o mundo jazia no maligno.

Mas uma Luz resplandeceu em meio às Trevas. Na noite de Belém, nos nasceu um Salvador. E aquela Luz brilhou tão forte nas trevas do pecado, que todos A perceberam. Os Reis Magos A perceberam, e vieram adorá-La. Herodes A percebeu, e tentou apagá-La. Porque, em meio às Trevas, é impossível não notar uma Luz resplandecente. Os filhos da Luz buscam-Na e sentem-se à vontade junto a Ela; os filhos das Trevas d’Ela fogem horrorizados, pois têm vergonha das suas obras ímpias, que realizam na escuridão. A Luz atrai os bons e afugenta os maus. Por isso, o Deus Menino nascido em Belém estava destinado a ser um sinal de contradição, como profetizou o velho Simeão.

Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições (Lc 2,34)

O Cristo Deus, Unigênito do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro do Deus Verdadeiro, veio ao mundo destinado a ser uma causa de queda para muitos. Causa de queda para os que preferissem as Trevas à Luz. Causa de queda para os que, como Herodes, quisessem apagar essa Luz para continuar a viver nas Trevas.

E, neste Natal, somos como os Reis Magos, ou somos como Herodes? Procuramos ao Deus Menino para oferecer-Lhe o melhor que temos, ou fugimos d’Ele e O queremos matar, justamente para que não nos desfaçamos de nossos vícios que nos são tão caros? Desejamos que o Cristo nasça? Ou queremos que Ele não venha, para que possamos viver ainda um pouco mais nas Trevas, ainda um pouco mais no pecado, sem que nossas torpezas sejam postas a descoberto?

Se eu tivesse que escolher, diria que estamos muito mais para Herodes do que para os Reis Magos. Mas eu proponho uma terceira opção: neste Natal, nós somos como as construções, a cujas portas bateram Santa Maria e São José. Construções suntuosas como palácios, ricas demais para perceberem que lhes falta a maior das riquezas. Aconchegantes como hospedarias, animadas demais para perceberem Alguém que precisa de um pouco de atenção. Familiares, como casas, mas fechadas demais sobre si próprias para abrirem a porta a uma Mulher grávida e Seu marido. Ou indignas demais, como estrebarias, inadequadas para receber um Rei.

Mas não importa que construção nós sejamos, não importa se somos palácios ou hospedarias, casas ou estrebarias. Importa que estejamos com Maria. Porque, em Belém, de todas aquelas construções, somente uma teve a honra de abrigar o Filho de Deus feito Homem: aquela na qual se encontrava a Virgem Santa. Que assim seja também conosco. Neste Natal, como naquele primeiro, o Menino Deus só nasce naquelas almas que não negam hospedagem a Maria Santíssima. Procuremos, pois, abrir as portas de nossa alma a essa Boa Senhora, e Ela, em troca, abrirá para nós as portas do Céu e nos trará Jesus Menino, Luz que resplandece nas trevas, Senhor Nosso e Nosso Salvador.

Um feliz e santo Natal a todos.

Assuntos diversos

Foi criada a CPI do aborto! De acordo com a notícia veiculada por G1, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, assinou terça-feira (08) a criação da CPI que “investigará o comércio de substâncias abortivas e a prática de aborto”. Já não era sem tempo;  desde fevereiro que se fala nisso. Rezemos para que o crime seja combatido, e o assassinato de crianças inocentes não seja tratado pela sociedade com indiferença e impunidade.

No Senado, o sen. Gerson Camata “criticou em Plenário a edição de uma cartilha, pelo Ministério da Saúde, intitulada “O álcool e outras drogas alteram seus sentidos, mas não afetam seus direitos no serviço de saúde”, com orientações para o consumo de maconha, crack, cocaína e ecstasy”. A política criminosa de “redução de danos” está ganhando força no Brasil; questiona o senador – muito apropriadamente – “se é lícito usar dinheiro público para ensinar a usar cocaína, crack, maconha”. Um mínimo de bom senso e uma lufada de ar fresco contra os descalabros feitos pelo Ministério do Ataúde – que, ao parecer, só se preocupa em gastar dinheiro financiando  caravanas abortistas Brasil afora, incentivando a depravação das crianças nas escolas públicas, custeando cirurgias mutiladoras para “transexuais” e, agora, ensinando os cidadãos a usarem drogas, enquanto o povo brasileiro sofre com o precário serviço de saúde oferecido pelo Governo.

Frei Betto traz uma “nova versão” do Pai Nosso; ele deve pensar que Nosso Senhor não teve competência para ensinar os discípulos a rezarem como devia, ou deve ter se esquecido daquela passagem bíblica onde Jesus fala que as Suas palavras não passarão jamais. A caricatura blasfema da oração dos filhos de Deus só revela o quanto está perdido o frade (?) dominicano. Que Deus tenha misericórdia dele.

– Ainda falando em blasfêmia, rezemos fortemente em desagravo pelo que fizeram no México: uma modelo como a Virgem Maria na capa da Playboy (!!!). Nem encontro palavras para exprimir o horror diante do horrendo sacrilégio. Que Nosso Senhor tenha misericórdia de nós todos, e a Virgem Santíssima possa aplacar a ira do Todo-Poderoso.

– O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez – que vetou recentemente a lei pró-aborto aprovada pelo Senado do seu país – desvinculou-se do partido socialista ao qual pertencia. Parabéns, mais uma vez, ao político que mostra coerência de vida e intransigência nos valores fundamentais. Aqui, no Brasil, quantas pessoas seriam capazes de fazer isso? Quantos “católicos” vivem em promíscua relação com o partido abortista que hoje governa o país?

O calendário do Vaticano que mostrava algumas fotos de jovens e bonitos padres, e que provocou uma enorme discussão em diversos lugares da internet uns dias atrás, era um hoax! De acordo com este site, eram modelos vestidos de padres, e não sacerdotes verdadeiros. Graças a Deus.