A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir. A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara.
Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.
Desde o início do mundo o Senhor pôs inimizade entre os descendentes da Mulher e os descendentes da Serpente. Há, portanto, uma batalha na História entre aqueles que são fiéis ao Deus Verdadeiro e aqueles que, ao contrário, servem a Satanás. Este exército do príncipe das Trevas conta, entre outros, com os batalhões daqueles que gostam de se dizer cristãos sem, no entanto, fazerem o que Nosso Senhor pede. E em poucas coisas os protestantes revelam tanto fazer a vontade de Satanás quanto no ódio que vomitam sobre a Bem-Aventurada Mãe de Deus.
O paralelismo entre as passagens bíblicas é claro. No Gênesis, diz o Altíssimo à Serpente: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela” (Gn 3, 15a). No Apocalipse, vemos a Serpente que “se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência” (Ap 12, 17a). E esta Mulher é a Virgem Santíssima, e os descendentes d’Ela – os filhos de Nossa Senhora – são “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12, 17b).
Há porventura algum exagero em dizer que os protestantes fazem a vontade de Satanás? Não é vontade do Príncipe deste Mundo impedir que Nosso Senhor seja louvado e glorificado? E não é a própria Bíblia que nos ensina a louvar primeiro a Virgem Santíssima – “Bendita és tu entre as mulheres!” – para, em seguida, louvar a Nosso Senhor – “e bendito é o fruto do Teu ventre”? E não é o próprio Espírito Santo que, pela boca de Santa Isabel, chama a Virgem Santíssima de “Mãe do meu Senhor”? E não foi um próprio Anjo mensageiro do Altíssimo – portador de uma mensagem do próprio Deus, portanto – quem prostrou-se diante da Virgem Maria e A saudou, dizendo Ave, Gratia Plena – “Salve, cheia de Graça”?
Cheia de Graça! Havia porventura Graça no mundo antes do Verbo fazer-Se Carne? Era por acaso possível encontrar Graça quando o mundo ainda jazia sob o pecado? A religião judaica, com seus sacrifícios de touros e carneiros, acaso podia tirar pecados?
Como é então possível que o próprio Deus diga, por intermédio de um anjo, a uma Virgem que Ela era “cheia de Graça”? Quem é esta extraordinária Mulher que, no meio das trevas do pecado que envolviam o mundo inteiro, refulge repleta da Graça de Deus antes mesmo da Encarnação do Filho de Deus?
Esta Mulher é a Virgem Mãe de Deus, Santíssima e Imaculada desde a Sua Conceição, preparada com esmero pelo Todo-Poderoso para ser a Mãe do Seu Divino Filho. Esta Mulher é a criatura que Deus quis colocar acima de todas as criaturas. Esta é a Mulher para a Qual o Todo-Poderoso abriu uma exceção e, em previsão dos méritos de Cristo, permitiu que Ela não estivesse em nenhum instante sob a mácula do Pecado Original. Esta é, portanto, a Mulher em Quem havia Graça – e que era e sempre foi “cheia de Graça” – antes mesmo de Deus vir ao mundo.
É natural, portanto, que Satanás nutra um particular ódio por esta Mulher (a Quem a Tradição da Igreja sempre chamou, entre outros títulos, de “inimiga de todas as heresias” e também “Aquela que venceu sozinha todas as heresias do mundo inteiro”). E é portanto natural que os filhos dele, em obediência à vontade do seu pai, persigam esta Mulher e tomem parte na guerra que o Demônio trava contra os filhos de Deus e da Virgem Imaculada. E, entre as batalhas desta guerra, uma em particular ganhou uma triste notoriedade nos últimos dias.
Trata-se de uma “ação evangélica” no estado do Espírito Santo: Convenção Batista vai trazer Projeto Tenda da Esperança, que evangeliza em eventos de devoção à Maria, na festa de Nossa Senhora da Penha que se celebra no próximo dia 02 de maio. É extrema a petulância e terrível a agressão: como assim, “evangelizar”? Acaso os hereges batistas acham que a própria festa da Virgem Maria não é, por si só, evangelização suficiente? E por acaso os hereges vão colaborar com as festividades em honra da Mãe de Deus ou, ao contrário, vão envidar esforços para arrancar os católicos descuidados do regaço protetor da Virgem Maria, para levá-los aos galpões de suas seitas afastando-os, assim, da Igreja Verdadeira?
O que os hereges inimigos da Mãe de Deus estão fazendo em um evento que tem por objetivo honrar a Virgem Santíssima? Não pode ser senão para semear a cizânia entre o povo de Deus. Não pode ser senão para vomitar o seu ódio mal-disfarçado à Virgem Maria. Não pode ser senão para tentar obscurecer, com a fumaça de enxofre obtida nos quintos dos Infernos, a glória e o esplendor do cumprimento daquela profecia evangélica segundo a qual todas as gerações haverão de proclamar as bem-aventuranças de Maria Santíssima.
Rejeitamos esta “ação evangélica”, que é na verdade ação protestante mal-disfarçada e que, de evangélica, não tem nada. Rejeitamos esta “colaboração” dos nossos “irmãos separados” que, a pretexto de evangelizar, querem arrebanhar fiéis católicos para os seus erros e heresias. Rejeitamos este flagrante desrespeito à Fé Católica e Apostólica que os hereges inimigos da Igreja pretendem realizar na Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.
Por fim, gostaria de destacar as palavras do teólogo Vitor Nunes Rosa, que eu não conheço, mas que fez uma pequena (e, surpreendentemente, boa) análise do fato n’A Gazeta:
Uma denominação evangélica aproveitar a festa religiosa católica de Nossa Senhora da Penha para promover uma “campanha de evangelização” tem três aspectos fundamentais: primeiro, evidencia fragilidade dos promotores de tal empreendimento, pois estão aproveitando a extraordinária capacidade de mobilização da Igreja Católica; segundo, é uma atitude deselegante, que contraria os princípios cristãos do respeito ao próximo. Ora, a Igreja Católica está evangelizando, e a realização de algo com o intuito de retirar pessoas desse processo transcende as finalidades do anúncio do Evangelho, constituindo mais uma investida contra uma instituição religiosa e suas crenças do que uma ação cristã. Sugiro que tais forças sejam canalizadas em favor de pessoas sob o domínio das drogas, da prostituição e outras situações que afrontam a dignidade. Terceiro, destaco que há a questão constitucional que garante a liberdade de culto e a convivência pacífica entre os segmentos religiosos. Inserir-se no movimento da Festa da Penha dessa forma constitui manifesta afronta à liberdade de crença e de culto, além de caracterizar uma “guerra por fiéis”, algo totalmente indesejado no Estado Democrático de Direito e no contexto de busca da unidade dos cristãos.
Que o Deus Todo-Poderoso possa compadecer-Se destes que ofendem a Sua Mãe Santíssima e que, nisso, fazem a vontade de Satanás. E que a Virgem Mãe de Deus possa interceder por aqueles que vivem nas trevas do erro, reconduzindo-os à Verdadeira e Única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.